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Pete Astor | Entrevista

Pete Astor conta com uma longa carreira e para assinalar os 40 anos prepara-se para lançar “Tall Stories & New Religions”, o pretexto para responder a algumas perguntas à Rua de Baixo.

Rua de Baixo (RDB): 40 anos de carreira é um número bem bonito. Ao longo destes anos há algum momento em particular que valorize mais do que os restantes?

Pete Astor (PA): Vou dizer aquela coisa que muita gente diz! Foi ontem à noite tocando no Bewhouse em Birmingham, um prazer total tocar para uma plateia e compartilhar aquele momento. É um privilégio incrível ainda poder cantar e tocar minhas músicas e ter pessoas ouvindo.

RDB: A premissa que está na base de “Tall Stories & New Religions” é uma maneira interessante de revisitar a sua carreira. Uma forma de olhar para o passado com os pés bem assentes no presente. Como surgiu a ideia?

PA: Gosto da sua descrição. Uma citação que realmente me comove é do Martin Amis:

‘À medida que o quinquagésimo aniversário se aproxima, você tem a sensação de que sua vida está a esgotar-se e continuará a se esgotar, até se esgotar completamente. E às vezes você diz a si mesmo: passou rápido. Passou rápido. Em certos momentos, você pode querer expressar isso de forma mais enfática. Como em: Ei!! Isso passou UM POUCO RÁPIDO PRA CARALHO!!!… então os cinquenta chegam e vão embora, e cinquenta e um, e cinquenta e dois. E a vida torna-se mais densa novamente. Porque agora há uma presença enorme e inesperada dentro de você, como um continente inexplorado. Este é o passado.’

Eu penso nisso há muito tempo, e acho que eventualmente apliquei isso às minhas canções.”

RDB: Foi difícil escolher as canções que fazem parte de “Tall Stories & New Religions”? Pode falar-nos um pouco o que o levou a estas escolhas?

PA: Comecei por decidir focar-me apenas nas músicas que compus antes do “Songbox” em 2011, que parecia ser o segundo começo da minha carreira solo. Depois disso, envolveu desenterrar canções, depois cantá-las e tocá-las e ver quais ainda estavam vivas. Também foi sobre canções que, para mim, parecem existir além de suas versões gravadas. Gosto da ideia de uma canção existir além da gravação. Eu toco ao vivo regularmente, então penso muito em fazer outras versões para além das gravações.

RDB: Sente que o facto de actualmente ser possível criar canções de muitas formas distintas (com o computador, em estúdio, em casa, etc) afectou  a maneira como reinterpretou estas canções?

PA: No caso deste disco, não tanto, pois foi feito muito com pessoas na sala. Tenho a sorte de ter uma banda incrível para tocar as canções. Ian Button, na bateria, Andy Lewis no baixo, Neil, Scott e Guitar e Sean Read nos teclados, a catar e a produzir. Como nos conhecemos muito bem como músicos e pessoas, a gravação surgiu de forma rápida e orgânica.”

RDB: Tirou um doutoramento em Teoria Cultural. Qual foi a motivação por de trás da sua decisão? É algo que procura utilizar de forma deliberada nas suas composições? Como?

PA: Grande pergunta. Primeira parte da resposta, eu não procurei um doutorado em teoria cultural! O pensamento crítico é uma parte tão importante do pensamento em geral. Mas para mim, prefiro escrever e pensar de uma maneira um pouco mais abstrata e não comprovável.

RDB: Uma carreira que se estende ao longo de 40 anos confere-lhe uma capacidade ímpar para avaliar o panorama musical em inglaterra, com especial foco na música mais indie. Se antes fazer música não estava ao alcance de todos, agora parece ser mais fácil, mas outras barreiras e desafias surgiram. É fácil construir uma carreira musical nos dias de hoje?

PA: Eu penso que tive a sorte de existir num mundo musical onde as pessoas eram pagas integralmente. Agora parece que fazer música voltou ao que realmente sempre foi; o ferreiro ou o agricultor cantando canções. Para fazer o tipo de música que eu faço, provavelmente você precisa ter um emprego, o que talvez não seja tão mau. Não obstante, a atual falta de justiça social para muitos, interagir com o mundo real é muito útil. Pelo menos para mim.

RDB: Pretende levar ao palco as canções de “Tall Stories & New Religions”?

PA: Claro que sim!



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