Pato Fu @ Aula Magna
Orquestra Pop perfeita.
A primeira apresentação dos Pato Fu em Portugal revelou uma banda coesa e detentora de uma originalidade muito saudável. Era isso que os muitos portugueses apreciadores da boa pop, e os fãs brasileiros desde a primeira hora, puderam presenciar.
O começo do concerto fez juz a essa faceta irreverente, quando John Ulhoa interpretou “Estudar Pra Quê ?” com efeito de feedback na guitarra, acompanhado apenas de Ricardo Koctus no baixo e Xande Tamietti na bateria.
A entrada de Fernanda Takai fez-se ao som de “Anormal”, neste segundo tema do disco “Toda Cura Pra Todo Mal” a vocalista exibiu um autêntico centro biológico beatliano, melódico, que seria uma constante durante todo o espectáculo da Aula Magna.
A banda mineira procura extrair o que de melhor a pop e o rock têm e isso está patente em temas como “Eu”, do álbum experimentalista “Ruido Rosa” ou em “Amendoim”, no qual o quinteto brasileiro revela toda a sua capacidade instrumental e interpretativa.
Na belíssima “Perdendo Dentes”, John Ulhoa apresenta a canção referindo que “alguns portugueses vão conhecer esta canção”. O público reconhece o tema, familiarizado com a passagem do mesmo numa das telenovelas que a televisão portuguesa exibe.
No palco, os Pato Fu são peculiares: John Ulhoa é o guitarrista empenhado, Fernanda Takai é a maestra compenetrada, Ricardo Koctus faz poses de baixista conhecedor, Xande Tamietti é um baterista versátil e Lulu Camargo é um teclista sólido.
O sentido de humor do conjunto brasileiro é uma constante do “show”, começa com os supostamente longosdiscursos introdutórios de Fernanda Takai, intercalados com o “Já acabou ?”de John Ulhoa.
Essa vertente acentua-se com a interpretação do tema “Simplicidade”, cuja letra começou a ser feita em Portugal há três anos. Neste tema Fernanda Takai veste-se toda de preto, segurando um pequeno astronauta, e é cantada a canção de um robô caipira.
É em “No Aeroporto”, tema forte do álbum “Toda Cura Pra Todo Mal”, que acontece o primeiro grande momento do concerto. Nele, os Pato Fu mesclam o jazz com coros a la anos 60. E é aqui que se vêm todas as qualidades de Xande Tamietti.
Depois de uma boa versão de “Ando Meio Desligado”, dos gloriosos Mutantes, seguiu-se o momento mais aplaudido do espectáculo: os duetos da banda com a cantora e convidada especial, Manuela Azevedo, dos Clã.
Foram interpretados os temas “Problema de Expressão”, “Boa Noite Brasil” e “Carrossel dos Esquisitos”. A sintonia entre Fernanda Takai e a cantora dos Clã é total e até parece que sempre fizeram parte de um mesmo agrupamento.
À medida que o concerto avança os Pato Fu vão conquistando um público que se mostra rendido à simpatia e à definição mais interessante que a música pop pode assumir. É então que Fernanda Takai afirma: “Depois do que se passou hoje vocês não vão ser mais os mesmos”.
Entretanto desfilam temas como: “Agridoce”, inspirada em Roberto Carlos, “Made in Japan”, cantada em japonês e um comic metal, “Capetão 66.6 FM”. Com “Sorte e Azar” assiste-se a um momento de grande beleza, naquela que é uma das grandes baladas de um grupo que já leva catorze anos de existência.
Com “Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié !”, o hit de “Toda Cura Para Todo Mal”, o público da Aula Magna larga as cadeiras e aceita o convite de John Ulhoa para dançar. A festa é total ao som de uma música que vai beber ao caldeirão do senhor Michael Jackson.
No encore, somos servidos com uma hipnótica “Canção Pra Você Viver Mais” e uma bem conseguida “Sobre o Tempo”. Era o final perfeito para uma hora e meia de introdução do conceito Pato Fu aos portugueses.
Ficou ainda no ar a certeza de que esta oferta pop do mais puro calibre não será recusada pelo público português, nas próximas incursões da banda.
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