Savages | “Silence Yourself”

Savages | “Silence Yourself”

Procura pela emancipação própria e colectiva

Os primeiros segundos de “Silence Yoursef” colocam-nos em sentido. Em «Shut Up!» começamos por escutar uma voz que fala e questiona alguém e, à medida que o diálogo evolui, a paciência diminui. Depois entra o baixo, depois a guitarra e a bateria. Quando ouvimos Jehnny Beth já estamos rendidos. «Shut Up!» é uma canção do caraças.

Os títulos das canções de “Silence Yourself” são curtos e directos. Se pensam que isso é fruto do acaso desenganem-se. As Savages sabem o que querem e como o querem. São directas, não deixam espaço para subterfúgios. Cada palavra foi ponderada e sempre que é necessário recorrer à repetição para passar a mensagem, fazem-no.

«I Am Here» é uma declaração de presença inequívoca. “I Am here / No more fear / No more dark shadows / Let it come / Let me talk to you”. A voz de Jehnny Beth é pujante, plena de personalidade e expressividade e as Savages começam a ganhar logo por aí. O resto é tudo culpa da guitarra, do baixo e da bateria, que nos fustigam quase sem parar do início ao fim do álbum (no melhor dos sentidos).

Quase no final de «City’s Full», o ritmo abranda por alguns segundos e escutamos uns versos que contrastam com o ritmo frenético que as Savages imprimem em “Silence Yourself”: “I love the strech / marks on your thighs / I love the wrinkles / Around your eyes / I take you out darling / We dance all night / But when comes sunlight / You say / I’m going back home”. E a cadência adquire novamente o ritmo normal.

À medida que “Silence Yourself” avança e cresce, sentimos o sangue a pulsar nas veias cada vez com mais intensidade. Sentimo-nos vivos, com vontade e coragem de encarar quem ou o que quer que seja. As Savages procuram não só a emancipação delas próprias mas também inspirar outros a fazê-lo.

«Dead Nature», bem no meio do álbum é o hiato; a pausa para respirar e abrandar os batimentos cardíacos – ou pelo menos tentar. Enquanto escutamos “Silence Yourself” não conseguimos deixar de pensar em nomes como os Joy Division ou os Bauhaus. «She Will» é um exemplo perfeito dessa influência. Uma canção em que cada instrumento assume um protagonismo próprio e sempre em tons de negro. Temos a linha de baixo num dado momento e a guitarra noutro. Mas no final é a bateria de Fay Milton que impressiona, tal a força e raiva que destila a cada batida. Intenso.

«No Face», «Hit Me» e «Husband» seguem um caminho semelhante. As canções tão depressa começam, como terminam, tal o ritmo alucinante que “Silence Yourself” leva nesta altura. Todos os segundos contam. Não há lugar para desperdícios e as palavras são afiadas como facas.

A última canção de “Silence Yourself”, «Marshall Dear», soa descompassada logo desde o início. Parece que a batida nunca surge quando seria de esperar, porém consegue manter sempre uma estranha coesão. É a canção mais calma de todo o disco e surge no momento ideal, para um merecido descanso.

“Silence Yourself” é enorme do primeiro ao último segundo.



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