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Resident Evil 7: Biohazard | Análise

"Welcome to the family, son!!!"

Foi no dia 24 de Janeiro que os fãs de Resident Evil puderam deitar as mãos à mais recente entrada na série. Já há muito que os produtores são alvo da acusação de se terem desviado da premissa dos primeiros jogos, em prol de mais acção e cada vez menos do terror, tão característico da série. Com o anúncio de Resident Evil 7: Biohazard a Capcom prometeu um assustador regresso às origens e para a malta da PS4 a oportunidade exclusiva de poderem ainda desfrutar de toda esta nova aventura recorrendo à Realidade Virtual. Como fã da série, foi com relativa impaciência que aguardei a chegada deste novo Resident Evil, sempre com a esperança de que viesse a ter em mãos uma experiência que voltasse a colocar a série no topo do género Survival-Horror. Será que foi desta?

 Não foi preciso esperar muito para começar a perceber de que forma é que este Resident Evil 7 reinventa a série. Logo no início, a perspectiva na primeira pessoa confere imediatamente uma nova forma de jogar e interagir com os cenários de Resident Evil e o facto do novo protagonista, Ethan Winters, fugir por completo ao já vasto e tradicional leque de personagens “experientes”, diga-se, no manuseio de armas e na arte do combate, só serviu para a pouco e pouco me ir mentalizando de que “isto não vai correr nada bem para este tipo.”

Acontece que ao receber uma mensagem gravada pela sua mulher – desaparecida há já três anos – numa cassete VHS, Ethan vê-se impelido a procurar por ela numa propriedade em Dulvey, no Luisiana. Está então lançado o mote para aquela que foi uma das semanas mais tensas da minha vida. A sério, volta e meia, antes de ir dormir, vá de assistir a um episódio de Modern Family no Netflix para descontrair… Bem-vindo de volta Resident Evil!

Tal como é costume nas nossas análises no Rua de Baixo, não vos vou estragar nada da história mas acreditem quando vos digo que a primeira hora deste jogo é arrebatadora em todos os sentidos. É nessa hora em que Ethan está mais vulnerável e desprovido de quaisquer peças de equipamento que lhe possam conferir alguma espécie de vantagem. Até agora na série, o terror de Resident Evil teve sempre como base uma explicação científica, muitas vezes desenvolvida nos vários documentos que íamos encontrando espalhados pelos cenários do jogo em questão. Mas o que é que acontece quando a ciência anda de mãos dadas com o sobrenatural? É precisamente o equilíbrio entre esses dois aspectos que faz de Resident Evil 7: Biohazard uma experiência incontornável no género Survival-Horror.

 

 A acção desenrola-se muito à semelhança dos primeiros Resident Evil onde muitas vezes, para progredir na história, há que resolver uma série de desafios. Estes surgem maioritariamente na forma de puzzles que muitas vezes requerem objectos específicos para os podermos resolver. Não são muito difíceis mas a exploração a que nos obrigam é extremamente gratificante. Andar de trás para a frente é, à primeira vista, enfadonho mas o facto de praticamente nunca nada estar como o deixámos quando voltamos a um local confere sempre um misto de novidade e de tensão que poucos jogos do género conseguem transmitir. Aquando do anúncio do jogo, confesso que manifestei alguma reticência quanto à perspectiva na primeira pessoa mas quando comecei a jogar essa reticência desvaneceu-se. Nesta perspectiva a Capcom obriga-nos a obeservar ao mais ínfimo detalhe os cenários em que nos encontramos em busca de itens, algo que na terceira pessoa seria impossível com o protagonista a preencher metade do ecrã.

Os perigos são vários e variam entre monstros aos membros da própria família Baker, afinal de contas os antagonistas que teremos de superar para garantir a nossa sobrevivência. Tal como disse a primeira hora é marcante, tal não é a nossa vulnerabilidade mas, com o passar do tempo, Ethan começa a ter em mãos “argumentos” bastante interessantes para fazer frente a esta “simpática” família que, pela forma como surge nos cenários,faz lembrar o Nemesis de Resident Evil 3. Só que há que ter cuidado com a gestão do inventário. A exploração é uma obrigatoriedade e, desde ervas medicinais a munições ou até mesmo armas, há que saber analisar quando é que devemos transportar o quê. Felizmente os locais onde podemos gravar o jogo são vários e praticamente todos eles incluem um baú onde podemos guardar um número infinito de itens, o que nos permite respirar fundo e gerir meticulosamente o nosso inventário de modo a que a nossa expedição continue a nosso favor.

 

Não posso deixar de concordar com o facto de o jogo nos querer transmitir uma sensação de emergência no que diz respeito à selecção de itens que transportamos connosco mas é pena que os objectos chave para a progressão da história não tenham um separador próprio. Além disso, se tenho algo mais a apontar é também a postura de Ethan ao longo da história. O trabalho de voz é de grande qualidade neste Resident Evil mas é pena que o nosso protagonista pouco ou nada tenha para dizer, o que torna difícil estabelecer um laço com ele. Felizmente que este é apenas um revés que pouco ou nada compromete a experiência de Resident Evil 7. De início ao fim, mesmo que ultrapassada a tal primeira hora e já estejamos a ficar algo habituados e à espera que algo aconteça, surpresas e sustos nunca deixam de ocorrer. Vale a pena passar esta aventura até ao fim e ver como é estabelecida a ligação com a história oficial da série.

A história tem lugar sobretudo na propriedade dos Baker e a Capcom não se poupou a esforços para que “medonho” e desconcertante sejam as palavras de ordem. Disse “sobretudo” mas há sempre espaço para uma nova descoberta que nos leva a novos locais tão ou mais ameaçadores ou que nos coloque na perspectiva de outra personagem e por isso a história nunca cai no aborrecimento e repetição é palavra que nunca proferi ao jogar a este título. Todas as preocupações que tinha sobre como a Capcom estava a tratar desta série desapareceram por completo com Resident Evil 7: Biohazard. Apesar de ser difícil estabelecer um laço com Ethan, o desejo de levar esta história ao fim é crescente e finalmente é seguro dizer que os fãs têm em mãos o tão desejado regresso às origens. Resident Evil 7 Biohazard é um título obrigatório e isto não só para quem é fã da série mas sobretudo para qualquer fã do género Survival-Horror.



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