“Rolando Teixo” | Pedro Bidarra

“Rolando Teixo” | Pedro Bidarra

As desventuras do homem-árvore

Depois de Ana Zanatti e Joana Pereira da Silva terem tido a honra de iniciar a coleção “Poucas Palavras, Grande Ficção”, a editora Guerra & Paz lança agora “Rolando Teixo”, um livro da autoria de Pedro Bidarra, que versa sobre a natureza solitária de um homem normal cuja banalidade da existência é assombrada por uma série de acontecimentos que o levam a refugiar-se numa natureza especial.

Depois da experiência como psicólogo, pianista, professor de composição, produtor de discos e homem da rádio, Pedro Bidarra, um dos maiores nomes nacionais do ramo da criatividade publicitária, oferece-nos agora, em formato livro, pedaços da vida de Rolando, um bancário que se vê a braços como uma transformação psicológica e física que vai mudar a sua vida.

No fundo, este novo tomo da coleção “Poucas Palavras, Grande Ficção” surge, mais uma vez, como a confirmação que não são necessárias muitas páginas pare se escrever um excelente romance. Em “Rolando Teixo”, Bidarra consegue transmitir um certo clima de anormalidade, de desconforto face a uma vida que a banalidade rotineira pode destruir a cada dia que passa e, como uma transformação – ainda que surreal -, pode representar uma esperança pensada perdida.

Mais importante que ter um carro de alta cilindrada, um emprego ou uma vida “arrumadinha”, é a sensação de se estar vivo, de sentir a alma crescer ainda que de forma metaforicamente vegetal e que contraria o curso normal da vida.

Fingir ser aquilo que não somos, seguir uma existência sem raízes que faz corpo e alma explodir em metades que não conseguimos unir, leva a olhar a vida como uma doença sem explicação e que faz jurisprudência com a realidade que se abraça.

“Rolando Teixo” é uma viagem pelo interior de um homem desalmado, que se refugia nos jardins de uma cidade invernosa que liberta raios de sol e esperança quando menos se espera; e que é dona de um silêncio que abafa qualquer ruído saído de um noticiário, que apenas serve de banda sonora para quebrar a monotonia que uma relação desgastada oferece.

Por vezes os finais felizes surgem de forma inesperada e manifestamente diferente. “Rolando Teixo” faz a ponte entre o homem-máquina e o ser vivo que precisa de amor e carinho, de alma, e é um livro para todos os que gostam de segredos e, essencialmente, de uma boa estória.



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