Red Bull House of Art
Arte dupla-face na Lx Factory.
Uma casa portuguesa, com certeza, reinventada, não sobre a batuta da canção, mas antes pela inspiração contemporânea e desafiante dos novos talentos das artes.
Situada em plena Lx Factory, sob a vista desafogada da cidade alfacinha, a marca criou, mais do que uma estrutura, uma casa que funde os desafios da residência com as metas de produção visceral, com vista ao estímulo criativo e elevação da consciência prática da arte.
Desenvolvida simultaneamente em Lisboa e na outra ponta da língua em São Paulo, a Red Bull House of Art não pretende ser uma escola de artistas, com receituário de expressão. Exercendo um efeito educativo, será sob a perspectiva da experiência que integra os campos da Criação, Residência Artística e Exposição Não Convencional pautados por critérios de uma curadoria de excelência. E esta orquestração já dura há quase um ano.
Os artistas rodam no leque dos escolhidos pelo inconformismo, respondendo ao convite para habitarem um espaço cuja dupla-face absorve tanto de galeria como de atelier, e onde a produção insiste no reinventar do próprio espaço [como tela em branco] e das técnicas a ele aplicadas/com ele desenvolvidas, pela sua natureza e condições fornecidas a partir do momento em que se sobe a imponente estrutura de andaimes que nos faz bater à porta.
A curadoria surge aqui com mais do que um factor “credibilizante”: referências da cena artística nacional, cuja visão sobre as potencialidades e desafios actuais nos encaminham, com olhar atento, para a oportunidade dada a artistas individuais e colectivos que se vêem encorajados a explorar mais do que um estilo, a criatividade, a níveis surpreendentemente inovadores.
E o “rodar” dos protagonistas é bem conseguido sem desmérito algum. As residências impõem aquilo que a nós próprios não exigimos: timings, prazos, metas. As sucessivas entradas na Red Bull House of Art duram entre 10 a 14 semanas, implicando a subsequente exposição do trabalho desenvolvido, com direito a inauguração e Open House, a palavras dos artistas e dos curadores envolvidos, para que nada escape ao olho ou aos sentidos dos visitantes, em território inusitado… no torreão, provavelmente, mais desejado da capital.
Este ano a marca já deu asas aos artistas Jorge Maciel, que apresentou “A treinar para a Sibéria”, e Filipe Felizardo com “camera Avis Struthia”, sob a curadoria respectiva de Filipa Oliveira e Natxo Checa.
Agora é a vez d’Os Espacialistas, colectivo sob a alçada do curador Delfim Sardo, e que soma os pontos de contacto entre a arquitectura e arte. Com eles trazem “O Piscocenho”, apresentado ao público após dois meses e meio de residência artística, contando com uma visita guiada pelo próprio curador em dia de inauguração, no próximo dia 11 de Novembro às 21h. As portas estarão abertas entre as 19H00 e as 23H00, coincidindo com o Open Day na Lx Factory. Logo, se as visitas ao pólo criativo e suas estruturas são a ordem do dia na próxima sexta-feira, esta é sem dúvida é um visita a marcar na agenda, com caneta colorida.
Delfim Sardo, nas suas próprias palavras:
(…) Todo o projecto gira em torno da ideia da ocupação da estrutura arquitectónica e da sua conversão num dispositivo para a residência proposta, ironicamente dividindo o espaço nas funções vitais essenciais, bem como nas funções requeridas por um processo de investigação e de metamorfose do espaço (…). O título do projecto refere-se a uma armadilha para caçar pássaros, um dispositivo que é aqui apropriado como parte da estrutura de inúmeras referências que convertem a residência d’Os Espacialistas num complexo jogo de alusões e transformações, acções e desenvolvimento de projectos, numa teia onde Joseph Beuys, Alfred Jarry, Dziga Vertov, George Perec, Antoni Muntadas, Gonçalo M. Tavares ou Henri Lefebvre se acotovelam para construir um puzzle que cabe ao espectador tentar montar.”
Para inspirar a partir de sexta-feira 11 de Novembro, com exposição de 12 Novembro a 10 Dezembro – de 3ª a sábado, das 14h as 19h.
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