Primavera_Sound_Porto-60

Primavera Sound Porto 2023 | Dia 3 (09.06.2023)

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Texto por Daniel Espírito Santo e fotografia por Graziela Costa.

Pet Shop Boys entre a praia e o céu

Uma bandeira ucraniana apareceu no palco. Nas colunas, a marcha nupcial. Estranho? Aleatório? Nada num concerto dos Pet Shop Boys poderia ser considerado aleatório, ou não fosse tudo pensado ao milímetro. Já o estranho damos de barato… mas só para quem não conhece a dupla britânica que ainda hoje faz sonhar com os anos 80.

O tempo não passa por eles mas, ao mesmo tempo, deixa-os levar. E leva-nos com eles. Gerações e gerações se seguem e a magia do synth pop continua lá, incólume. 

Querem maior sinal dos tempos que ouvir uma plateia inteira, constituída por gente de todas as idades, a cantar “It’s a Sin”? Pois é, os Pet Shop Boys passaram pelo Primavera Sound ao terceiro dia e, ironicamente, a versão dos também britânicos Years & Years, valeu um dos momentos apoteóticos da noite (a culpa é da série com o mesmo nome, pensamos). 

Mas não foi o único. Ou não fosse a carreira do duo repleta de êxitos que toda a gente sabe cantarolar, como «West End Girls», «Rent», o roubado «You Were Always on My Mind» ou «Suburbia» (que abriu o concerto).

Sem mácula, sem tempo nem para respirar e com muita magia cénica à mistura, o espetáculo dos Pet Shop Boys foi isso mesmo: um espetáculo, quase a roçar a opera-rock, por uma dupla que, durante mais de quatro décadas, não tem sido nada menos que competente e sublime.

Até a chuva, que marcou os dois dias anteriores, parece ter decidido dar tréguas perante o cenário. Não caiu uma única pinga que tivéssemos notado neste penúltimo dia de Primavera Sound, inaugurado ao som do divertido “Deixem o Pimba em Paz”, no palco principal. Bruno Nogueira e Manuela Azevedo entreteram os mais madrugadores portugueses com canções populares como «Os Bichos da Fazenda» ou «Na Minha Cama com Ela» (e deixaram muitos festivaleiros estrangeiros confusos perante as gargalhadas).

O rock puro e duro também teve espaço neste terceiro dia, com os My Morning Jacket a transformarem o Porto em Kentucky por breves momentos. Também dos EUA veio St. Vincent, bem menos rockeira, mas nem por isso menos impactante. Nome bem conhecido dos portugueses, a artista ainda teve de competir com os últimos minutos do concerto dos Pet Shop Boys, mas nem isso impediu muitos festivaleiros de a ouvirem ao vivo. Arriscamo-nos a dizer, até, que foi um dos momentos mais concorridos do palco Vodafone, pelo menos naquele dia, e não seria novidade: St. Vincent passeia entre o indie e o pop e consegue um daqueles raros feitos de agradar a (quase) todos, com melodias para todos os gostos. «Year of the Tiger» ou «Los Ageless»? Vocês decidem.

O Hip-hop, claro está, também teve espaço no penúltimo dia do certame e foi muito bem representado por artistas como o enérgico Pusha T, a dar uma lição aos restantes com energia e argumentos cativantes suficientes para encher vários concertos. Foi, obviamente, muito concorrido por fãs do género, que também parecem ter apreciado Central Cee, o rapper britânico que surpreendeu com o seu drill, mas ainda tem muito que correr para chegar ao nível de Terrence Thornton. 

A noite culminaria bem quente com Tokischa, que fez subir a temperatura no Parque da Cidade com o seu perreo latino e muitas danças sugestivas a acompanhar. Incentivo extra para aguentar mais uma noite? We think so!

Podem encontrar as reportagens dos restantes dias aqui: 7 de Junho, 8 de Junho e 10 de Junho.



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