Periférica
A revista comemora 3 anos de existência e de culto.
Uma aldeia periférica. Uma região periférica. Um país periférico. Uma revista pouco preocupada com isso.
Este é o lema que tem acompanhado todos aqueles que durante estes últimos 3 anos têm dedicado grande parte do seu tempo na elaboração da Periférica: uma revista “cultural” e “urbana”, que tem percorrido um trilho de “resistência à iliteracia e à mediocrização” da sociedade portuguesa, tentando alargar horizontes e “educar” aqueles que estejam interessados.
Quem pega e desfolha um qualquer exemplar da Periférica fica logo com a sensação de qualidade e reconhece o excelente trabalho de paginação, de divisão de secções e da selecção de temas, sempre muito abrangente e cuidado. Embora sendo uma revista de “artes” e “cultura” e podendo cair no estereotipo da “revista para intelectual”, a Periférica consegue afastar-se deste campo através de uma escrita mais “limpa” e “simples”, de forma a educar e não complicar.
Com uma periodicidade trimestral, acompanhando assim as estações do ano, a revista aborda todos os campos das artes e da cultura através de artigos de opinião, de entrevistas e fotografias, existindo sempre espaço para a ficção e/ou poesia. Um especial destaque para o trabalho efectuado na capa desdobrável, o único local onde existe cor, designada de “Janela Indiscreta”, onde é “exposto” o trabalho de um determinado “artista”. Excelente ideia.
Contrastando com o carácter “citadino” da publicação, a Periférica é produzida no interior do nosso país, no distrito de Vila Real, mais propriamente em Vilarelho no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Esta sua localização poderia levar-nos a pensar que a revista servia como meio de divulgação da cultura da região. Nada mais errado, como nos contou o director Rui Ângelo Araújo, que amavelmente nos respondeu a algumas questões.
“Estivéssemos nós em Lisboa ou Serpa era lá que faríamos a revista”, justificando que a Periférica não existe para divulgar a região; “não temos a motivação de mostrar que existe cultura em lado nenhum e não representamos ninguém nem nenhuma região”, conclui Rui Ângelo Araújo.
Os objectivos da revista sempre foram claros desde o inicio e os seus “mentores” nunca estiveram interessados sobre a “dicotomia capital/interior”. A revista pretende acompanhar o mundo das artes, mas não se considera uma alternativa nesse mesmo espectro; “a única alternativa que queremos preconizar é exactamente ao gosto pimba da multidão”, disse-nos Rui Ângelo Araújo.
Em três anos de edições a Periférica já conseguiu captar a atenção de muitos leitores, tanto em Portugal como na Espanha, principalmente na Galiza; “a revista tem razoável impacto na Galiza, sobretudo porque publicamos periodicamente escritores dali”, contou-nos Rui Ângelo Araújo. É possível encontrar na página da revista (ver no fim do artigo), alguns recortes de imprensa, incluindo um texto do El Pais.
Com um preço bastante “agradável” para uma publicação tão interessante e elaborada, 3.5€, a Periférica é sem dúvida uma das revistas mais interessantes do “mercado” e merece todo o nosso apoio e uma leitura cuidada e atenta. Se ainda forem a tempo, adquiram a edição nº12 – de aniversário – que para além do seu interior ser bastante recomendável, tem como capa um curioso “retrato” de Hanoch Piven.
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