Peeping Me

O Negócio, no Bairro Alto, dá a conhecer a performance de Paulo Guerreiro, dias 8 e 9 de Setembro.

O Espaço Negócio, da Galeria Zé dos Bois, dá a conhecer dias 8 e 9 de Setembro “Peeping Me”, performance de Paulo Guerreiro. O espectáculo é uma co-produção ZDB/Paulo Guerreiro e encontra-se inserida no terceiro aniversário do blog O Melhor Anjo.

A proposta feita à ZDB surgiu de Tiago Bartolomeu Costa e tem em Paulo Guerreiro a sua principal figura, que são quem melhor pode para explicar o que se passa em “Peeping Me”.

“Em “Peeping Me” toca-se, observa-se, é-se observado. Os papéis (re)invertem-se num jogo de poderes e completam-se um ao outro. Corpo performático e público sobrepõem-se, espelham-se. Cria-se uma relação sensorial e perversa, onde ora se permite o toque, mas é privado o olhar, ora se vê (espreita), mas perde-se o contacto táctil. “voyeur” e “exibicionista” mantêm esta relação através de orifícios num espaço tri-partido: tacto, visão e exposição. mais que uma instalação, é um espaço performático interactivo, onde o movimento surge da relação performer/público.

A coreografia existe no momento, a partir do toque e da ausência deste. As suas qualidades são partilhadas, são dependentes de ambos, do corpo/objecto e do observador/manipulador. mais do que improvisação trata-se de instrumentalização, comunicação, reacção entre corpos, onde os limites se situam entre o físico e o emocional. Quebradas as convenções de relação espectador/interprete, é dando lugar a uma relação mais intima e subjectiva, onde os papéis activo e passivo são subvertidos, para depois serem novamente repostos, ou seja, (re)invertidos. O corpo performático é exposto e disposto, habita a relação dos corpos (o dele com o espectador), representa-se por códigos e afirma-se como objecto. Um objecto que tanto é de contemplação e serviçal, como se serve de quem o observa. Um objecto feito em corpo, da sobreposição de corpos e papéis. o que observa, toca e manipula, é conduzido à sua exposição e integra o objecto. «… o sujeito expõe-se e faz da carne o espectáculo que oferece aos outros e que vampiricamente busca no outro» (Maria Augusta Babo in Para uma semiótica do corpo)”. Paulo Guerreiro

”Não é nova a deslocação do olhar na história da performance. Aliás, a implicação do outro no resultado final do objecto é uma das recorrências mais frequentes. No ainda breve percurso de Paulo Guerreiro essa implicação relaciona-se com a vontade de construção de um percurso comum entre observador e observado. Se em addicted man (Bruxelas, Thêatre de L’l, 2005) procurava inscrever-se no mundo que observava, em peeping me trabalha e amplia uma dimensão particular desse acto de observar: o voyeurismo. O corpo do performer e o do espectador partilham um mesmo devir fetichista sem que se saiba quem observa quem. é, por isso, uma experiência comum que depende inteiramente de uma vontade de se ser provocado/provocar. é uma experiência individual sobre a qual pouco se pode dizer a não ser pedir uma disponibilidade, física e sensorial. Para o performer estão em causa questões como a intimidade, o limite (do corpo, da representação, do espaço) e a manipulação dos sentidos. Para perceber sobre que mecanismo assenta um possível discurso coreógrafico, descarna o processo de criação, embrulha-o literalmente em quatro paredes e espera que venham ter com ele. É, desassombradamente, um desafio. Resta saber se a resposta não virá protegida pela retórica da ficção.” Tiago Bartolomeu Costa

O Negócio fica na Rua de O Século, número 9, porta 5, em Lisboa. Os espectáculos decorrem dia 8 e 9 de Setembro a partir das 21 horas. A entrada é livre.



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