Summercase Festival
O rescaldo completo de um dos mais destacados Festivais de Música da Península Ibérica.
A primeira edição do Festival Summercase teve lugar no fim-de-semana de 14 e 15 de Julho, em Madrid e Barcelona. Um conjunto de mais de 50 nomes, na área da pop-rock alternativa, actuou alternadamente em Boadilla del Monte (arredores de Madrid) e no Parc del Forum (Barcelona). Dizemos alternadamente, porque os nomes que actuaram na sexta-feira (dia 14) em Madrid viajaram no dia seguinte para Barcelona, e vice-versa.
Se, no caso da capital catalã, este é apenas mais um dos inúmeros eventos musicais que aí ocorrem anualmente (a juntar aos já estabelecidos Sonar, Primavera Sound e Benicassim, só para citar os mais relevantes), no caso da capital espanhola, o Summercase veio suprir uma lacuna há muito sentida e que era motivo de inveja por parte dos madrilenos.
Sendo uma primeira edição, há sempre a expectativa de saber qual a capacidade de atrair nomes sonantes para o cartaz e, consequentemente, aliciar um volume suficiente de público que rentabilize a aposta e justifique a continuação do festival, em anos posteriores. Quanto ao cartaz, o Summercase conseguiu reunir um vasto conjunto de propostas importantes, capaz de rivalizar com os já citados Primavera Sound e Benicassim, que se dirigem ao mesmo segmento de mercado. Não é qualquer festival que, em apenas dois dias, apresenta um cartaz com figuras do peso de Massive Attack, Daft Punk, Primal Scream, entre muitos outros.
Também no que respeita ao volume de público, o Summercase (em Madrid, pelo menos) terá sido um êxito. Se a organização esperava entre 30 a 50.000 pessoas por noite, essa meta deverá ter sido atingida em ambas as noites, especialmente na segunda, que além de ser um sábado (e haver, portanto, uma maior disponibilidade do público), era o dia em que actuava uma maior quantidade de nomes capazes de atrair multidões.
Como em qualquer outro festival, o cartaz é o principal factor de atracção de público; mas se esse festival decorre simultaneamente em quatro palcos, a forma como se distribui o cartaz pelos diversos palcos e horas disponíveis é um factor igualmente decisivo. Nesse aspecto, uma segunda edição terá ainda algumas arestas a limar. Quanto ao resto, e apesar de ser a estreia do repórter em festivais para lá de Badajoz, nada de novo: é apenas mais um festival, com tudo aquilo que se vê em Portugal ou noutro ponto do globo.
1º dia (sexta-feira, 14)
Os primeiros minutos são para explorar o recinto, um espaço amplo, com dois palcos colocados lado a lado (Terminal O e Terminal E) num dos extremos, e duas tendas cobertas (Terminal N e Terminal S) no outro. Muitas bancas de venda antecipada de senhas para os comes-e-bebes agilizam um processo que, nos festivais em Portugal, costuma ser sujeito a grandes demoras. Aqui, a qualquer hora, e em qualquer banca, era chegar, pedir e receber. Um exemplo de organização.
Definida a nossa agenda pessoal, que hoje se distribui por mais de seis horas de música e três palcos (um deles não apresenta nada que nos interesse), constatamos que há várias sobreposições que nos vão obrigar a fazer escolhas difíceis e a deambular entre palcos diferentes. Mais ou menos como se estivéssemos num almoço buffet, em que queremos provar um pouco de cada iguaria apresentada.
Para começar, e porque ainda não há nada de mais interessante, fazemos uma primeira paragem no Terminal E, para ver os The Feeling. Embalado pelo seu recente álbum de estreia (“Twelve stops and home”) e o sucesso que já está a obter, este quinteto britânico vestido de preto e branco pratica um rock tributário da new wave dos anos 80, mas sem a inspiração de uns Franz Ferdinand. Ou seja, assemelham-se a dezenas de outras bandas surgidas nos últimos 5 anos, no Reino Unido e não só.
Seguimos para o Terminal S, onde os suecos The Concretes se preparam para começar. Um palco cheio, com oito elementos maioritariamente loiros, de olhos azuis e vestidos de bege ou branco. Na frente, as duas raparigas da banda – uma delas (a vocalista, Maria) notoriamente grávida; a outra (Lisa), soubemos depois, é normalmente a baterista, mas teve de assumir o lugar pela ausência da habitual titular (Victoria). Ao contrário dos Feeling, aqui ouve-se uma pop melodiosa e pueril, assente em guitarras acústicas, teclas, sopros e deliciosas combinações vocais. Uma fórmula leve e descontraída, mas ocasionalmente insípida.
