So.ma

So.ma

“Quando estamos a tocar estas músicas é como se o mundo lá fora não existisse”

Um ex-Madcab mais um ex-Madcab mais um ex-Madcab mais um ex-Madcab. As contas dos So.ma são fáceis de fazer. Sem fracções, matrizes, funções, sistemas e afins, a banda que surge das cinzas dos Madcab apresenta-se com “Fuga”, disco visceral, directo e em que a soma das partes (a sério, é o último trocadilho que fazemos com o nome da banda) é mais importante que o produto individual. Conversámos com Filipe Grácio, Luís Costa e Luís Silva, antes do concerto do próximo dia 16 de Novembro, às 21 horas, na Baixa-Chiado PT Bluestation, no âmbito da programação RDB.

So.ma – o ponto no meio da título está relacionado com direitos de autor ou tem um outro significado?

Filipe Grácio – O ponto representa a dicotomia entre o significado em português da palavra (somar, adicionar, juntar) e a separação insuperável de dois lados de uma frase disjunta por um ponto final. Ou então a outra coisa.

Em relação à vossa nota de imprensa, dizem que “em O Admirável Mundo Novo, o Administrador apregoava estabilidade mas é o contrário que nos atrai.” Para lá de referência óbvia à obra de Aldous Huxley, o que nos querem dizer?

Luís Silva – Que estamos agitados e agradados com isso. Talvez até mais do que quando seria natural, há 10 anos atrás. Não há nessa afirmação qualquer tipo de carga revolucionária ou relação com o estado do País. Disso já se fala há muito e agora estamos só numa situação ainda mais grave.

Falem-nos um pouco do artwork do EP

Luís Costa – O artwork é da responsabilidade do Gil Jerónimo, que é, não só um designer incrivelmente talentoso, mas também um excelente vocalista que canta actualmente nos Monomonkey. No ano passado, convidei-o para fazer a capa do meu último EP a solo, “Layered”, e gostei tanto do resultado que o convidei novamente para este projecto. A ideia inicial era ele apresentar várias propostas para escolhermos a melhor, mas nem chegou a ser preciso porque a primeira proposta reuniu a unanimidade de toda a banda.

O “Fuga” do título do EP está de alguma forma relacionado com a tão badalada emigração de hoje, está relacionado com a omnipresente crise?

Luís Silva – As interpretações são livres, apesar da minha resposta de há pouco me ter limitado agora. Não quero desiludir ninguém que tenha pensado assim. No entanto, a mim parece-me mais uma fuga artística do que político-económico-social.

Luís Costa – Como o Luís disse, as interpretações são livres e provavelmente este título tem um significado diferente para cada um de nós, mas para mim é claramente uma fuga aos problemas e às pressões da vida moderna. Quando estamos a tocar estas músicas é como se o mundo lá fora não existisse, e nos tempos que correm ter esse tipo de escape é um bem precioso, diria mesmo essencial para a nossa sanidade mental.

Vocês já cá andam há mais de 10 anos. O que mudou desde 2001?

Filipe Grácio – É verdade, tínhamos uma banda em 2001. Depois de alguns anos, muitos concertos e um álbum relativamente bem sucedido, resolvemos parar um pouco e ir experimentar outras coisas. Variedade é importante. Ainda há tempos, numa conversa, sugeri que os casamentos também podiam ter dois anos de pausa ao fim de cada cinco de casamento. Hoje, depois desse tempo, temos (curiosamente) mais energia em palco, somos melhores na música que fazemos e temos uma abordagem mais “do it yourself” E tudo isso transparece. Transparece na música, nos concertos e no nosso convívio e atitude.

Ainda relativamente ao vosso tempo de actividade e experiência, não vos pareceu estranho terem sido incluídos na compilação “Novos Talentos Fnac”?

Filipe Grácio – Nem por isso: o projecto é novo. Não acho que o “Novos Talentos” seja por uma questão de idade mas antes pela novidade do projecto. Temos prazer em lá estar e orgulho no nosso trabalho. Aliás, há vários projectos na mesma condição. Nesta e noutras edições.

Todos vocês encetaram, entretanto, projectos paralelos. O que é que vos faz continuarem juntos, depois de todos estes anos, primeiro com os Madcab e agora com os So.ma?

Filipe Grácio – Amizade, diversão e boa música. Esta malta é impecável e, simultaneamente, é tudo grandes músicos – basta ouvir o nosso EP ou até os outros projectos [paralelos] de todos. O palco, num concerto de So.ma, é um dos meus sítios favoritos no mundo.

Luís Costa – É tudo o que o Filipe disse, mais o facto de este projecto permitir que exploremos uma sonoridade que não temos nos nossos outros projectos. É um equilíbrio saudável, portanto.



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