Sigur Rós

A banda islandesa actua nos Coliseus do Porto, a 19 de Novembro, e de Lisboa, no dia seguinte.

Concertos esgotados (ou quase). Um excelente novo disco que surpreendentemente chegou a 2º da tabela dos mais vendidos (metido no meio dos D’zert e afins). Um enorme hype em torno da banda e uma enorme ansiedade para os ver ao vivo. Estas são as premissas que marcam o regresso dos Sigur Rós a território nacional. Nos dias 19 e 20 de Novembro, a banda islandesa vai “agradecer” a todos os fãs nacionais, em dois concertos que serão históricos.

Desde o lançamento da sua obra-prima, “Ágætis Byrjun”, em 2000, que os Sigur Rós são dos fenómenos mais interessantes da música mundial. A sua música atmosférica e extremamente “visual” transformou-se numa das imagens de marca da Islândia e serviu de referência a muitos outros projectos um pouco por todo o mundo. Mesmo utilizando um dialecto “inventado” (Hopelandish), a banda conseguiu captar a atenção de um público bastante vasto e até nos Estados Unidos da América chegou a estar na tabela da Billboard.

Embora hoje em dia não se estranhe o sucesso de uma banda como os Sigur Rós, o que aconteceu com “Ágætis Byrjun” (segundo disco da banda, mas primeiro a ser exportado), foi algo de muito importante. Estávamos perante uma banda que não utilizava o inglês (nem qualquer outra língua, embora muitos tenham pensado que cantavam em islandês), fugia do formato de canção da música global, através de faixas bastante longas e com constantes alterações de ritmo.

Mas a verdade é que foi esse afastamento que os colocou como uma verdadeira alternativa a tudo aquilo que já era apontado como alternativo. Afinal, a banda tinha tudo aquilo que era necessário para que o sucesso fosse uma realidade: músicos de excelente qualidade; composições fenomenais; e uma voz em falsete que se situava entre Thom Yorke e um miúdo de 12 anos.

O que mudou desde essa altura? Muito pouco.

Depois de um disco de uma contemporaneidade extrema, “( )”, onde os temas não apresentam nome, a voz é inexistente e onde parece existir uma tentativa de fugir da fama e da glória, a banda regressa este ano com um excelente novo disco, “Takk” (“obrigado” em Islandês), que marca o seu regresso às origens ou, se preferirem, à grandiosidade de “Ágætis Byrjun” e ao estilo trademark, de rock orquestral, ambiental e extremamente envolvente.

Mais do que um regresso ao passado, este é um disco que abre as portas do futuro. A primeira grande novidade é a utilização, pela primeira vez, da língua islandesa em todo o disco, algo que pode parecer quase irrelevante para quem os ouve, mas que significa muito em termos de composição e escrita dos temas, que ganham assim uma outra dimensão e importância.

A segunda grande novidade é o imediatismo existente neste disco. “Takk” é de longe o disco mais “fácil” dos Sigur Rós. As faixas são orelhudas, rapidamente reconhecidas e a própria voz de Jónsi é mais nítida, elevando a sua relevância no “produto” final.

Musicalmente, “Takk” é um disco dos Sigur Rós: faixas longas, quebras e picos contagiantes, ambientes luminosos e clímaxes surpreendentes. Neste disco podemos encontrar alguns dos temas que devem figurar num possível “Best Of” da banda, sendo que “Glosoli” é sem dúvida o grande momento do disco. O tema consegue sintetizar, em pouco mais de seis minutos e através de um crescendo galopante até ao glorioso clímax, a essência dos Sigur Rós.

Embora estejamos perante um excelente disco, a banda pode ter encerrado um capítulo e um formato com “Takk”. O melhor mesmo é aproveitar o presente e descobrir este “agradecimento” dos Sigur Rós ao vivo. Os concertos estão marcados para 19 e 20 de Novembro, nos Coliseus do Porto e de Lisboa, respectivamente.



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