Às 20.30, saímos em direcção ao palco E, onde iria actuar um dos nomes mais desejados por nós, com tempo para passar no palco O e constatar – por breves instantes – que os Dandy Warhols ainda não perderam a tentação de se acharem maiores do que são. Mais estranho, é verificar que há muita gente que ainda lhes dá atenção.
No palco E, às 20.45, os The Divine Comedy preparam-se para um dos primeiros concertos de apresentação do novo álbum “Victory for the comic muse”. Neil Hannon, o nosso dandy favorito, enverga um fato de veludo verde que já lhe víramos noutro palco, mas que notoriamente não é o mais apropriado para os 25 graus de Madrid. Daí a referência de Hannon ao calor que se fazia sentir, após a abertura com «To Die a Virgin», a primeira faixa do novo disco.
Os The Divine Comedy apresentam-se neste festival com uma formação alargada, composta pela mesma banda que fez a anterior digressão, ou seja, 6 elementos além de Neil Hannon. Este, num registo que faz parte da sua imagem de marca, aproveita todas as pausas para contar histórias sobre as canções ou fazer piadas com o que o rodeia (desde o helicóptero que sobrevoa os céus de Madrid, à menina que ocupa a primeira fila do público). De vez em quando, saboreia uma cerveja preta irlandesa, estrategicamente colocada em frente ao microfone.
Do alinhamento do concerto, que se estendeu por uma hora e dez minutos, fizeram parte, maioritariamente, temas do novo álbum, intercalados, aqui e ali, com os habituais clássicos, como «National Express», «Generation Sex», «Becoming More Like Alfie» (com uns teclados à anos 80), e «Something for the Weekend».
A segunda metade do espectáculo caracterizou-se pelo apelo ao sentimento, primeiro, e à dramatização, depois. Provando que deve ser um dos poucos artistas que pode escrever uma canção chamada «Querida mãe» («Mother Dear») sem ser piroso, insistiu na vertente familiar, logo a seguir, com «Charmed Life», a canção autobiográfica habitualmente dedicada à filha.
As capacidades interpretativas de Hannon atingiram o auge em «Our Mutual Friend», cuja letra foi dramatizada até ao limite, com Hannon deitado no chão durante alguns segundos. Quase no fim do concerto, despiu finalmente o casaco e vestiu a pele de Scott Walker, para a (inesperada) interpretação de «Eye of the Needle». Antes de partir, e da habitual despedida com «Tonight we Fly», ficou a sugestão: “não percam o concerto do glorioso Rufus Wainwright”. E assim fizemos.
Rufus Wainwright, vestido informalmente de jeans e t-shirt, apresentava-se a solo, num espectáculo que tinha tudo para ser memorável. E só o não foi porque, apesar da entrega total do artista, houve factores externos que não o permitiram. O autor canadiano foi a primeira vítima da sobreposição de som entre dois dos espaços do festival. Com uns barulhentos e inconsequentes Starsailor a actuar a pouca distância, o ambiente intimista que Rufus consegue criar nos seus espectáculos ficou-se, desta vez, pela intenção.
Sentado ao piano, ao fim da segunda canção («The Maker Makes», da banda sonora de Brokeback Mountain), Rufus queixa-se que não se consegue ouvir a si próprio e que já precisa de um medicamento para a dor de cabeça. Afinal, não era só o palco vizinho a perturbar o artista, era também algum público, que teimava em continuar a conversar, como se estivesse no bar da esquina. Às tantas, Rufus Wainwright chega ao ponto de perguntar como se diz “Shut up” em castelhano, e ordena a certas pessoas do público que se calem.
Surpreendente foi o elogio feito por Rufus aos Bell Orchestre, que o precederam no palco: “estou muito abalado, eles afectaram-me tanto, que amanhã tenho de os voltar a ver (em Barcelona)”. Infelizmente, o repórter não pôde acompanhar a actuação dos Bell Orchestre, pois a essa hora decorria o espectáculo dos Divine Comedy (uma das tais escolhas – inglórias – que temos de fazer num festival).
