Optimus Alive! 2010, 9 de Julho
O menos concorrido dos três dias.
Analisando o cartaz, o segundo dia de Optimus Alive! seria, à partida, o menos concorrido. Assim foi. Não quer isto dizer que não tenha havido qualidade. Longe disso. Quantidade e qualidade não têm obrigatoriamente de andar lado a lado.
O dia de concertos começou mais tarde por motivos de força maior. Para não variar, o início foi no Palco Super Bock ao som dos The Maccabees. A origem do nome da banda é curiosa: Os Maccabees eram um exército rebelde judeu que tomou conta de algumas partes de Israel há mais de 2 milhares de anos. Não se pode dizer que o quinteto inglês tenha tomado de assalto o palco mas ofereceu aquele tipo de concerto perfeito para quem está a dar início a mais uma jornada festivaleira. Com uma boa presença em palco, comunicativos e espantados com a recepção calorosa com que foram presenteados pelo público. Orlando Weeks, o vocalista da banda, não deixou de referir que este foi, de longe, o melhor concerto que deram em terras lusas. No final do ano passado tinham feito a primeira parte de Editors, no Campo Pequeno, se a memória não me falha.
Os New Young Pony Club também não são estreantes no nosso país. Desta vez vieram tocar um pouco mais a sul depois da estreia no Festival Paredes de Coura. O concerto teve um início algo titubeante devido a alguns problemas técnicos. Enquanto os ditos não eram solucionados coube a Tahita Bulmer, a vocalista com o seu fato de “guerra” bem curto, justo e com linhas extremamente provocadoras, entreter o povo. Convenhamos que o som dos New Young Pony Club não é um som que maravilhe e nos deixe agarrados mas também não é para desprezar. Longe disso. Os primeiro acordes metem, no mínimo, o pé a bater. Depois segue-se a perna e, quase sem se dar por isso o corpo está a dançar. Oiçam «Ice Cream» e julguem por vocês. A festa foi grande no Palco Super Bock, já na recta final do concerto com «The Bomb», do álbum “Fantastic Playroom”.
Ainda o concerto de New Young Pony Club estava para começar e já Beth Ditto marcava presença na zona de acesso ao backstage, onde confraternizava com quem quer passasse por ali. Tudo serviu para ser autografado. A simpatia e paciência de Beth Ditto impressionaram. Esteve cerca de 20 minutos a distribuir a sua boa-disposição e não tivesse um concerto daí a pouco tempo e por ali ficava outros 20 minutos na amena cavaqueira.
Com o aproximar da hora dos Gossip subirem ao palco, o síndrome da sardinha em lata que tinha marcado presença na noite anterior começou a dar um ar de sua graça. Aos primeiros acordes de «Standing In The Way Of Control», andar pela zona do Palco Super Bock era uma tarefa herculeana. Já andar na tenda era mesmo uma tarefa impossível. O concerto de Ditto foi exactamente aquilo que todos esperavam, levando a assistência ao delírio. A mobilidade e energia daquela senhora é impressionante! A música dos Gossip é contagiante. É um facto. Têm grandes músicas. Outro facto. Mas não consigo deixar de sentir que quem já viu os Gossip anteriormente, sente que eles podiam fazer algo mais. Houve partes do concerto em que não conseguia deixar de pensar que o som pouco ou nada tinha mudado. A qualidade da prestação dos Gossip é, no entanto, inquestionável. O título de concerto da noite no Palco Super Bock ficou de imediato ali entregue. Ninguém poderia fazer melhor. Nota interessante do concerto foram as incursões feitas por temas alheios. Houve «What’s Love Got to do With It» de Tina Turner (a voz de Ditto encaixou de forma perfeita no tema). Houve também passagens por «One More Time» dos Daft Punk e «I Will Always Love You» da Whitney Houston (sim, é verdade!). Os Gossip voltarão. Não duvidem disso nem por um momento!
Seguiu-se uma caminhada para o Palco Optimus. Os Skunk Anansie já tocavam por lá e tomou-se a decisão de ir espreitar. Confesso que fico de pé atrás com reuniões de bandas. Muitas são um verdadeiro tiro pela culatra. Os Skunk Anasie parecem isso mesmo. A banda está lá. A Skin esforça-se. Mas… falta algo. Não há aquela chama de outros tempos. Perdoem-me os fãs, mas não deixaram saudades.
Para o final ficaram os Deftones. A banda de Sacramento foi uma referência para muita gente ali presente, eu incluído. Não era por acaso que se sentia um misto de apreensão e impaciência no ar enquanto se aguardava pela entrada da banda, um pouco retardada devido a problemas com o voo de ligação, como o próprio Chino Moreno (muito mas mesmo muito mais magro!) fez questão de explicar. Se existiam dúvidas quanto à forma da banda e em especial de Chino Moreno, elas foram imediatamente dissipadas com a entrada em palco ao som da «Head Up» e da «My Own Summer (Shove It)», coladinhas e sem interrupção. Demolidor. O alinhamento foi perfeito e demonstrativo de uma banda adulta, que recuperou a confiança após um período menos bom da sua carreira e que agora se está a erguer novamente, com perfeita consciência do lugar que ocupa. O novo álbum marcou presença nas doses certas, dando espaço para que os temas do “Adrenaline”, do “Around The Fur” e do “White Pony” mostrassem toda a sua pujança e saciassem um público sedento. A sequência final arrepiou de tão perfeita que foi. «Change (In The House of Flies)», «Passenger» (impressionante como Moreno conseguiu fazer esquecer a voz de alguém tão incontronável como Maynard James Keenan), «Back to School» e, para fechar com chave de ouro um concerto pleno de alma e entrega… «7 Words» (com dedicatória a Chi Cheng). Não houve regresso ao palco mas quase se sentia no ar a satisfação pelo que se tinha passado ali junto ao Tejo.
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