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Optimus Alive! 2010 – Dia 3

O dia da lotação esgotada.

Nunca um festival de Verão em Portugal tinha tido tanta procura para um dia até agora. Os responsáveis? Pearl Jam e os LCD Soundsystem (os primeiros foram os principais responsáveis mas não menosprezemos por completo o poder de mobilização do senhor James Murphy e companhia se faz favor!). À entrada do recinto, junto dos pontos de controlo, facilmente se encontravam pessoas segurando um papel, onde pediam um ou mais bilhetes. Já dizia o outro: a esperança é a última a morrer, se bem que naquelas situações penso que tenha perecido à entrada do Passeio Marítimo de Algés.

Os bons hábitos são para se manter e assim sendo, a primeira visita foi novamente no Palco Super Bock. Os Girls tinham terminado a sua actuação e na humilde opinião deste escriba tocaram cedo de mais. São uma banda no mínimo interessante e mereciam mais público e um horário mais tardio. Enfim… ficará para uma próxima oportunidade.

No mesmo palco seguiu-se a primeira e única banda nacional a actuar nesse espaço durante todo o festival. Os Sean Riley & The Slowriders são daquelas bandas que dão garantias absolutas de um bom concerto. Não o sabem fazer de outra forma. A confirmar isto, a excelente moldura humana que marcava presença na tenda do Palco Super Bock para ouvir e apreciar o rock pincelado a folk da banda de Coimbra. Infelizmente não deu para ficar até ao final do concerto (Noiserv tocava no Palco Optimus Clubbing às 18h30) mas segundo rezam as crónicas o excelente nível que apresentaram até ao momento da minha saída manteve-se até ao final e a despedida foi feita sob uma chuva de aplausos.

Para quem não conhece: Noiserv é o projecto musical de David Santos, um dos mais promissores músicos nacionais de uma nova geração que tem emergido. O pretexto da actuação era a apresentação no novo EP, editado pela Optimus Discos. Foi um concerto curto (muito curto mesmo!) e com alguns problemas técnicos, que o próprio David fez questão de referir durante a actuação. Estes factores acabaram funcionando contra Noiserv que não pôde explanar a óptima música de que é autor. Fica a sugestão: se ainda não tiveram oportunidade de ver um concerto de Noiserv, não deixem de o fazer! É que o do passado Sábado de tão curtinho que foi, mais se assemelhou a um showcase.

A caminhada que se seguiu levou-me novamente ao Palco Super Bock. Aí iriam tocar os suecos Miike Snow, porém a viagem levava-me para o backstage onde os The Big Pink aguardavam para uma entrevista. Finda a entrevista fiquei por ali para ver como se sairiam em palco. Esperava mais, confesso. Um concerto com muito pouca chama e desenxabido. Julgo que não fui o único presente a ficar com a mesma sensação. Talvez da minha parte a desilusão tenha sido maior porque tinha estado à conversa com Robbie Furze e Milo Cordell e por aquelas bandas, a motivação e vontade de subir ao palco era muita. Melhores dias virão!

Ao contrário dos dias anteriores, a caminhada para o Palco Optimus teve lugar um pouco mais cedo do que vinha sendo habitual; ou não se lembram que era o dia da enchente?

A massa humana presente no Palco Optimus para ver os Gogol Bordello era já imensa por esta altura ou não fossem os Pearl Jam tocar a seguir. A banda de Eugene Hütz trouxe o seu punk cigano e fez aquilo que melhor sabe fazer: festa de arromba! Tal como na edição de 2008, instalaram um caos festivo entre toda a assistência. O pessoal presente agradeceu!

O grande momento da noite aproximava-se. A romaria em direcção ao Palco Optimus era já de perder de vista. Aparecia gente de todas as direcções, com um único destino. Todos tentavam arranjar o melhor local possível para assistir ao regresso dos Pearl Jam ao Passeio Marítimo de Algés, depois do concerto na primeira edição do festival.

O concerto dos Pearl Jam ficará na memória de todos os que lá estiveram. Isto é uma certeza. Não que tenha sido o melhor tocado. Não deve ter sido. Foi memorável porque os Pearl Jam têm uma relação com este país que é difícil explicar (pelo menos por palavras).

Foi memorável porque foi uma jura de amor em 24 actos, que começou ao som de «Release» e terminou com «Yellow Ledbetter». Foi memorável porque Eddie Vedder voltou a pegar numa folha e a ler num português esforçado: “Obrigado por virem ao nosso último show. Não último de sempre, mas último em muito tempo”.

De seguida a banda embalou de vez para uma prestação intensa que não deixou niguém indiferente… Se Eddie Vedder quisesse, nem precisaria de cantar. A plateia encarregar-se-ia disso por ele de muito bom grado (facto amplamente referido ao longo do concerto: “You guys are the best singing crowd in the world!”). «Wishlist», «Better Man», «Even Flow», «Given To Fly» ou «Daughter» (só para referir alguns dos temas que fizeram parte do alinhamento) foram momentos arrepiantes. Arrepiantes porque a comunhão entre o público e banda foi plena, pura e sincera e, quando assim é as palavras tendem a faltar para descrever com exactidão e objectividade aquilo que se presenciou.

Os senhores que se seguiram foram os grandes, os enormes LCD Soundsystem com James Murphy à frente do leme. Infelizmente os LCD Soundsystem sofreram um pouco por tocar após os Pearl Jam. Houve debandada geral e viram a sua actuação um pouco retardada. No entanto, os resistentes não ficaram de mãos a abanar. Se calhar abanaram-nas foi por pouco tempo. A actuação teve o selo de qualidade dos LCD mas pecou por curta. Não deixa de ser impressionante a qualidade que pode ser condensada numa hora de concerto: «Us VS Them», «Daft Punk Is Playing at My House», «All My Friends», «Drunk Girls», «North American Scum», «Time to Get Away» e um delicioso «Yeah» a encerrar. A boa notícia surgiu já perto do final com James Murphy prometer um regresso lá mais para o final do ano. Aguardamos ansiosamente!

O balanço do festival acabou por ser francamente positivo e o regresso já está marcado para o mesmo sítio nos dias 7, 8 e 9 de Julho de 2011. Até lá resta-nos saborear as boas recordações deixadas pela edição deste ano.



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