Shadow of Colossus | Análise
Mais do que um jogo, uma experiência.
Um dos primeiros grandes destaques 2018 da PS4 é um “velho” clássico. Lançado em 2015 para a PS2, o jogo de Fumito Ueda foi adaptado para a “era moderna” dos videojogos, potenciando ao máximo – em 4K HDR – a viagem emocionante do nosso jovem herói, Wander, que acompanhado apenas de uma espada, um arco e flechas e o seu fiel cavalo Agro procura salvar a vida de uma mulher. Para o conseguir terá que derrotar 16 inimigos colossais. Não existem NPC’s, outros inimigos e quests secundárias. O objetivo é claro mas a mensagem do jogo é bem mais complexa e está intimamente ligada às nossas vidas.
Visualmente o jogo está deslumbrante. As vastas paisagens, os desfiladeiros, as árvores, a areia e a água encaixam na perfeição no misticismo do jogo. Os longos minutos de cavalgada em procura do próximo Colosso a abater, embora possam parecer longos, servem como períodos de descontração. Dei por mim a parar diversas vezes junto a ravinas ou até mesmo em planícies para contemplar este mundo místico onde estamos inseridos. A total harmonia entre nós e a natureza é quebrada quando chegamos à “arena” e encontramos o nosso próximo “adversário”. A paz e tranquilidade transformam-se rapidamente num confronto entre David e Golias, cheio de intensidade e dramatismo.
é uma verdadeira pedra no charco demonstrando que alguns videojogos são verdadeiras obras de arte
Podemos dividir cada confronto em três fases. Fase 1: análise. Para derrotar um colosso é necessário encontrar a estratégia correta porque cada confronto tem uma mecânica própria. Para isso é necessário ter em atenção tudo o que nos rodeia e de que forma o próprio ambiente (e o que temos à nossa disposição, arco e flechas, cavalo, etc) nos pode ajudar. Fase 2: agarrar e escalar. Para ferir e derrotar o Colosso é preciso, em primeiro lugar, alcançá-lo, isto é, encontrar o local que nos permite “escalar” o nosso gigantesco oponente. Durante a escalada o nosso cansaço aumenta e para evitar muitas repetições é aconselhável tentar encontrar locais onde seja possível “descansar”, isto é, não estar agarrado. Fase 3: Dano. Para eliminar um Colosso é obrigatório infligir dano em pelo menos dois locais que estão assinalados com um brilho azul. É importante nessa fase fazer uma boa gestão entre o cansaço e a barra de energia do Colosso.
É importante referir que as primeiras abordagens no confronto com o Colosso poderão ser frustrantes. É necessário um período de adaptação aos controlos. Sugiro que não desistam caso tenham dificuldades porque depois de compreender o mecanismo é muito compensador.
Todos os embates são épicos e intensos. Existe uma enorme variedade de Colossos e para os vencer vai ser necessário em alguns casos ser criativo (não utilizar o youtube por favor). No final de cada confronto fica-se naturalmente orgulhoso pelo que foi conseguido mas também existe um sentimento de alguma “tristeza” porque na realidade o caçador somos nós e eles as nossas presas.
Numa época em que os videojogos estão cada vez mais carregados de mecanismos mais ou menos complexos de progressão, “Shadow of Colossus” é uma verdadeira pedra no charco demonstrando que alguns videojogos são verdadeiras obras de arte e que são capazes de contar uma história. Como um bom filme ou um bom quadro, cada pessoa faz a sua interpretação que estará intrinsecamente relacionada com as suas experiências de vida e com a sua sensibilidade. Esta nova versão de “Shadow of Colossus” permite que um maior número de jogadores tenha acesso a esta experiência. Parabéns à Sony pela aposta e pela intensa divulgação deste título que é daqueles que vale a pena comprar a edição física para preencher aquele lugar especial na prateleira destinado aos grandes jogos.
There are no comments
Add yoursTem de iniciar a sessão para publicar um comentário.
Artigos Relacionados