Ready! Set! Go!

Dapunksportif à conversa com a RDB.

Tentem imaginar os Queens Of The Stone Age a percorrerem a route 66 a alta velocidade, num Chevy Coupe, para irem tocar a uma festa com os AC/DC, na costa leste dos Estados Unidos da América. Se o conseguirem, terão uma fotografia aproximada do que são os Dapunksportif.

Naturais de Peniche, os Dapunksportif são Paulo Franco e João Franco, dois nomes que os mais atentos ao movimento punk português devem reconhecer de projectos passados. Formados em 2004, os Dapunksportif já contam na sua breve biografia com várias passagens de relevo: em 2005, foram os convidados de honra dos Xutos & Pontapés para tocarem no encerramento da digressão “3 Desejos”, no Coliseu de Lisboa; no ano seguinte, foram finalistas no conceituado concurso de Música Moderna de Corroios; e ainda antes de lançarem o álbum de estreia, viram o teledisco do single «I Can’t Move» ser destaque na MTV.

Com tudo isto, aliado a uma série de concertos explosivos espalhados um pouco por todo o país, tornava-se indispensável a estreia em disco dos Dapunksportif. O que veio a acontecer sob o selo da Rastilho Records, intitulado “Ready! Set! Go!”.

“Ready! Set! Go!” é o melhor cartão de visita que se podia exigir aos Dapunksportif. Apenas com sete temas e uma componente gráfica superior ao que estamos habituados em Portugal (para quem duvida basta atentar ao vídeo de «I Can’t Move»), é um álbum vestido a cabedal para arrastar pelo alcatrão a alta velocidade – um hard-rock musculado e visceral, que pisca os dois olhos simultaneamente aos Queens Of The Stone Age, aos AC/DC e até aos New York Dolls.

Para já, é um dos álbuns nacionais do primeiro semestre de 2006. E arrisca-se mesmo a ser um dos melhores do ano. Em Dezembro cá estaremos para o conferir. E enquanto esperávamos, fomos conversar com eles. Senhoras e senhores, os Dapunksportif.

Rua de Baixo – Ready, set, go – qual é a meta dos Dapunksportif?

Criar boas músicas, ter muitos e bons concertos e se for possível viajar.

È visível uma certa fixação da banda no imaginário norte-americano – o alcatrão, a estrada, o deserto… Esta viagem musical dos Dapunksportif faz-se exclusivamente pela route 66 ou sofre outros desvios (leia-se influências)?

As nossas influências musicais vêm, maioritariamente, de bandas de rock’n’roll anglo-saxónicas. O rock sempre esteve sintonizado com as nossas vidas. É um caminho sinuoso que faz umas curvas em outros géneros musicais, sem perder o rumo.

Nota-se também que vocês prestam uma atenção especial à componente visual da banda. Em Portugal não é uma tendência muito comum, pois não? Porquê?

Não sabemos. Somos do tempo em que a compra de um vinil significava passar umas horas a apreciar a capa, as fotos, as letras e os pormenores que pudessem revelar algo mais sobre a banda. Foi com esse espírito estético que concebemos este trabalho. A relação entre som/imagem reflecte aquilo que somos.

A vossa experiência em projectos anteriores tem beneficiado os Dapunksportif?

Sem dúvida. Os projectos anteriores permitiram-nos ter uma noção de como é que a “máquina/indústria musical” funciona. É um meio que pode levar-te a criar expectativas que facilmente podem ou não sair goradas. É importante ter objectivos bem delineados e acções concertadas.

Tenho de fazer esta pergunta: porquê o nome Dapunksportif?

Tudo nasceu de um trocadilho que, por acaso, reflecte os nossos gostos musicais e um modo de vida com fortes ligações à actividade físico-desportiva. Assenta-nos como uma luva.

Vocês foram convidados pelos próprios Xutos & Pontapés para encerrar a digressão “3 Desejos”, no concerto referente ao “2º Desejo”. Que significou esse momento? Os Xutos dizem-vos alguma coisa?

Estamos eternamente agradecidos ao Xutos pela oportunidade que nos deram. Para nós foi um sonho realizado e uma sensação indescritível. Tocar as nossas músicas num Coliseu completamente cheio, com grande som e sentir o público a aderir ao nosso rock é extremamente reconfortante e encorajador para o futuro. Além disso, os Xutos são uma referência para qualquer músico português, tanto pelas suas músicas, como pelo carisma que possuem e nós não ficamos indiferentes a isso.

E conseguem imaginar-se a tocar o «I Can’t Move» daqui a 30 anos?

Sim, essa e muitas mais. Temos o vício do rock a correr-nos nas veias e não nos queremos tratar.

Com o lançamento do álbum de estreia, “Ready! Set! Go!”, apresentaram também o teledisco do single de apresentação, «I Can’t Move», que esteve bastante tempo em destaque na MTV. Surpreendeu-vos essa exposição mediática tão rápida?

Temos recebido bastante feedback positivo, quer em relação à música, quer em relação ao teledisco, o que é muito gratificante. Quando iniciámos a parceria com a Slingshot [empresa que realizou o vídeo] tínhamos como objectivo aliar o som e imagem para dar vida à história do tema, recorrendo à animação por computador e achámos o resultado muito bom.

Sem o álbum ter saído e já com o vídeo a rodar na MTV, no programa BrandNew, é de facto uma exposição mediática rápida e um sinal de que Portugal começa a ter mais meios para a divulgação dos artistas nacionais. No entanto, achamos que ainda há muito caminho por percorrer nesta área.

O rock em Portugal também tem atravessado uma pouco habitual fase de grande vitalidade. Tendo vocês já uma longa experiência em projectos anteriores, como é que vêem esta cena musical actual?

Em termos de bandas e projectos já com alguma exposição internacional estamos no bom caminho, é pena é que o circuito nacional de bares e clubes seja escasso e com falta de condições para a realização de bons espectáculos. Temos saudades do Johnny Guitar…

Eis chegado o momento de fazer a pergunta da praxe: quais são os vossos planos para o futuro próximo? Há possibilidade de passarem pelo estrangeiro?

Por agora passa por mostrar o álbum ao vivo, tanto por Portugal como pelo estrangeiro. Já temos novas composições na forja, assim como a ideia para um novo videoclip. Licenciar o trabalho lá fora seria óptimo…vamos com calma.

O disco dos Dapunksportif, “Ready! Set! Go!”, já se encontra à venda por todo o país e pode ser encomendado no site da Rastilho Records.



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