Os dias da Sara
Ilustrações de um mundo que existe para lá do "nove às cinco"
Era uma vez uma menina chamada Sara que arrumou a paixão pelas artes na gaveta e apanhou os comboios que os outros lhe foram sugerindo e que determinaram aquilo que a sua vida é hoje.
“Quando fui convidada a decidir a minha vida, no 9º ano, acabei por escolher Humanidades. Mais tarde embarquei no curso de Ciências da Comunicação, na Universidade Nova. Escolhi a área de Cinema para realizar o meu estágio, onde fui assistente da assistente, durante três meses.”
Ao terminar a faculdade, Sara foi trabalhar. Este “trabalho de verão” dura até… agora. Sara está na área de atendimento ao público e o provisório foi-se tornando definitivo. Entretanto, o “bichinho” da arte manifestou-se e inscreveu-se num curso de design gráfico, na Restart. Teve a oportunidade de ilustrar um livro, o “Palhincócegas” de Alexandre Honrado, publicado pela Editora Planeta Júnior.
E esta estreia na ilustração foi “em grande”, uma vez que o livro foi considerado um dos cem melhores livros portugueses para crianças, pela revista “La Revue des livres pour enfants”, que é “só” a mais importante publicação francesa especializada em literatura infantil e juvenil. Além disso, o livro foi destacado como um dos 150 melhores livros na Feira de Bolonha de 2012.
A Sara envia currículos na esperança de conseguir um trabalho na área do design. As respostas variam entre o “o seu CV passa agora a constar da nossa base de dados” e o silêncio.
Num dia de chuva, quando apanhava o autocarro e levava um saco de papel pela mão, Sara tem uma visão de estilo “American Beauty”(lembram-se do saco de plástico ao vento?): um tupperware a flutuar numa poça de água. De repente, apercebe-se que o tupperware era seu e que o saco de papel onde o transportava se tinha desfeito com a chuva. Nesse dia fez uns rabiscos sobre este episódio. Daí a criar um blog foi um instante.
Todas as estórias que encontramos no blog Sara-a-Dias são suas e foram vividas por si. “É uma espécie de diário de uma “mulher-a-dias” no seu emprego e que no resto do tempo vive e rabisca os episódios caricatos que vive.” – diz-nos Sara. “Trabalho das 9h às 17h e depois disso tenho “todo o tempo do mundo” para me inspirar nos rabiscos. É a minha terapia, pode dizer-se.”
No blog encontramos experiências que podem ser comuns a muitos de nós. Sara apercebe-se disso pelos “likes” e comentários que recebe na sua página do facebook. “Deixei de fazer yoga e pensei “ah eu depois faço isto em casa”, mas a verdade é que sem aquele compromisso acabo por não fazer nada. O blog e a página do facebook obrigam-me a uma disciplina ao nível da ilustração.” – Sara cria assim o yoga da ilustração.
Ao conversarmos com a Sara percebemos que muitos de nós também têm este lado “a dias”. Quantos de nós não trabalha numa área completamente diferente daquela que ama e que o fez queimar pestanas na universidade? E o que fazemos para manter essa paixão? “Há imensa gente que tem projectos interessantes e paralelos ao seu emprego, só pela diversão e pela vontade de criar.” – salienta Sara. E nós concordamos.
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