Southern Arts Society

De passagem por Portugal, Andy Jarman apresenta a sua nova banda.

Antigo líder dos Strange Fruit e dos Aquaplane, Andy Jarman regressa agora, sete anos depois, às lides musicais. Southern Arts Society, a banda, surgiu pela necessidade de acção, pela fuga à apatia musical. Pelo ímpeto de fazer e apresentar música. “Southern Arts Society”, o disco, envolve os seus temas numa atmosfera de melancolia, densidade, tudo voltado para estados emotivos – onde as noções de espaço, tempo, momentos e sensações pontuam. Andy Jarman discorre sobre o seu estado actual enquanto músico.

Já lá vão sete anos desde que lançaste qualquer coisa no mercado. Porquê tanto tempo para produzires novas canções?

Os Aquaplane, a minha última banda, eram um projecto electrónico que não se encaixava na percepção de música electrónica em Espanha na altura. Acima de tudo sempre gostei muito de tocar ao vivo e pura e simplesmente não conseguíamos encontrar locais para o fazer – éramos demasiado lentos para tocar em clubes às 5 da manhã e demasiado estranhos para tocar em clubes de rock.

Toda esta situação desmotivou-me. Há quatro anos atrás, sensivelmente, comecei a trabalhar como “tour manager” de grupos como Piano Magic ou Early Day Miners e esses tempos reavivaram o meu interesse em pertencer de novo a uma banda. Em digressão passava muito tempo a conduzir, situação que sempre considerei muito inspiradora para escrever letras. Gradualmente, as gravações foram-se tornando mais centradas em algo e depois apercebi-me que já tinha as bases para acreditar em algo outra vez.

Mas foi um processo lento, formar os Southern Arts Society. Não importa o que os críticos digam, tens de ser tu a acreditar em algo. Não houve um momento-chave para a formação da banda, foi um processo gradual de um conjunto de ideias e circunstâncias e a eventual sensação que havia criado algo que valia a pena. Mas o que eu queria mesmo era voltar a tocar ao vivo e o intuito do disco era servir de porta para isso, mas acabou por transformar-se em algo que correu bastante melhor do que se estava à espera inicialmente.

Como definirias a atmosfera de “Southern Arts Society”? Parece-me um disco com uma certa intensidade…

Ainda bem que o achas. Para mim é uma coisa natural que aborda a minha vida nesta altura – a passagem do tempo, relações, desilusões, cidades, distâncias, esperança. É um pouco como a música pop, que tenta ser atmosférica ao mesmo tempo que pretende ser bastante simples e minimalista.

Alguns amigos ajudaram-te na gravação do disco. Não temes que tais colaborações (como a de Glen Johnson dos Piano Magic) acabe por colocar em risco a identidade própria dos Southern Arts Society?

Não, acho que os quatro vocalistas convidados dão uma certa ambiência ao disco sem nunca mudar a essência do projecto. As canções estavam escritas de antemão, portanto não houve nenhuma adaptação especial para cada uma das diferentes vozes. A certa altura houve a ideia de fazer um disco com canções todas elas cantadas por diferentes vocalistas, mas isso seria quase impossível de reproduzir ao vivo – e como disse anteriormente, tocar ao vivo é muito importante para mim.

Tens uma página no MySpace. Sentes que tens aí à tua disposição uma arma muito forte para divulgares a tua música de formas diferentes das tradicionais?

Para dizer a verdade, sou bastante novo nesta coisa do MySpace. Registei-me porque parece-me uma boa maneira de fazer novos contactos, mas não tenho total certeza se terá bem a ver com promoção. Tem mais a ver com relações que crias com bandas, expressares o que sentes. Algo interessante foi que mal anunciámos que íamos tocar no festival Primavera Sound, em Barcelona, o número de visitantes aumentou brutalmente, portanto parece-me que as pessoas utilizam a página para ver se vale a pena ver o projecto ao vivo.

Ainda em terrenos digitais, como lidas com esta situação da pirataria e da facilidade com que alguém com um programa P2P pode, à distância de um click, descarregar facilmente um tão grande número de canções?

Sinceramente, não sei. Parece-me que isso acontece mas que, ao mesmo tempo, as pessoas gastam então o dinheiro em ir aos concertos das bandas – o que não é uma coisa má. Cada vez há mais concertos e festivais. E pela experiência que tenho, se uma banda interagir com a audiência no concerto, as pessoas acabam por comprar o disco aí. Estamos a viver uma era onde as pessoas querem interagir cada vez mais com os artistas, o que me parece bastante positivo.

Actualmente encontraste a viver em Sevillha. Como é que aguentas o calor da cidade? E Espanha, é um país com o qual te identificas culturalmente?

Para mim o calor é algo exótico – é tão quente que se torna surreal. Em Espanha, actualmente, há muita coisa a acontecer em termos culturais e musicais. Vivo em Espanha há doze anos e já não me imagino a regressar para Inglaterra. Há aqui uma liberdade muito diferente dos países do Norte da Europa, e se tens uma cultura anárquica este é o local ideal para ti.

O que é que andas a ouvir actualmente?

Não ouço muita música, curiosamente. As coisas que as pessoas me mandam, os meus favoritos de sempre, e para além disso apenas o que dá na rádio. Mas, por exemplo, amanhã terei que conduzir até Madrid e levarei provavelmente cds de Lucinda Williams, Kraftwerk, Lambchop, Tindersticks e do Mark Lanegan.

 



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