Optimus Alive! 2012 | Dia #1 (13.07.2012)

Optimus Alive! 2012 | Dia #1 (13.07.2012)

Consolidado

Ao entrar no recinto pela primeira vez na edição deste torna-se desde logo inevitável fazer algumas comparações ali mesmo, a frio. Não há grandes alterações. Apenas alguns ajustes e optimizações na disposição das infra-estruturas, sinal de que o Optimus Alive! está efectivamente a estabilizar e a consolidar-se, a ganhar cada vez mais consistência; algo impressionante se pensarmos que o festival vai apenas na sua 6ª edição.

A maratona de concertos do primeiro dia começa a horas, no palco Heineken, com os The Royal Blasphemy, banda de metal que venceu um concurso promovido pela Câmara Municipal de Oeiras. Eram ainda poucos os que estavam presentes e por certo não estariam ali para os ver. Ainda assim entrega em palco não se pode dizer que tenha faltado.

Os The Parkisons subiram ao palco já perto das 17h55 e logo no início houve uma frase que foi proferida por Afonso Pinto a.k.a. Al Zheimer e que fez pensar: “Somos os Parkisons, ainda se lembram de nós?”. Atrevo-me a dizer que uma boa percentagem dos que já marcavam presença no palco Heineken não se lembravam ou não os conheciam mesmo. Em palco não há que enganar; punk, directo ao assunto, curtinho, como mandam as regras, e sempre com entrega absoluta. A banda, que já não edita desde 2005, vai lançar um novo álbum, do qual tocaram algumas canções. Pelo meio deu para escutar «Angel in the Dark», ou Anjinho na Escuridão, como fizeram questão de traduzir, do já distante “A Long Way to Nowhere”. No final uma certeza: no meio de alguma indiferença surgiram com certeza novos convertidos.

Os Danko Jones, liderados por… Danko Jones, subiram ao palco Optimus por volta das 18h30. Aí, uma grande viga em tons mais claros, colocada para suportar a estrutura superior do palco, fazia-se ver de forma mais evidente que a restante estrutura. Uma forma de fazer passar a mensagem de que o que aconteceu na edição anterior fazia parte do passado e que nunca mais voltaria a suceder. Os canadianos, não enganam ninguém; rock’n’roll, muita boa disposição e sentido de humor. Uma forma simples mas não menos eficaz, e que apanhou muita gente desprevenida, inclusivamente os fotógrafos, que quando se preparavam para sair da frente do palco, foram surpreendidos com o pedido do próprio Jones para permanecerem por ali enquanto ele posava para as objectivas e encenava poses de guitarra em punho. Os canadianos já contam com alguns álbuns na bagagem mas continuam a ser as canções do álbum de estreia, “Born a Lion”, que melhores reacções despoletam. «Lovercall» e «Forget My Name» foram dois exemplos perfeitos disso.

A vez das Dum Dum Girls, de Dee Dee, chega às 19h05 no palco Heineken, já perante uma pequena enchente. Sentia-se alguma expectativa no ar mas rapidamente esta se transforma em desilusão. Ser sexy não chega… Falta uma maior ligação com o público e mais sal em palco. Algo que contrarie uma postura que teima em ser sempre demasiado rígida. As canções vão alternando entre o punk e o rock, ou não tivesse o nome da banda origem numa canção de Iggy Pop, e um registo que por momentos nos relembram os westerns de Sergio Leone.

Os Refused estão bem e recomendam-se. Os suecos não precisam de muito tempo para demonstrar que o tempo que estiveram separados não afectou em nada a sua dinâmica em palco. A mensagem política continua lá e parece mais actual que nunca nos tempos que correm. E nem mesmo o desconhecimento por parte de muitos dos que marcavam presença nas primeiras filas os demoveu. Punk, rock e hardcore servidos numa mistura como só bandas da Escandinávia o sabem fazer.

Altura de prosseguir com a deambulação entre palcos, com um jantar em movimento pelo meio. Tem de ser assim quando nos propomos a espreitar o maior número de concertos possível e o tempo parece não ser o suficiente.

