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Orelha Negra @ Lux

A força da razão.

O Sleeveface que esconde, por montagem, os integrantes de Orelha Negra – por sinal  músicos que quase todos conhecem de projectos musicais de géneses e interpretações distintas – parece, assim à primeira vista, querer ocultar os autores que lhe têm oferecido, desde o seu lançamento em Março, considerável destaque. Mas, para quem se dirigiu, no passado dia 15 de Abril, à discoteca Lux para assistir ao vivo à apresentação do recente homónimo, os Orelha Negra já são, ou não se tratassem de um conjunto de músicos assaz criativos, como o rapper Sam The Kid (Mira Professional), o baterista, mais versátil e requisitado da sua geração, Fred (Ferrano), o baixista Francisco Rebelo (Rebelo Jazz Bass), DJ Cruzfader (Cruz) e o exímio teclista João Gomes (Gomes Prodigy), um dos projectos mais audaciosos do ano em que estamos.

Foi uma sala cheia a que acolheu, em extâse, o colectivo lisboeta e ainda que o, ainda curto, percurso de Orelha Negra venha a ser aplaudido desde o seu surgimento, quando ainda se apresentavam no seio do underground em modo jam sessions um conjunto de rapazes de universos distintos que fendem e acomodam o funk à soul, o groove aos inesperados samples – que nos levam num regresso ao passado às memórias mais aconchegadas da nossa existência nas vozes, entre outros mais, de Júlio Isidro (atente-se no tema «Saudade») ou Fernando Tordo – e até aos confins mais basilares do hip-hop, pelo improviso natural que também se notou nesta noite.

Uma coisa é certa (sente-se), a chama e energia positiva que emana de Orelha Negra e que pôs, neste 15 de Abril, todos a dançar, é o frutificar do trabalho e empenho sadios que se sentem quando os cinco se juntam em cima de um palco.

O recente trabalho foi apresentado na totalidade, sem esquecer, porém, já no final da sua actuação, o respeitado «Blessed», que acabou por potenciar o limiar de abertura e interactividade com os presentes.

Do álbum reservam-se a força de «Cura», o poder hipnótico da «Força da Razão» e «Memória».

Há em Orelha Negra cumplicidade sem esforço, entrega – agora – consciente e um querer levar a sua celebração sonora a todos os que estiverem dispostos para a sentir. Bem haja por isso!



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