Patrick Mendes
O vencedor do 1º Prémio MotelX de Melhor Curta de Terror Portuguesa em discurso directo.
Depois de colaborar em projectos de realizadores como João Canijo, Werner Shroeter e Miguel Gonçalves Mendes e de realizar várias curtas metragens, Patrick Mendes vê o seu trabalho reconhecido, ao vencer o 1º Prémio MotelX de Melhor Curta de Terror Portuguesa com o filme “Sangue Frio”.
A RDB falou com ele por telefone sobre este prémio, como é filmar com super 8 e quais os seus projectos futuros.
Depois de teres frequentado os cursos de Antropologia e Motricidade Humana, como decidiste que querias, na verdade, ser realizador?
Desde miúdo que adoro cinema. Mesmo antes de decidir que queria ser realizador, já possuía perto de 300 filmes em casa. Pensava, no entanto, que era quase impossível ser realizador neste país. Houve uma altura, porém, em que comecei a ficar deprimido com os cursos que andava a frequentar e, encorajado pela minha mãe, inscrevi-me no conservatório. Nos outros cursos nunca me preocupei com médias, enquanto no conservatório, consegui acabar o curso com média de 13 ou 14.
Porque preferes filmar em super 8?
O uso do super 8 começou na rodagem do filme Cinerama, de Inês Oliveira, por iniciativa do Paulo Abreu,o director de fotografia, que curiosamente é daltónico (membro do dueto de realizadores Daltonic Brothers). Gostei por ter um look diferente do vídeo, cuja imagem não é igual à real, mas aproxima-se do real.
Mas é consideravelmente mais complicado trabalhar com Super 8…
É muito mais complicado! Primeiro é mais caro, o preço da película ronda os 1500 euros, ao passo que se pode comprar uma cassete de vídeo em qualquer lado por cerca de 20 euros. Depois existe também o problema de não se poder revelar em Portugal. Há quem o faça no Porto (no laboratório de cinema e fotografia Átomo47), mas a revelação é feita manualmente e eu não confio muito naquilo. Por isso tenho que enviar a película para a Alemanha para ser revelada e depois, quando chega cá, tenho que enviar para França, para o filme ser digitalizado, para uma DV Cam, para depois editar. O produto final acaba por ser uma mistura de Super 8 com vídeo digital.
Fala-nos agora um pouco do filme “Sangue Frio”.
O “Sangue Frio” surgiu quando ainda estava a meio de outra curta, que acabei por deixar a meio. Há muito que queria fazer um filme com as actrizes Andresa e Lígia Soares, mas por uns tempos essa colaboração não se proporcionou, pois a Lígia encontrava-se em Paris.
O filme só existe também graças a uma proposta do Filipe Romão (encarregue da fotografia de cena e correcção de cor no filme), um artista plástico que achou que a sua arte se adequava à minha visão cinematográfica.
Que portas pensas que este prémio do MotelX abriu?
Só daqui para a frente vou realmente compreender o impacto deste prémio. O certo é que os prémios acabam por lançar uma carreira. Dão credibilidade ao meu trabalho, senão os possíveis financiadores dos meus projectos futuros não acreditariam nas minhas capacidades.
Vês alguma possibilidade de comercializar os teus filmes?
É muito difícil. Nenhum exibidor está interessado em passar curtas metragens no cinema, a não ser antes de uma longa, mas só em casos muito excepcionais. Só posso passar os meus filmes quase excluisvamente em roteiros de festivais. Mesmo na Internet, só dois anos depois de terem passado por um festival, porque a maioria só aceita a concurso filmes que nunca foram exibidos em qualquer outro formato. A Internet também não é o local ideal, pois os filmes não são feitos para serem exibidos num ecran tão pequeno.
Que nos podes adiantar sobre o teu novo projecto com o João Canijo?
Neste projecto sou, mais uma vez, assistente de produção. O filme vai contar com a participação de Rita Blanco, Nuno Lopes e Fernando Luís. Nesta fase ainda estamos a definir com os actores a história das personagens. O João Canijo escreveu um argumento que está a ser ensaiado com os actores e será reescrito com os improvisos dos actores durante estes três meses de ensaio. Também falta fazer o casting de uma das personagens e escolher os decores. Ainda estamos numa fase de pré-pré-produção, a rodagem só irá começar em Maio de 2010.
Quais os teus planos para o futuro?
Penso acabar a curta que comecei antes de “Sangue Frio”, também em Super 8. O filme já está digitalizado, mas ainda falta editar e tenho a certeza que precisarei de pelo menos mais um dia para refilmar algumas cenas.
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