Pokémon Sword and Shield VS Pokémon Let’s Go | Análise DUPLA | Switch
Os "remakes" dos jogos primordiais face à última geração!
Nota: Esta análise foi acabada a meados de dezembro de 2019. Por isso não tem em atenção as expansões dos jogos Pokémon Sword and Shield, recentemente anuciadas.
Nos últimos 2 anos saíram os primeiros jogos oficiais de Pokémon para uma consola caseira da Nintendo – Pokémon Let’s Go versões Pikachu & Eeevee e, recentemente, Pokémon versões Sword & Shield. Ambos foram bem recebidos pelos consumidores comuns, como comprovado pelas suas vendas, mas a reação da comunidade de fãs parece ter sido mais fraturante. No entanto, perante novos donos da Switch, que nunca jogaram um título desta saga antes, poderá impor-se a pergunta: qual devo comprar? Assumindo aqui um limite financeiro, a pergunta é mais do que válida. Qual será a diferença entre um “remake” do jogo original da franquia (Pokémon Let’s Go, um “remake” dos Pokémon Red&Blue) e o título mais recente (Pokémon Sword&Shield)? Com esta análise talvez perceberemos as queixas dos fãs mais ávidos, ao mesmo tempo que comparamos a reinvenção do primeiro com o último jogo da franquia de entretenimento mais rentável em toda a história.
Narrativa
Pokémon Let’s Go Pikachu & Eevee (abreviado para LGPE)
Como se trata de um “remake” do primeiro título, a história mantém-se (quase) idêntica à do original. E tenho a dizer que muito se pode aprender com ela sobre como a franquia teve tanto sucesso! Ao contrário do que se possa pensar, o mundo de Pokémon não se centra nas batalhas entre estes bichos. A narrativa do primeiro jogo deixa isso bem claro: os Pokémons são nos apresentados pelo cientista de Pokémon (Pokemonologista?) mais conceituado da região de Kanto, onde decorre a aventura. Este partilha a sua paixão por estas criaturas fantásticas, deixando só um comentário de roda-pé sobre os duelos que os treinadores travam entre os Pokémons que capturam. Este sentimento de Poké-paixão é transmitido por várias personagens e pelo próprio mundo em que habitam – estão por toda a parte: como animais de estimação, assistentes de emprego, fontes de energia, peças de Museus, espécies protegidas em Zonas de Safari, protagnistas de lendas urbanas (e até da mitologia da civilização!), etc… Enfim, fica claro que, apesar do nosso protagonista ambicionar ser o melhor poké-treinador de Kanto, as batalhas de Pokémon são simplesmente mais uma maneira de interagir com eles. Eu creio que este aspecto da narrativa constitui uma forma poderosíssima de alimentar a nossa fixação juvenil por estas criaturas, e o remake, LGPE, faz um excelente trabalho em realçar este aspecto. Para além de imbuir o original de tridimensionalidade, enriquece o diálogo das personagens que habitam neste mundo, que voltam com novas histórias (e algumas referências à série de televisão!). E, desta vez, temos umas agradáveis cutscenes (salvo algumas excepções) nas quais podemos ver o nosso protagonista em acção juntamente com o seu parceiro (Pikachu ou Eevee, dependendo da versão comprada). A única mudança narrativa relevante centra-se no nosso rival, que, em vez de ser o arrogante Gary (ou “Blue”), é o nosso amigável vizinho que age de uma forma mais amistosa (o antigo rival continua presente na história, aparecendo pontualmente). Fora isso, o resto da narrativa parece “melhor” que intacta, e LGPE brilha como o título ideal para absorver a história original.
