Pluto
O cão de que se fala?!
Sempre que um novo projecto musical surge, é comum remexer-se no baú de recordações para procurar uma referência artística que sirva de elo de identificação e orientação para o mais recente girino. O processo é naturalmente facilitado se da formação fizer parte um reconhecido nome do meio musical associado a uma igualmente popular mas extinta banda de culto. Os Pluto poderiam assim dispensar apresentações, até porque são provavelmente o grupo que nos últimos tempos mais tem andado nas bocas dos melómanos nacionais.
Ainda assim, e aproveitando a realização dos dois primeiros concertos ditos oficiais – em Lisboa dia 9 de Dezembro no Santiago Alquimista e uma semana depois no Hard Club em Vila Nova de Gaia – de promoção ao disco de estreia “Bom Dia” lançado no passado mês de Outubro, a rua de baixo deixa aqui algumas pistas para o porquê de tanto burburinho em torno do grupo que adopta sim o nome do planeta (?!), e não do cão da banda desenhada.
Se até este momento não sentimos necessidade de referir os Ornatos Violeta, a partir daqui é fundamental clarificar os mais distraídos e confusos que ainda estão convencidos que Pluto não passa de uma nova denominação para o projecto iniciado por Manel Cruz e Peixe em 1991. Errado meus amigos, os Ornatos tiveram o seu canto do cisne em 2002, e 2004 é o ano de “só mais um começo” dos Pluto. O baixo de Eduardo Silva e a bateria de Rui Lacerda juntaram-se às guitarras de Peixe e voz de Manel Cruz criando uma sonoridade que bebe maioritariamente no rock n’roll, com uma dose mais generosa de divagações experimentalistas, deixando para trás parte das influências pop do passado. Em “Bom Dia” o conceito de personagem volta a percorrer o álbum, mantendo igualmente a voz, a habilidade e malabarismo das letras em português do ex-vocalista dos Ornatos Violeta – Manel Cruz – e tudo sob a supervisão do reconhecido produtor Mário Barreiros.
A primeira viagem ao planeta Pluto dispõe de doze atribuladas paragens, incluindo o já incontornável single “Só mais um começo”. “Bom dia” é um percurso que exige ouvido atento e uma segunda, terceira, quarta audição… Não se pense que a repetição funciona aqui como um fardo de monotonia, é antes uma promessa de novas e reveladoras sensações de cada vez que o disco voltar a tocar da primeira à última faixa.
A expectativa em relação ao álbum era enorme e ainda que a desconfiança seja sempre a palavra de ordem, poucos dirão que não ficaram convencidos. Embora já tenhamos tido uma amostra do potencial dos Pluto em palco – tanto no último festival Super Rock Super Bock como nas Noites Ritual Rock – o grande teste pós estreia em disco remete agora para os aguardados concertos dos próximos dias em Lisboa e Gaia que prometem surpresas na transposição do trabalho de estúdio para o espectáculo ao vivo.
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