Prince | 1958-2016
De hoje em diante que chova púrpura para sempre
O mundo não acabou em 1999 como previa Nostradamus nem em 2012 como previam os Maias, mas desde que Lemmy Kilmister morreu tem vindo a colapsar, aos poucos.
Prince era aquele gajo com quem gozávamos na adolescência, porque era pequeno, tinha buço de cigano, cabelo de jogador da bola e guinchava e abanava-se como uma adolescente bêbeda. Todas as razões pelas quais o desprezávamos, foram as mesmas pelas quais mais tarde, já na idade adulta, aprendemos a adorá-lo.
«Purple Rain» é uma das canções mais dignas de ser apelidada de Power Ballad e capaz de competir facilmente com «Sweet Child Of Mine» da mesma forma que «1999» tem um groove digno de fazer pensar duas vezes sobre quem é realmente o Rei da Pop.
Prince não era rei, era Príncipe sem nenhuma pretensão ao trono, porque ao invés de se sentar à sombra dos louros preferia estar no campo de batalha a reinventar a música Pop. Isso aconteceu por alturas da banda sonora de “Batman”, como aconteceu por alturas de “Diamonds & Pearls”. Por isso é fácil esquecer a megalomania de se auto-intitular “O artista previamente conhecido como Prince” e utilizar sinalética que mais parecia da casa de banho de um bar de alterne no Entroncamento. Foi ele o autor daquele hino que devia ser obrigatório dançar na escola de Striptease, «Sexy Motherfucker» assim como foi ele que escreveu o que poderia facilmente ser a banda sonora ideal para qualquer cumshot digno desse nome «Cream». Todo ele respirava sensualidade e muito antes de qualquer estrela pop medíocre da era MTV já Prince gingava pela nossa televisão dentro vestindo jeggings e sapatos de plataforma, como se o Glam Rock fosse uma coisa do presente.
Não vale a pena fazer música excêntrica e ser uma pessoa banal, por isso faz todo o sentido que tivesse sido Testemunha de Jeová, adoptasse o vegetarianismo e embarcasse num controlo megalómano de toda a sua obra no meio digital. Quem não lhe perdoará todas estas falhas tão humanas quando até as pombas choram?
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