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O natal é…

O natal é…quando o livro o quiser

Foi a minha mãe que me deu o primeiro livro, a minha querida mãe… Ainda nem ler sabia mas sempre foi um dos meus mais preciosos tesouros. Ainda o tenho, esse livro de pano da Branca de Neve e os Sete Anões.

Para mostrar aos meus filhos o quanto os livros podem ser diferentes e especiais, revelei-lhes essa edição de 1970 designada por conto infantil.

Ainda assim, ao longo da vida, a minha relação com os livros nunca foi além do convívio esporádico até que os descobri definitivamente graças à única pessoa que o poderia ter feito. Desde aí, não mais parei de os ter comigo. Leio de forma compulsiva e não há dia que não folheie tal fonte de prazer.

E nesta quadra que vivemos, digo, sem qualquer dúvida, que, além da companhia que nos faz, um livro conecta-nos com nós próprios, faz-nos sentir mais humanos. E essa humanidade pode ser o presente ideal de natal.

Felizmente, as sugestões são muitas e os livros que ocupam as nossas livrarias, físicas ou online, são inúmeras. Começamos pelo melhor da vida: as crianças. “Batata Chaca” de Yara Kono (Planeta Tangerina), “Um Mundo de Jogos”, de  (Nuvem de Letras), “Mão Verde”, de Capicua e Pedro Geraldes (Edições Valentim de Carvalho) e “Há Classes Sociais”, de Equipo Plantel/Luci Gutiérrez (Orfeu Negro), prometem rasgar sorrisos e momentos bem passados nessa planeta chamado infância. Ainda dentro da referida órbita, dois destaques para país e educadores. “As Pérolas das Nossas Crianças”, de Tânia Ribas de Oliveira (Manuscrito) e “Nós, Os Pais”, com testemunhos de Henrique Raposo, Pedro Boucherie Mendes, António Raminhos, Paulo Baldaia, Alexandre Homem Cristo e Jorge Gabriel (Oficina do Livro).

No reino da ficção para os mais crescidos, recomenda-se vários livros para o sapatinho dos mais exigentes. Se “Doutor Sono”, de Stephen King” (Bertrand), faz as delícias dos fãs do terror e fantástico, “Uma Estranheza em Mim” (Presença) traz de volta a magia da Turquia de Pamuk e “O Evangelho Segundo Lázaro” (Porto Editora) oferece uma leitura apenas possível de um génio como Richard Zimler, assim como “Norma” (Alfaguara) de Sofi Oksanen, um drama intenso repleto de mistério. Já para os fãs de policiais, aconselha-se “Polícia” (D. Quixote), de Jo Nesbo.

No panorama dos autores nacionais, o ano tem sido profícuo em bons livros. Se “Vaticanum” (Gradiva), de José Rodrigues dos Santos, é um thriller que vai fazer devorar páginas, “A Magia do Acaso” (Edições Asa), de Tiago Rebelo, vai encher os corações dos leitores que não perdem uma história arrebatadora. Em quadrantes onde a imaginação se combina com uma maravilhosa arte de escrever, Afonso Cruz é recomendado em dose dupla. “Nem Todas as Baleias Voam” (Companhia das Letras) e “Mil Anos de Esquecimento” (Alfaguara), o mais recente tomo da Enciclopédia da Estória Universal, são peças donas de uma melodia única.

E por falar em notas musicais, é agora a vez de fazer referência a duas pérolas biográficas de dois dos mais marcantes artistas das últimas décadas. “Bowie” (A Esfera dos Livros), de Wendy Leigh” e “Born to Run” (Elsinore), de Bruce Springsteen, são sinónimo da democratização da música enquanto arte popular e que pode influenciar criativamente um mundo por vezes oco de ideias.

A maior dificuldade será escolher. E essa maravilhosa responsabilidade é toda sua. Sejam felizes, partilhem (essa) alegria, e boas leituras!



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