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Queer 16 – “Weekend”

Filme de abertura do Festival de Cinema Gay e Lésbico

O Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa abriu com o filme “Weekend”, de Andrew Haigh. Tom Cullen e Chris New são os protagonistas de uma longa-metragem de baixo orçamento que pode descrever-se como: um breve encontro gay, duas pessoas a falar num quarto, ou aquilo que acontece quando duas pessoas se conhecem, dormem juntas e apercebem-se que se sentem mais atraídas uma pela outra do que esperavam.

Esta é uma descrição redutora que coloca o filme num plano igual a tantos outros. Mas aqui o foco não está na situação one night stand. Este filme mostra até a banalidade dos encontros casuais e destaca a importância do que não se costuma falar: a solidão e a necessidade de encontrar o amor.

Russel, nadador salvador numa piscina pública, conhece Glen, um artista conceptual, numa discoteca gay, sexta-feira à noite. Depois de uma noite de sexo, Glen pede a Russel que descreva as expectativas que tinha em relação àquela noite e o que sentiu quando, inevitavelmente, não se cumpriram. O objectivo de Glen era gravar o testemunho de Russel para um projecto de arte. O gravador foi uma ferramenta importante para começar a verdadeira acção e desviar o caminho que a narrativa tomava. A partir daquele momento a história toma contornos íntimos e sentimentais.

Russel e Glen sentem necessidade de passar o fim-de-semana juntos; sentem-se bem na companhia um do outro, apesar de serem pessoas muito diferentes. Glen está confortável com a sua sexualidade, é pretensioso e um pouco arrogante. Russel é mais introvertido, educado, e sente-se feliz quando está em casa (não se sente completamente à vontade na rua).

Os dois homens passam o fim-de-semana a falar, a discutir assuntos banais, relações, a sua sexualidade e a discrepância com o mundo heterossexual. As conversas têm humor, parecem despretensiosas, honestas e genuínas; sente-se que o amor pode ter chegado às suas vidas. Russel sente-se desenquadrado do meio onde vive: com o trabalho, com os amigos e com os colegas. Glen no fundo, apesar de não aparentar, também se sente desenquadrado. Isso é exposto quando, no final do filme, ele diz: “a América vai ser diferente”.

Os dois passam uma noite intensa, bebem, tomam cocaína e fazem sexo. Mas nessa tarde Glen vai partir para ir viver para a América. Russel, obviamente triste com a partida, ultrapassa o desconforto que sentia em falar com os amigos hetero (e com filhos) sobre “a sua vida gay”. Partilhou o que estava a sentir e até ganhou um momento Notting Hill. Mas este é um drama realista, eles despedem-se e Glen parte.

“Weekend” é um filme inteligente que consegue dizer algo a todos que o vejam.



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