Optimus Alive 2011 – Dia 4
Sexo, drogas e rock’n’roll.
Último dia de Optimus Alive. Por esta altura a cabeça dá início ao balanço do que teve lugar até aí e esse balanço é indubitavelmente positivo. Com excepção do incidente do terceiro dia, que levou ao cancelamento de três concertos, não faltaram óptimos momentos e ainda há um quarto dia pela frente. Óptimas perspectivas, por isso!
WU LYF. São uma das mais recentes coqueluches da cena indie. A presença assídua na maioria dos festivais de Verão e referência constante em publicações e guias de festivais são disso reflexo. A reforçar esta ideia estava também o facto de a banda não ter nenhum álbum lançado. Por estes motivos a curiosidade de ver este quarteto inglês ao vivo era bastante elevada. Na prática o resultado é realmente interessante mas leva-me a pensar que o hype talvez seja um pouco exagerado (coisas da imprensa inglesa talvez…). Há uma sonoridade interessante e uma identidade já com alguma definição por ali, não se enganem, mas por agora ainda não passam de uma banda simpática com um indie rock devidamente pincelado pelo pop, ou não fossem ingleses. É esperar para ver…
Linda Martini. A primeira nota de destaque foi o número de pessoas presentes para os ver. Os Linda Martini já conseguem arrastar uma considerável massa humana atrás de si, resultado de um culto fiel e de dois álbuns e um EP de qualidade reconhecida. A alegria de ali estar a partilhar aquele momento com todos nós era visível nos rostos de André Henriques, Cláudia Guerreiro, Hélio Morais (mestre de cerimónias e com um confiança impressionante na bateria) e Pedro Geraldes. Infelizmente tiveram o som contra si ao longo de toda a actuação. Este factor acabou por prejudicar uma prestação que, independentemente disso, foi plena de entrega. «Amor Combate» continua a ser um hino mas agora há mais para cantar em conjunto. «Mulher-a-dias», por exemplo.
Foals. A banda de Oxford estava no saco de bandas que ia estar presente no Alive mas que, por algum motivo, não me convenciam em disco. “Total Life Forever” passou um pouco ao lado por aqui, porém estes rapazes provaram em palco que merecem outra oportunidade. Excelente concerto. Ao vivo a banda revelou-se confiante e as suas músicas assentaram na perfeição naquele final de tarde. Os próprios Foals ficaram agradavelmente surpreendidos com a recepção de que foram “vítimas”. De tal forma que Yannis Philippakis, o vocalista, foi apanhado desprevenido quando o concerto estava a terminar e ainda se preparava para arrancar para mais uma canção. Foi a desilusão generalizada. Regressarão em breve!
TV On The Radio. Já são repetentes no Alive mas se cada regresso for como este então repitam-no as vezes que quiserem. A banda norte-americana sofreu este ano uma grande perda com a morte do baixista Gerard Smith e eventualmente seria de esperar algum tipo de homenagem. E que melhor homenagem se pode prestar do que honrar a sua memória em palco com uma entrega absoluta? A simbiose entre a banda e o público foi perfeita e teve o seu expoente máximo quando «Wolf Like Me» se fez ouvir. Um dos concertos da noite. Tunde Adebimpe estava de tal imergido na sua actuação que terminou o concerto sem óculos. É que naquele momento, ver não era o mais importante. Bastava fechar os olhos e sentir.
Paramore. Paragem breve de 10 minutos na área do palco Optimus para ver como se portava a banda de Hayle Williams. O público estava a adorar e a banda afinava pelo mesmo diapasão. Nota positiva para a voz de Hayle Williams que é um dos pontos mais fortes dos Paramore.
Diabo na Cruz. Ainda bem que o Dizzie Rascal não veio, caso contrário não teria havido Diabo na Cruz para ninguém. Revelaram-se uns suplentes de luxo. Jorge Cruz foi incansável em palco, com um sentido de humor ora refinado, ora mordaz mas sempre extremamente eficiente, arrancando sinceras risadas dos muitos presentes. Quem também não passou despercebido foi B Fachada. Porque é um dos enfant terrible da nossa música e porque o seu visual não deixava ninguém indiferente. Ganhou o prémio de calções do festival. Se fossem mais curtos começavam a incomodar! O alinhamento assentou, como seria de esperar, em “Virou!” e a coisa correu muito, muito bem!
Jane’s Addiction. Foi a prova de que ainda há bandas a seguir o mote sexo, drogas e rock’n’roll. Não conheço a obra da banda e nem penso que tal venha a acontecer num futuro próximo mas o concerto que ofereceram no Alive foi memorável. De um lado Perry Farrel com toda a aura algo andrógena que o envolve e que o torna numa improvável estrela de rock. Do outro Dave Navarro, com uma postura mais máscula. Dois pesos em pratos distintos de uma balança que conferem aos Jane’s Addiction equilíbrio. Referi o rock, falta por isso falar nas drogas (a garrafa de vinho que Farrel tinha junto de si e que chegou a perguntar se alguém queria beber a partir de um chapéu) e no sexo (com duas bailarinas exóticas – vamos colocar as coisas assim – em poses e movimentos altamente provocadores). Um espectáculo completo como não é habitual ver por estas paragens.
Orelha Negra. Foi a noite com maior representatividade nacional e foi fechada com chave de ouro. Os Orelha Negra estiveram simplesmente irrepreensíveis. A forma como serviram o seu caldeirão de influências foi fenomenal. No palco Super Bock bastava olhar em volta para confirmar isso mesmo com todos os corpos em movimento. Jazz, Soul, Hip-Hop, Rock… you name it! Foram enormes e eles sentiram-no.
No final ficaram os corpos cansados, suados e felizes de muito boa gente. Para o ano há mais.
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