Reggae
Está por todo o lado. Para além de surgir nos anúncios de TV, festivais de verão e rádio, o reggae tem cada vez mais admiradores. Tentámos descobrir a razão do hype.
Sempre que chegamos ao Verão parece haver um pouco o renascer do reggae. Seja porque o tempo, as férias ou à-vontade desta época o favorece, seja porque os bares de praia (e não só) se lembram de voltar a pôr aquela faixa que toda a gente conhece e que cai sempre bem enquanto se bebe uma qualquer bebida para fazer esquecer o calor que faz. No entanto, 2005 parece ser um ano em que a oferta, tanto em qualidade como em quantidade, é demasiada para ser ignorada. Nomes grandes do género, como a dupla Sly & Robbie, um palco completamente dedicado ao reggae no Festival do Sudoeste, festas por todo o lado chamam a atenção para o fenómeno.
Estes foram os aspectos que nos levaram a contactar bandas e entidades ligadas ao género para tentar perceber se simplesmente atravessamos uma moda e, como qualquer outra, vai desaparecer, ou se, pelo contrário, o reggae está com mais força que nunca. As respostas foram escassas, com apenas duas conhecidas “entidades” a disponibilizarem-se para desmistificar a coisa: a Família Fazuma, conhecida pelos programas de rádio que tem vindo a desenvolver, primeiro na Rádio Marginal e agora na Antena3; e Paulo Matos, da Reggae Portugal Productions.
Ficámos logo a saber que há, na verdade, um fenómeno de massas em torno do reggae. Paulo Matos acha que, entre as razões que se podem apontar, “as festas, os concertos mais regulares têm contribuído” para este hype, bem como os Media, que “neste momento estão a ter um papel preponderante, muito por culpa da ‘força’ e da facilidade audiovisual que têm para chegar ao público.” Já a Família Fazuma vê tudo isto com muita naturalidade uma vez que “Portugal esteve um pouco fechado à cultura do baixo, do groove, durante muitos anos. Esta nova geração tem outros hábitos e outro acesso à informação. Há também uma mestiçagem da população portuguesa”, que ajuda à proliferação do gosto pelo reggae”. As razões para tal parecem ser simples: “o reggae fala de coisas do dia-a-dia, de amor, de paz e harmonia” algo que “todos percebemos e desejamos”, segundo a Fazuma.
Quanto ao facto de ser moda ou não, as opiniões divergem um pouco. Para a Família Fazuma, é capaz de ser uma moda passageira, mas “quando passar a paixão, vai ficar o amor pelo reggae.” Uma vez que atravessamos uma fase de descoberta, “algumas pessoas até podem estar a ser levadas numa onda com a qual não se identificam plenamente, mas até essas vão ficar a gostar de reggae,” diz-nos. Já Paulo Matos espera não ser uma moda, que “crie raízes profundas, embora para isso seja necessário criar mais estruturas, refiro-me por exemplo a nascerem vários programas de rádio com abrangência nacional e porque não também um programa de televisão.”
O aumento do airplay dado nas rádios ao reggae que se tem vindo a verificar ultimamente é um dos principais veículos de divulgação deste tipo de música, algo que, para Paulo Matos, “é uma excelente oportunidade para o público que só conhece Bob Marley e Peter Tosh (que foram sempre os artistas que os media lhe apresentaram) conheçam algo mais.” A Fazuma acredita que “há mais airplay nas rádios, mas também há mais bandas e há mais público interessado. Mais do que um renascer, estamos a descobrir o reggae.”
Desengane-se quem pensa que a realidade portuguesa permanece alheia a isto. A erupção de bandas que se apelidam de reggae tem sido enorme, o que pode ser mau. Para a Família Fazuma, “tudo o que tem uma guitarra a fazer ‘tcheke, tcheke, tcheke’, é catalogado de reggae, tudo o que é DJ e tem alguém a dizer ‘jah bless’ no microfone, é um soundsystem, tudo o que é festinha com um amigão a cruzar uns discos é uma ‘Reggae Party’. Com o tempo vai haver uma selecção natural. Vão ficar os bons. Há por aí muito potencial.” Para Paulo Matos, o que as bandas precisam em Portugal, é “de mais visibilidade para conseguirem mostrar todo o potencial que têm. Não podemos pensar que o Reggae em Portugal é só Kussondulola.”
Mas tem-se vindo a conhecer bons projectos em solo nacional, o que para Paulo Matos trará “sempre algo de novo, desde que cantem em Português.” E até deixa as coordenadas para aqueles que se quiserem aventurar na descoberta do reggae feito em português, que passam por nomes como Sativa, Souls of Fire, Prince Wadada, Montecara, Jahvai, One Love Family ou Mercado Negro. Para finalizar, a Família Fazuma acha que o actual protagonismo que o género vive abre “portas a uma sonoridade que até aqui era, eventualmente, levada menos a sério pelo mercado e que estaria fechada num circuito mais ‘underground’.” Para os que acham que têm potencial e fazem bom reggae, a Fazuma desafia-os a fazer uma maqueta e enviar-lhes.
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