Rock in Rio 2012 | Dia 1 (25.05)
É oficial. A época dos Festivais de Verão já começou e em grande estilo
O Rock in Rio regressa a Lisboa para mais uma edição onde não há grandes novidades, mas há boas combinações e alternativas ao palco principal. Na noite dedicada ao metal, o primeiro dia de Rock in Rio 2012 fez-se valorizar pela espectacular apresentação dos Mão Morta em conjunto com Mundo Cão no palco Sunset e pelo regresso dos Metallica. Dentro do recinto, 42 mil pessoas fizeram a festa.
A tarde estava ventosa e o pó fazia-se sentir na pele. À chegada do recinto já era considerável o número de pessoas no interior do mesmo e também a quantidade de pessoas que estava à espera para entrar. Logo à primeira observação, é visível a quantidade de stands que representa cada sponsor e as filas para a entrada e exploração de brindes já se começava a forma. Os Mão Morta tiveram o privilégio de abrir o certame no palco Sunset e brindaram-nos com uma mega actuação. «Aum», cantada pela primeira vez em 1988, «Amsterdão», «Barcelona», «Vamos fugir» e «Paris» fizeram parte do alinhamento. Uma autêntica viagem pela carreira da icónica banda de Braga que fez o público vibrar muito intensamente. Mas o concerto não terminou aqui. Deu-se o encontro entre dois outros grupos bracarences: primeiro “a surpresa mais mal guardada de toda” segundo Adolfo Luxúria Canibal – os Mundo Cão, que interpretaram «Novelos de Paixão», tema dos Mão Morta, e «Morfina». E em segundo lugar sobe ao palco Valter Hugo Mãe a representar a sua banda, Governo, para interpretar «Ordena que te ame». “Esta sim, foi a surpresa mais bem guardada da tarde” disse no final Adolfo Canibal, após uma dança carismática e uma interpretação genial. Seguiu-se «Cão da morte», «Morro do altar de ti», com Adolfo ajoelhando-se no final perante o público e, para terminar em beleza, «Anarquista duval» com os três intérpretes em palco. Ao longo do dia, e questionando algumas pessoas, foi, sem dúvida, um dos melhores concertos do dia.
Terminado o concerto, o espaço envolvente é bastante apelativo. O espaço Rock Street, uma das novidades deste ano, promove a arte da Street Dance e ninguém pareceu estar indiferente às apresentações que tiveram lugar naquele espaço. As filas para adquirir alguns brindes, como mini sofás insufláveis, óculos gigantes, entre outras coisas, quase que atingiam quilómetros de comprimento. Enquanto no palco Mundo alguém dava as boas-vindas aos presentes, os We Are The Damned subiam ao palco Showcase da Vodafone e não se saíram nada mal. O público curioso ia-se aproximando e os conhecedores do grupo faziam um mini mosh. Arrojado foi um membro da banda fazer crowdsurf. Como o calor também se fazia sentir, ainda houve quem despisse as suas camisolas e andasse só de soutien ou em tronco nu (no caso dos rapazes, obviamente). O líder da banda fez questão de agradecer à organização e de alertar que “este tipo de bandas também faz digressões”.
Enquanto se espera pela primeira banda da noite, a multidão dispersa: uns correm feitos loucos para a primeira fila, outros fazem slide ou andam na montanha russa. Desta vez, para além da venda ambulante de cervejas, também há águas e Pepsi. Mas perto das 18 horas, já com 20 mil pessoas dentro do recinto, os Sepultura subiram ao palco com os Tambous Du Bronx, um grupo vindo directamente de França e que foi quase perfeito na interpretação em «Mixture/Refuse». “Puta que pariu! É muito bom voltar a tocar aqui e obrigado ao Rock In Rio” e a multidão entra em piloto automático de um quase puro êxtase de alegria. Havia quem estivesse com muito calor e decidisse rasgar um bocado das calças de ganga e utilizasse como arremesso as sobras para o meio do público.
No palco Sunset, os Ramp, em conjunto com Teratron e posteriormente os Kreaton, quase que rebentaram a escala de público entusiasta e cheio de energia no corpo. Um estilo mais pesado, mas que se adequa aos gostos de muitos dos presentes. No palco principal, depois de trocas e baldrocas de informação com os horários do cartaz, sempre se seguiram os Mastodon. É visível a forte perseverança de um público fiel e apaixonado por todo o significado emblemático da banda. Apresentaram o seu mais recente trabalho, rodeados de amplificadores e com o vocalista a fazer caretas e a terminar o concerto com um “Obrigado. Fuck yeah”! Oh yeah!
A contrastar com a apoteose de Mastodon, o regresso dos Evanescence não foi um fiasco, mas confirmou-se o esperado. Entre os hits «Going Under», «Lithium», «Sober» e, para encerrar, o mega sucesso «Bring Me To Life», a prestação de Amy Lee deixou muito a desejar. A sua voz quase que não ecoava no recinto ou, quando se fazia ouvir, não era perceptível. De todas as maneiras, a interacção com o público e do público com a banda até que correu bem. Houve um revivalismo à adolescência na maior parte dos festivaleiros e muitos braços no ar. Contudo a voz… deixou muito a desejar.
O último concerto do espaço Showcase Vodafone foi dado pelos portugueses Devil in Me que com o seu punk-rock conseguiram maravilhar os espectadores transmitindo uma grande energia e vivacidade.
E eis que chega o momento que todos (ou 76% das pessoas presentes, segundo as estatísticas oficiais) mais aguardavam. Metallica, pela terceira vez neste festival, maravilharam, encantaram, marcaram a sua performance no certame. Contudo, sem muitas surpresas. O alinhamento estava marcado fortemente, ou melhor, integralmente, pelo seu álbum homónimo mas mais conhecido como “Black Album” e ninguém pareceu decepcionado com isso. Êxitos como «Nothing Else Matters», «Sad But True» e «Enter Sandman» desenharam autênticos movimentos frenéticos entre danças em modo epiléptico ou braços no ar como se seguissem o seu líder. Para o encore ficou «One» e «Seek and Destroy» que encerraram o concerto de forma apoteótica, cheio de fogo-de-artifício, dando luminosidade ao dia mais “negro”. Foi engraçado e surpreendente ver algumas bandeiras da Croácia, Irlanda e até Argentina por entre os fãs do grupo.
O balanço final é positivo e assim deverá continuar.
Reportagem do segundo dia do Rock in Rio 2012 aqui; terceiro dia aqui; quarto dia aqui; quinto dia aqui.
Fotografia por Manuel Casanova. Galeria do primeiro dia do Rock in Rio 2012 disponível aqui; segundo dia aqui; terceiro dia aqui; quarto dia aqui; quinto dia aqui.
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