Pokémon Sword & Shield (abreviado para Sw/Sh)
O mesmo não posso dizer dos Pokémon Sword & Shield. A narrativa do mais recente jogo da franquia centra-se SOMENTE no espetáculo das batalhas. As pessoas da região de Galar, baseada no Reino Unido, são fanáticas pelos melhores treinadores regionais de Pokémon, que são vistos como celebridades. O grande campeão da liga de Galar é quem, desta vez, nos apresenta o mundo de Pokémon, e este não pára de falar do quanto quer que um dia o possamos ver nas Finais de um torneio da liga. É ele que dá o primeiro Pokémon, não só a nós, mas também ao seu irmão mais novo: o nosso rival, Hop – outra personagem cuja vida se define pelas batalhas de Pokémon. Raramente o vemos a falar da relação amistosa que tenta fomentar com as suas criaturas. Em vez disso, vemo-lo a sofrer quando perde contra nós ou um outro concorrente da liga. Apesar de ser interessante ver este tipo de emoção demonstrada por um rival na franquia, é um traço que rapidamente se torna enfadonho. Os Pokémons do mundo de Galar, pelo menos, tem outras posições para além da de lutadores, como, por exemplo, meios de transporte de pasageiros, ou então como assistentes de bar, mas nada tão bem moldado na história como na do original, recontada em LGPE. Destaco apenas a sub-narrativa sobre a antiga civilização de Galar cujos vestígios escondem uma lenda de dois Pokémons misteriosos e um fenómeno catastrófico que eles impediram. Infelizmente, este conto a fica algo removido da experiência principal do jogo, sendo revisitada apenas no final. Até lá, parece que o único fascínio que as personagens “não-jogáveis” mostram pelas criaturas, é a liga competitiva de Galar e os seus participantes – um factor evidenciado pela nova equipa “vilã” que se resume a uns pseudo-hooligans que só sabem “fazer barulho” pela treinadora que idolatram (nada como os charmosos patetas do primeiro jogo).
Jogabilidade
Pokémon Let’s Go Pikachu & Eevee
Apesar de ser um remake, LGPE reinventa um aspecto importante dos jogos antigos: os encontros com novos Pokémons. Para além destes serem, agora, visíveis no mundo exterior, a forma de os apanhar é diferente. Outora, encontrar um Pokémon selvagem significava o mesmo que encontrar um treinador: uma batalha por turnos, ao estilo RPG, onde temos de reduzir os pontos de vida do adversário até este desmaiar. Para apanhar um Pokémon era necessário enfraquecê-lo, sem o derrotar, para que pudesse ser apanhado mais facilmente. O remake, LGPE, no entanto, segue o modelo do jogo Pokémon Go, substituindo estas batalhas RPG por um “mini-jogo” onde vemos o Pokémon de frente, às vezes a pular de um lado ao outro – o nosso objetivo é, agora, apontar e atirar contra ele, no momento certo, uma Pokébola (o instrumento de captura), sendo possível alimentá-lo, a meio do encontro, com bagas para o acalmar. Apesar das batalhas de treinadores recorrem do mesmo formato de antigamente, esta nova abordagem de encontrar Pokémons selvagens cria um grande impacto na experiência – o acto de apanha-los enfatiza uma das grandes qualidades dos jogos desta franquia: o “coleccionismo”. Nunca se tornou cansativo repetir a acção de capturar Pokémons até encontrarmos um com melhor potencial (indicado pelo “CP” de cada). É um tipo de prazer imediato que os originais não tinham e que evidencia o sucesso do título que o inspirou (Pokémon Go, lançado em 2016).
No entanto, o problema é este mesmo: os originais não foram feitos com esta funcionalidade em mente… Com isto quero dizer que eu senti uma disparidade desconfortável entre os espaços do jogo feitos para apanhar Pokémons e os outros feitos para batalhar vários treinadores. Capturar Pokémons é um prazer tão imediato que os duelos, normalmente mais morosos e impossíveis de contornar, mais rapidamente se tornavam chatos e repetitivos – LGPE padece de um equilíbrio entre estas duas mecânicas… Pelo menos, há mais um aspecto diferente do original que foi muito bem construído: a nossa relação com o Pokémon parceiro. O nosso Pikachu (ou Eevee), que nos é dado no início do jogo, demonstra uma personalidade riquíssima face aos demais Pokémons! Com vozes bem reproduzidas, cobrindo uma boa variedade de emoções, e com uma animação que os fazem parecer mais realistas que nunca! Isto é realçado pelo novo modo de interacção com eles: “Play with Pikachu/Eevee” – neste podemos dar festinhas e bagas ao nosso parceiro e a reacção deste é, por vezes, viciante de se ver. Parece mesmo um animal de estimação entusiasmado por brincar conosco, por vezes mortinho em nos dar objectos que encontra enquanto passeia conosco. Vê-lo em acção é uma grande parte do prazer que se consegue retirar de LGPE.

Poder andar nas costas de alguns Pokémons é uma funcionalidade dos LGPE, ausente da nova iteração, da qual confesso sentir saudades!
