SBSR 2012
Em contagem decrescente para a maioridade do Super Bock Super Rock
O Super Bock Super Rock é, oficialmente, maior de idade. E já se sabe que a vida adulta acarreta as suas dificuldades – nunca houve, em Portugal, tamanha oferta de festivais, nem tantos que apontassem para o mesmo tipo de público. Ainda assim, cada um tem os seus trunfos e os do Meco continuam a ser o Sol e o Rock’n’Roll.
Dia 05
A inauguração do palco principal cabe aos Salto, duo abençoado pela Amor Fúria que promete fazer-nos dançar, tal como aconteceu no Vodafone Mexefest do Porto. Duas das estreias em solo nacional mais aguardadas chegam ao Palco EDP pouco depois: primeiro, os Alabama Shakes, quinteto norte-americano que deixou meio mundo pelo beicinho com «Hold On», single do fresquíssimo álbum de estreia; segue-se Bat For Lashes (a.k.a. Natasha Khan), cuja voz – aparentemente frágil, mas possante, trazendo ecos de Björk – promete encantar. Imperdível é também o regresso dos Bloc Party ao festival onde, em 2007, foram tão acarinhados: Kele Okereke e companhia apresentam o quarto disco de originais, a ser editado em Agosto, e os clássicos também não hão-de faltar. Embora longe do sucesso de outros tempos, os Incubus também marcam presença, mas mais entusiasmante é a subida a palco dos Hot Chip, que têm nova editora (Domino Records), mas nem por isso produziram um álbum menos viciante. O single «Night and Day» é um clássico instantâneo da electro-pop, juntamente com «Ove rand Over» e «Ready For the Floor».
Para quem não quer acabar a noite cedo, duas recomendações no palco @Meco: Dâm-Funk, que recentemente, no Absolut Club, em Lisboa, abriu o corredor do Funk (é ver para crer), e Flying Lotus, o produtor Midas que trata o hip-hop por tu e é consensualmente apontado como um dos nomes maiores da sua geração na música electrónica de vanguarda.
Dia 06
Podemos falar dos Supernada, o mais recente projecto de Manel Cruz, do regresso dos Wraygunn de Paulo Furtado, de Friendly Fires, os britânicos com os refrões mais contagiantes da indie pop, da irreverência de M.I.A., dos camaleónicos The Horrors, da doçura de Oh Land e, até, da guitarra acutilante de Hanni El Katib. Mas nós (como toda a gente) queremos mesmo é falar de Lana Del Rey.
Visionária ou mais um requintado produto da indústria? Ninguém sabe ao certo e é por isso mesmo que a menina com trejeitos de boneca se tornou no maior fenómeno da cultura pop do último ano. Por cá, todos querem tirar a prova dos nove e perceber se, de facto, esta vedeta hipster-friendly está condenada ao sucesso ou ao fracasso.
Dia 07
À 18ª edição, o Super Bock Super Rock continua a dar-nos um pouco de tudo e este dia de encerramento é prova disso: no palco principal, a espanhola Bebe inicia a festa, dando lugar à soul de Aloe Blacc, que em 2011 esgotou a Casa da Música e a Aula Magna. Segue-se o cabeça de cartaz da noite, Peter Gabriel, fundador dos Genesis e autêntica lenda viva, que na Herdade do Cabeço da Flauta é acompanhado pela New Blood Orchestra, com a qual recriou alguns dos seus grandes clássicos no disco “New Blood”, de 2011. Os The Shins foram das confirmações mais aplaudidas deste ano, no seguimento do lançamento do novo disco de originais (“Port of Morrow”), ao qual a crítica e o público não pouparam elogios. O derradeiro fecho do Palco Super Bock cabe ao controverso Skrillex, jovem produtor que gera tantos ódios como amores e que, portanto, merece uma atenção na sua estreia em Portugal.
Quanto ao palco EDP, pode dizer-se que é feito quase inteiramente de grandes mulheres: Yukimi Nagano, na frente dos Little Dragon, a produzir uma das sonoridades electrónicas mais doces e contagiantes da última década, St. Vincent (a.k.a. Annie Clarke), a americana que já havia espalhado charme pela cidade do Porto com os temas de “Strange Mercy”, e Regina Spektor, uma das mais queridas cantautoras da sua geração e da música independente, que também nos traz novo material. Last but not the least, Perfume Genius, mais um menino bonito da crítica especializada, cujo segundo disco é mais um comovente testemunho de disfuncionalidade emocional que coloca Mike Hadreas no mesmo plano de Antony & The Johnsons.
Suspeitamos que, este ano, não se levante tanto pó no Meco – não só porque a organização já prometeu um tapete de relva em todo o recinto, mas também porque já houve nomes mais sonantes no cartaz. Ainda assim, a maioridade merece ser celebrada e não nos faltará o que escrever no próximo fim-de-semana.
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