A MIUDA mudou. Podia usar aqui a palavra cresceu – porque também se adequa – mas a verdade é que é mais do que isso. Quando se estreou ao vivo há alguns meses no Musicbox, com o apoio da Rua de Baixo, estávamos perante um embrião ainda. O som era mais simples porque ainda não havia banda. Era apenas Mel e Puppe. Agora temos também Francisco Rebelo (Orelha Negra) e Tiago Bettencourt, que inevitavelmente trazem mais massa às canções do EP de estreia. E aqui as opiniões podem-se dividir. Há quem prefira a versão simples e despida e há quem prefira a versão actual. Inegável foi a recepção muito positiva, quer aos temas do EP, quer a temas novos. «Com Quem Eu Quero» foi cantada por todos, «Na Cidade» pôs todos a dançar e «Meu Amor» foi cantado com ternura. Há futuro aqui.

Segue-se uma rápida visita ao palco Optimus para ver como decorre a actuação dos Snow Patrol. Há muitos fãs da banda presentes que com certeza não terão saído desiludidos mas as canções dos escoceses infelizmente pouco ou nada acrescentam e isso torna a actuação para quem não seja fã da banda algo enfadonha.

LMFAO. Dizer que a massa humana e o espírito de pura festa que invadiu o palco Heineken foi imenso, se calhar ainda peca por defeito. Confesso que o conceito e a música dos LMFAO vão um pouco para além da minha compreensão mas lá que resulta ao vivo, isso resulta. Quem sou eu para contrariar uma multidão em êxtase? E acabar o concerto com uma simples tanga vestida não é para todos… LMFAOLOL. Pode ser assim?

Era por ventura um dos concertos mais aguardados naquele palco. A passagem anterior de Santigold por Lisboa já ia distante, na primeira edição do então Super Bock em Stock, mas a memória perdurou. Desta vez o soundsystem deu lugar a banda mas as bailarinas continuam lá e são uma componente indissociável do espectáculo que nos é oferecido. O alinhamento foi uma mescla dos dois álbuns já editados, o último em Maio deste ano. As palavras de ordem foram mesmo para dançar e celebrar o momento. Primeiro, porque as canções que iam sucedendo, uma após a outra, assim o exigiram: «L.E.S. Artists», «Lights Out», «Desperate Youth», «Say Ah» ou a mais recente «The Keepers». E em segundo lugar porque, perante as coreografias oferecidas pela sensacional dupla de bailarinas que acompanham Santigold em palco, quase que nos sentíamos obrigados a retribuir de algum forma. Ora adoptam uma postura de robôs, ora se tornam eléctricas e desconcertantes. Belo concerto!

O parágrafo relativo a The Stone Roses vai ser curto mas não menos directo: porquê?!! Porque fazem as pessoas perder tempo? Um tiro no pé. Uma banda cujo tempo já passou. E o que dizer do Ian Brown quando se custa a perceber uma palavra do que diz ou canta? Foi mau. Mais frustrante ainda porque a escolha que foi feita passou por descartar o concerto de Buraka Som Sistema que, segundo rezam as crónicas, foi, à falta de melhor palavra, épico. Ian Brown, para a próxima já não me enganas…

Os Justice que se seguiram foram uma meia desilusão. É que a energia que emanam em álbum não funciona da mesma forma ao vivo. A transposição do som parece ficar um pouco aquém do que seria recomendável e isso reflectiu-se nalgumas desistências… Os franceses são daqueles projectos feitos para uma sala pequena ou um clube. Aí ninguém os pára. Ali pareceram um pouco à deriva.

Por motivos de força maior, o último concerto da noite foi o de Zola Jesus, uma presença que se vem tornando habitual por cá. A banda cresceu desde a última vez que nos cruzámos. São agora três elementos que acompanham Zola em palco. Aí, a disposição e os papéis de cada um não poderiam ser mais claros. A banda enverga vestes escuras e fica em segundo plano. Zola Jesus está vestida com veste claras – com um colete com um largo capuz que lhe esconde a face durante uma boa parte do concerto – fica à frente, conduzindo todas as operações. A sua voz continua imponente. Mete qualquer um em sentido. As suas canções fazem parar para escutar com atenção, pela maneira como combinam elementos electrónicos, clássicos, e até industriais. O alinhamento afinou mais pelo último álbum, “Conatus”, o que terá custado algum público à norte-americana, à medida que o concerto ia progredindo. É que continuam a ser de “Stridulum II” os melhores momentos que Zola nos oferece. «Sea Talk», «Vessel» e «Night», foram esses momentos.

Reportagem do segundo dia do Optimus Alive! 2012 aqui; terceiro dia aqui.

Fotografia por José Eduardo Real. Galeria fotográfica do primeiro dia aqui; segundo dia aqui; terceiro dia aqui.



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