Pokémon Sword & Shield
Desta vez, Pokémon SwSh sai vitorioso – apesar da sua história focada em batalhas, este jogo oferece uma jogabilidade muito mais bem equilibrada entre as capturas e duelos de Pokémons. Neste tíulo, os encontros contra ‘mons selvagens retomam o seu formato original e rejeitam a inspiração do Pokémon Go. Mas aquilo que eleva a qualidade “coleccionista” destes jogos é a grande “Wild Area” – uma grande área aberta repleta de Pokémons de todas as gerações. Confesso-vos que eu segui os jogos até à 4ª geração, após a qual fartei-me um pouco da saga enquanto perseguia outros hobbies. Por causa disto, enquanto seguia, por alto, os Pokémons que vinham a serem descobertos, sentia aquele velho desejo de os incluir na minha equipa e ir experimentá-los contra outros treinadores. Encontrar, na Wild Area, estes Pokémons que “perdi” com o passar do tempo foi como um tesouro para um velho fã. Fiquei impressionado pelo tamanho desta zona e pelos Pokémons que podia capturar (mesmo antes de ir para o primeiro estádio de batalha!) – Resultado? Fiquei umas boas horas a encontrar antigos preferidos e conhecer caras novas, das quais existem mais bonitas do que feias. Esta Wild Area pode ser acedida quase a qualquer altura do jogo e a sua natureza dinâmica faz com que seja inevitável encontrar novos Pokémons sempre que regressamos. Portanto, quando me encontrava na mesma situação “desconfortável” que sentia a jogar LGPE, podia simplesmente voltar à Area e admirar-me com os Pokémons selvagens. Com isto pode parecer que as batalhas são tão morosas como as do LGPE, mas, de facto, foram adicionados aspectos estéticos que as fazem brilhar – sempre que entramos num estádio somos bem-vindos por uma plateia futebolística que grita enfáticamente sempre que algo crítico acontece na batalha, especialmente quando nós ou o nosso oponente usamos o fenómeno DYNAMAX – uma mecânica do Pokémon Sw/Sh que nos permite, quando em duelos em específicos, aumentar o tamanho dos nossos Pokémons para proporções gigantescas! Um aspecto mais visualmente apelativo do que outra coisa, mas que não deixou de me deleitar pela maneira como é utilizada. DYNAMAX é um fenómeno que tanto o nosso oponente como alguns Pokémons selvagens podem usar. É possível encontrar estes últimos em locais especiais na “Wild Area” e, nestas alturas, podemos contar com outros treinadores reais (com o uso da funcionalidade Online) para tentarmos derrotar um Titã em conjunto! Uma experiência que, ás vezes, se tornava repetitiva, mesmo com outros treinadores, mas cujas recompensas (como um Pokémon novo, novos ataques e/ou outros benefícios para a nossa equipa) me fizeram repetir a façanha várias vezes. A única coisa que o jogo Pokémon Sw/Sh tem pior do que os LGPE, no que toca à jogabilidade, é a maneira como podemos nos relacionar com os nossos Pokés. Nenhum deles têm a autenticidade animalesca que o Pikachu ou a Eevee. Porém, continua a ser possível brincar com eles usando brinquedos de atirar, para eles depois recolherem, ou até mesmo cozinhar um bom caril. Não é um “downgrade” significativo, pois confesso que me entreti várias vezes ao interagir com eles

Pode não ser espetacular, visualmente, mas a Wild Area é uma funcionalidade muito bem-vinda, na qual gastei várias horas, só porque nunca me cansava de capturar Pokémons que sempre quis ter!
Estética e eteceteras…
Para reduzir o tamanho desta análise dupla, ambos os jogos serão, doravente, criticados em conjunto. Graficamente, os dois têm um aspecto bonito, mas Sw/Sh revela algumas falhas neste departamento. Apesar das suas cores mais saturadas e polidas, conseguimos notar, especialmente na Wild Area, texturas com um aspecto “rudimentar”. Por vezes parece que as paisagens estão inacabadas e, se estivermos conectados à Internet, contem com algumas quedas na performance… Também não abona a favor de Sw/Sh o facto de ter um “campo de visão” tão limitado – nunca conseguimos ver personagens ou Pokémons ao longe, estes simplesmente “saltam” à vista de repente. Isto “mancha” a nossa primeira impressão de algumas localidades – no início estão vazias e, de repente, materializam-se pessoas e Pokémons do ar! Existem uns poucos sítios mais bem feitos, como a cidade de Ballonlea, mas, lá está, “poucos”. Para além disso, a equipa de animação também parece que não fez o trabalho todo. Apesar das personagens humanas terem muito mais personalidade do que em LGPE, muitos dos ataques dos Pokémons não tiveram a mesma sorte. A maior parte está competente, uns tantos conseguem o mérito de excelência, mas outros roçam o ridículo – especialmente quando só fazem o Pokémon atacante levitar duas vezes num ataque que soa ser mais impactante… Isto é algo que também ocorre no LGPE, mas é menos notável; a estética deste é muito mais consistente, e conseguimos observar detalhes genuinamente criativos em vários cenários. Também não padece do problema do campo de visão, possivelmente por causa da perspectiva (de cima, em vez de terceira pessoa), mas o facto é que funciona muito melhor, apesar de ser o título mais velho. No departamento estético, Sw/Sh marca pontos apenas na interface de utilização, pois é das mais bonitas que já vi num jogo, e no Soundtrack viciante e eufórico.
