Quest of Dungeons | Análise
"Uma obra de amor" intemporal, literalmente nas nossas mãos!
Depois de ter sido tão bem recebido pela comunidade do Steam em 2014, foi na passada Quinta-Feira que a eShop da Nintendo deu as boas vindas ao primeiro jogo português. Chama-se Quest of Dungeons e trata-se de um roguelike por turnos, criado por David Amador, que nos conta a história do reino Virul que se viu desprovido de luz graças aos poderes maléficos de um tal Senhor das Trevas. Antes de lhe fazermos frente há que escolher a classe do nosso herói. Ao todo são quatro as que podemos escolher: Warrior, Wizard, Assasin ou Shaman mas sejam perseverantes e quem sabe se não ganharão acesso a mais uma classe. Quatro imponentes classes, quatro imponentes e versáteis heróis prontos a fazer frente às forças do Senhor das Trevas no caminho para o derrotar. Ultrapassado o ecrã de selecção de personagem, Diogo Amador responde à pergunta: O que é que acontece às personagens que ficam para trás quando a que seleccionamos avança sozinha pronta a dar início à sua perigosa aventura? Sentados à lareira, será que ficam a recordar-se do tempo que passaram juntos? Será que ficam a torcer pelo nosso herói? Será que lamentam o facto de este não ser um jogo co-op no qual poderiam também eles fazer parte da nossa aventura? Não. Basicamente riem-se da nossa cara com comentários do género: “Este tipo está tão morto…”
Em Quest of Dungeons cada movimento da nossa parte corresponde a um turno e se quisermos sobreviver para contar a nossa história, temos de calcular muito bem as nossas acções. Isto porque paralelos aos nossos movimentos estão também os dos nossos inimigos que tudo farão para impedir o nosso progresso. A morte é permanente, por isso reforço que todo o cuidado é pouco. Apesar de toda a seriedade descrita em cima, o facto é que a boa disposição é uma constante, o que só ajuda a que o tempo que passarmos com Quest of Dungeons nos deixe sempre com um sorriso na cara.
O caminho para o sucesso torna-se evidente assim que começamos a nossa aventura. O constante derrotar de inimigos permite-nos amealhar os preciosos pontos de experiência que irão permitir o o level up da nossa personagem mas só isso não é suficiante. Para que a nossa aventura seja duradoura, a feliz gestão dos nossos consumíveis é mais do que crucial. Se estiverem mesmo quase a evoluir e precisarem de recuperar alguns pontos de vida, o que preferem gastar, um pedaço de comida ou uma poção? Escolham a segunda, como eu fiz na primeira vez que joguei e acreditem que se irão arrepender mais tarde, quando ela realmente vos fizer falta. Claro que isto é apenas a ponta do iceberg e só a jogar é que realmente irão aprender a contornar as dinâmicas mais complexas de Quest of Dungeons, como por exemplo: Quando é que é pertinente atacar um inimigo ou simplesmente atravessar a sala e deixá-lo para trás? Quanto mais tempo jogarem mais fortes vão ficando e mais fácil poderá ser o derrotar de várias criaturas. Ainda assim, nunca subestimem Quest of Dungeons! Um passo em falso pode dar aso a que fiquem encurralados e pisar armadilhas pode levar a ferimentos difíceis de sarar e que nos podem fazer repensar o restante progresso pela Dungeon em questão. Este é um jogo que nos quer matar e ora estamos a sorrir, ora estamos a ranger os dentes, aflitos, de tão iminente que está a morte do nosso bravo herói.
Felizmente que David Amador coloca nas nossas mãos um jogo que convida o nosso regresso. Cada classe oferece uma forma diferente de jogar Quest of Dungeons e essa versatilidade só aumenta quando nos apercebemos do vasto leque de habilidades que podemos recolher à medida que progredimos. Só que o principal factor que impede que a repetição se instale é o facto de este ser um jogo processualmente gerado. Trocando por miúdos, nunca nenhuma dungeon será igual a outra. Os inimigos irão surgir em áreas diferentes, bem como os famigerados bosses. Será que irão dar de caras com um logo de início? O mesmo acontece, claro, com os consumíveis e peças de equipamento que podemos encontrar. Visualmente não podia ser mais simples e, como está, não trocava o grafismo que adorna este jogo por nada. Num forte tributo à era clássica dos videojogos, a sua bidimensionalidade pixelizada assenta que nem uma luva na atmosfera que David tenta transmitir ao jogador. A boa disposição é uma constante mas também o são os perigos que espreitam a cada porta que atravessarmos ou a cada vão de escadas que descermos.
Se já no PC a sua jogabilidade fez sentido, irrepreensível é o que podemos dizer da sua chegada à Wii U e família de portáteis da Nintendo. Duas plataformas significam mais duas formas de jogar Quest of Dungeons. Enquanto que na Wii U podemos desfrutar do ecrã do GamePad para consultar o mapa do jogo, podemos também com ele jogar remotamente sem ser preciso recorrer à televisão. Tudo isto no aconchego do lar mas para os fãs da portabilidade das suas aventuras a 3DS também se mostra como uma plataforma ideal para morrerem… desculpem alcançar a vitória em Quest of Dungeons. Além da dualidade de ecrãs que vos permite uma boa gestão de toda a vossa aventura, está também incluída uma funcionalidade StreetPass que permitirá aos jogadores trocarem “Ghosts” entre si. Quando um jogador perde, a consola regista a informação, equipamento e inventário do seu jogo e, após fazer StreetPass com outros jogadores, é possível que o Ghost do outro jogador entre na sua partida. Derrotem esse Ghost e recolham todas as suas armas e itens! Indecisos sobre qual a plataforma onde jogar? Não se preocupem, a aquisição de Quest of Dungeons na eShop da Nintendo, por €8,99, garante ao jogador a capacidade de Cross-Buy, ou seja, comprem o jogo para a Wii U e este será desbloqueado para a 3DS e vice-versa.
Se são fãs de uma boa aventura RPG, roguelike ou não, Quest of Dungeons tem a capacidade de vos prender durante umas boas horas e como tal é incontornável para qualquer fã do género. Os jogadores mais experientes irão atravessá-lo no espaço de duas a três horas mas ainda assim ficam mais três (ou quatro) classes para experimentar e novas mecânicas para dominar. O sucesso de Quest of Dungeons aquando do seu lançamento em 2014 já deu provas de que este é um jogo a ter em conta e a sua chegada à Nintendo dá provas de que a diversão que nele podemos encontrar é intemporal. O quê, estão a pensar em comprar o jogo? “Estão tão mortos…”
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