Rufus Wainwright Review
Num registo único por terras lusas, o canadiano invadiu ontem a Aula Magna.
O cantor canadiano Rufus Wainwright subiu ontem, dia 13, ao palco da Aula Magna em Lisboa. Despojado da sua banda, trazendo consigo apenas um piano de cauda e três guitarras, Rufus cantou como se estivesse num qualquer loft em Nova Iorque mostrando aos seus amigos o resultado de quatro discos, incluindo-se aqui uma antevisão daquele que será o seu novo trabalho, Want Two.
Os pequenos espaços parecem ser os ideais para este tipo de concerto intimista. E o de Rufus não foi excepção. Toda a plateia parecia estar sentada no sofá de casa, a ver e ouvir alguém já conhecido fazer aquilo em que se sente bem, cantar. Não fosse o facto das colunas do lado direito da plateia causarem uma imensa distorção e seria mesmo um registo perfeito. Não que isso interessasse muito, porque Rufus conseguiu fazer com que ninguém ligasse a esse pormenor.
Intercalando entre o seu piano de cauda e as guitarras, o cantor dirigia-se ao público qual um miúdo extasiado com o facto de saber que tinha toda a atenção virada para ele e para a sua voz. Chegou mesmo a admiti-lo quando pediu para que as luzes, momentaneamente desviadas da sua pessoa, voltassem a focar o que interessava naquele espaço, ele próprio. “É o síndrome de Madonna”, dizia enquanto que arrancava risos à sua audiência. Verdade seja dita, ninguém estava ali para mais nada. E o facto de a banda não estar a acompanhá-lo apenas se fazia notar quando ele próprio o referia ou quando alguém do público lhe pedia para tocar músicas impossíveis sem a mesma. Mesmo assim, arriscou em fazê-lo com sucesso. “Go or Go Ahead” foi a escolhida e não saiu nada mal.
Entre confissões dos seus pensamentos políticos (quem o ouvisse pensava que ele era americano), das suas opções sexuais e outras que mais, Rufus trouxe um convidado especial para o palco quando tocou “Memphis Skyline” e “Hallelujah” (actualmente o hino gay, facto que ele não deixou de ironizar). Falo do cantautor Jeff Buckley, aqui homenageado por Rufus de forma irrepreensível. Explicou também porque gosta tanto da Europa: “Há aqui tantas pessoas mortas interessantes”.
Nas quase duas horas de concerto, o canadiano mostrou porque tem criado uma legião de fãs. Nos temas que por ali desfilaram, como “Pretty things”, “Matinee idol” (mais uma canção “sobre gente morta”, desta vez sobre River Phoenix) ou “Compliante de la butte” (cantada em francês fluentíssimo), a justificação tornava-se cada vez mais óbvia. A sua voz é envolvente e confortante e capaz de suster notas altíssimas, captando toda a atenção de quem o ouve.
Houve ainda direito a dois encores que começaram com “Cigarettes & chocolate milk” e “Poses” e a promessa de que voltaria… desta vez com a banda. As opiniões dividiam-se. Entre os que achavam este formato mais pessoal e confidencial, havia também quem achasse que com a banda o concerto teria tido outro gostinho. As dúvidas serão tiradas no seu próximo concerto.
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