No que toca à dimensão Online, Pokémon Sw/Sh é, sem dúvida, mais robusto. Para além das funcionalidades básicas presentes no LGPE (batalhar ou trocar Pokémons com uma pessoa específica), Sw/sh permite duelos entre oponentes aleatórios ao igualar os níveis dos respectivos Pokémons – estas batalhas podem contribuir para o Rank do jogador ou podem ser somente casuais. Também existe a opção “Surprise Trade” com a qual é possível trocar Pokémons com pessoas que encontremos na Wild Area e receber Pokémons dos quais não estávamos à espera! E, como disse, é possível iniciar experiências cooperativas graças aos encontros contra Pokémons selvagens em DYNAMAX – uma funcionalidade engraçada mas que perde algum encanto por não ter mais opções de comunicação entre os 4 jogadores. Neste aspecto cooperativo, Pokémon Let’s Go supera o Sw/Sh pois permite que um segundo jogador, na mesma sala, se junte à aventura – apesar disto reduzir, significativamente, a dificuldade, é uma ótima maneira de experienciar o jogo com um amigo, namorada ou irmão mais novo!
Finalmente, pegando aqui na deixa do desafio, que é relevante para algum público, nenhum dos jogos se destaca pela sua dificuldade, mas cada um oferece uma experiência diferente: Apanhar Pokémons no Sw/Sh pode ser um verdadeiro desafio, pois alguns Pokémons requerem um cuidado cirúrgico para serem capturados (já para não falar do número de Pokébolas que é preciso atirar!); LGPE, por outro lado, tem locais labirínticos com vários treinadores, o que pode testar a paciência de alguns. As batalhas são mais fáceis se usarmos o nosso parceiro (Pikachu ou Eevee), já que este é, por natureza, um pouco mais forte que os outros Pokémons – mas se se aventurarem sem ele na equipa terão de dedicar algum tempo para tornar os vossos Pokémons mais fortes para poderem vencer os duelos que vos esperam!
(…)nunca foi tão divertido apanhar e descobrir novos Pokémons!
Considerações Finais
Apesar do LGPE ter um aspecto visual mais consistente e uma narrativa clássica e envolvente, a sua falta de equilíbrio no âmbito da jogabilidade não o fazem um jogo tão gratificante quanto Sw/Sh. Mesmo com as suas falhas, Sw/Sh permite uma experiência muito mais flexível e cativante para o jogador. O facto da Wild Area poder ser acedida a qualquer altura significa que, se a história ou a facilidade das batalhas estiver a cansar, não custa nada ir dar um passeio por entre os Pokémons selvagens e conhecer caras novas. O problema do LGPE é totalmente resolvido com esta funcionalidade. Ademais, tentar capturar alguns Pokémons na Wild Area de Sw/sh chega a ser uma experiência palpitante. É possível gastar quase 20 Ultra pokébolas só para tentar capturar um teimoso adormecido com um décimo dos pontos de vida – foram muitas as vezes que suspirei de alívio quando finalmente consegui capturar alguns Pokémons! E LGPE não me deu esse sentimento… Foi muito mais descansado; mas um descanço que rapidamente se perdia, pois nunca haviam muitos novos Pokémon para apanhar quando desbloquava novas zonas. E, ao virar da esquina, estava sempre mais uma mão cheia de treinadores incontornáveis. Um sentimento atenuado por uns minutos de brincadeira com o Pikachu, mas que, derradeiramente, me manchava a experiência…
Ambos os jogos fazem um bom trabalho ao convidarem jogadores curiosos a entrar na franquia, mas creio que os Let’s Go são os mais indicados para a malta nova, que esteja à procura de uma experiência casual, enquanto que os Sword & Shield serão bem-vindos pelos fãs de longa data que queiram voltar à aventura e redescobrir o mundo dos Pokémons. Nenhum destes títulos desta dupla análise é perfeito, confesso, e não os tenho como excelentes. Parece que o jogo perfeito de Pokémon está algures no meio dos dois… Aos Let’s Go faltou mais pensamento sobre como incorporar as mecânicas do Pokémon Go com os jogos originais (alvos deste remake), e aos Sword and Shield faltou, parece-me, tempo para aprimorar os detalhes narrativos, estéticos, entre outros. Estes últimos parecem-me, portanto, vítimas de um horário de lançamento mal gerido ou talvez de um orçamento mal otimizado… Não obstante, Sw/Sh apura a fórmula coleccionista da franquia, que conta agora com 20 anos de idade, de uma forma bem satisfatória – nunca foi tão divertido apanhar e descobrir novos Pokémons!
Nº da Rua:
Pokémon Let’s Go Pikachu 6/10 | Pokémon Sword 7/10
Um agradecimento especial à Nintendo Portugal por, generosamnte, ter cedido, mais uma vez, os títulos desta análise para o efeito de crítica jornalística.
POST-SCRIPTUM
Para os curiosos, existem várias razões pelas quais os jogos Pokémons Sw/Sh foram mal recebidos. A equipa resopnsável pela criação dos jogos principais da franquia – GAMEFREAK – fez akgumas decisões na criação destes novos títulos que deixaram muitos fãs desapontados uma das mais severas foi a de remover metade dos Pokémons que têm vindo a ser adicionados em cada geração (e outras funcionalidades, como a Mega-Evolução, presente em todos os jogos até aos Let’s Go e que eu semprei achei uma excelente adição). Quando o slogan é “Vou Apanhá-los Todos!”, impossibilitar o jogador de realizar essa fantasia pode parecer contra-producente. A razão dada pela GAMEFREAK para esta decisão foi para se poder focar mais na construção de novos modelos tridimensionais e de melhores animações para os mesmo. Apesar de Sw/Sh ter umas excelentes animações de Pokémons, não só nos seus ataques, como também nas suas interações com o jogador, o produto final ainda revela várias lacunas neste departamento, o que põe em questão a veracidade da declaração da empresa. Pessoalmente, sempre achei inevitável um corte considerável, especialmente quando, até à data, a franquia conta com quase 900 Pokémons – mas eu sinto que foi uma decisão bizarra não incluir figuras tão reconhecidas pelos fãs (de qualquer idade), como o Squirtle, o Bulbasaur, ou outros icónicos de gerações posteriores. Aparentemente, alguns destes vão ser adicionados mais tarde através de eventos especiais, mas, segundo algumas entrevistas, a GAMEFREAK não deixou isso claro. Não obstante, a falta destes Pokémons no jogo desde o início pode trair as expectativas de alguns fãs.
Enquanto crítico, senti que tive de fazer uma escolha difícil entre avaliar o jogo pelas expectativas fomentadas por 20 anos de sequelas, ou se deveria optar por uma perspectiva isolada das declarações da empresa. Escolhi a última opção, pois sinto que é a mais informativa e verdadeira para leitor que queira simplesmente saber se o jogo é bom ou não. Apesar dos meus julgamentos finais, tenho de concordar com algumas críticas feitas pelos fãs à maneira como a GAMEFREAK decidiu avançar. Pokémon Sw/Sh, embora seja um jogo lançado numa consola caseira, não cria um impacto tão notável quanto a concorrência na Switch – continua a parecer um jogo portátil, só que num ecrã maior e mais bonito. Eu não acho que isto seja um ponto negativo para a jogabiliade, mas, após 20 anos, empatizo com a frustração dos fãs de longa data que, a este ponto, antecipavam um jogo mais ambicioso, especialmente quando consideramos que se trata da franquia mediática mais bem sucedida no tempo presente. Eu não quero, com a minha cotação final dos jogos, “validar” uma filosofia conservadora por parte dos criadores, mas senti-me encorajado a escrever este Post-Scriptum para clarificar a minha posição e incentivar quem empatize com o este sentimento a escrever sobre isto à GAMEFREAK ou a deixar isso claro nas plataformas sociais (de maneira cívica, por favor). Um jogo decente pode sempre ser melhor, e mesmo estando satisfeito, reconheço que, após 20 anos da franquia e tanto sucesso, Pokémon Sword&Shield deviam ter saído com menos erros e mais criatividade, em relação ao que foi alcançado previamente…
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