Ao fim de seis canções (três ao piano e três à guitarra, incluindo os êxitos «Califórnia» e «Cigarettes and Chocolate Milk»), entra em palco uma convidada especial – Lucy Wainwright, uma das irmãs de Rufus, que o irá acompanhar em mais quatro canções, ao longo da noite.
Apesar do esforço do artista, e da boa escolha do alinhamento, que incluiu dois inéditos e quase excluiu os dois álbuns “Want One” e “Want Two”, ficou a sensação de que aquele não era o espaço, nem o público ideais para o animal de palco que é Rufus Wainwright. Por isso, no final, como ele mesmo reconheceu, só restava ir ouvir os New Order.
Um minuto depois destas palavras, exactamente à hora marcada, surgem Bernard Sumner, Peter Hook, Stephen Morris e um guitarrista convidado, no palco principal do Summercase. Era muita a expectativa sobre esta actuação e isso notava-se no volume de público que se acumulou junto ao palco, formando a primeira enchente do Summercase. A entrada é feita em grande estilo, com «Crystal», um dos clássicos instantâneos da segunda vida da banda de Manchester, mas a voz do tímido Bernard Sumner não demonstra a vitalidade de outros dias. É ao baixista Peter Hook que compete assegurar as segundas vozes, a comunicação com o público, os saltos em palco.
Entretanto, posicionamo-nos de forma a poder ir assistindo, alternadamente, aos espectáculos de New Order e de Happy Mondays, que já decorria há meia-hora.
Shaun Ryder (com a cabeça enfiada num barrete vermelho da Adidas e simbolicamente mergulhada num poço de químicos), Bez (agora um pateta grisalho), e o seu gang agitavam as massas mais dadas ao hedonismo e, à falta de material mais recente, «faziam render o peixe» com os êxitos do clássico “Pills and Thrills and Bellyaches”.
Uma espécie de ironia fina fez com que duas das mais emblemáticas bandas dos anos 80 (e inícios de 90, no caso dos Mondays), oriundas da mesma cidade e da mesma editora, actuassem ao mesmo tempo nesta noite. Se os New Order revisitavam «Ceremony», os Mondays faziam saltar com «Step On». Quando de um lado se regressava a «Transmission» ou se apostava numa versão mais rock do hino «Love Will Tear us Apart», do outro era a vez dos ritmos complexos de «24 Hour Party People». A sensação que fica, destas duas actuações, é que se o tempo não volta atrás, ainda é bom reviver certas memórias que tanto marcaram uma geração.
Outra banda que viveu o seu auge de criatividade na primeira metade da década passada é os Primal Scream. Nada que preocupe Bobby Gillespie e seus comparsas, e muito menos o numeroso público que se prepara para os acompanhar numa viagem a toda a velocidade. Os Primal Scream fizeram opções de carreira, abandonando o lado mais electrónico e psicadélico dos dias de “Screamadelica” e “Vanishing Point”, para se dedicarem a um rock rugoso e áspero, seguindo a matriz dos ídolos Rolling Stones.
Gillespie continua a ser o mestre-de-cerimónias. Alto, magro, de jeans e casaco de cetim azul, não pára quieto um segundo, agita-se e agita a multidão e faz-se acompanhar por uma formação alargada, que inclui duas coristas negras de grande volume sonoro (uma) e físico (outra). O começo com «Movin’on Up» é atípico, porque o resto do concerto vai ser bem diferente, ao estilo «antes quebrar que torcer», seja em «Jailbird» e «Rocks», de 1994, ou nas mais recentes «Country Girl» (o novo e celebrado single), «Swastika Eyes» ou «Kill all Hippies».
Não há tempo para falar com o público, e nas poucas vezes que Gillespie o tenta, o forte sotaque escocês torna a comunicação verbal difícil. Mas, com os Primal Scream, a comunicação não-verbal é suficiente, e faz-se com dança, suor e risos. É, por isso, com as pernas cansadas, com a roupa colada ao corpo e uma cara alegre que abandonamos o recinto, já depois das duas da manhã.
2º dia (sábado, 15)
Depois de um dia em que milhares de festivaleiros (nós incluídos) procuraram a melhor forma de se refrescarem no calor de Madrid em Julho, a segunda noite do Summercase prometia um cartaz tão apelativo quanto a véspera.
O aquecimento foi feito ao som dos Twilight Singers, o projecto formado há 10 anos pelo carismático Greg Dulli, celebrizado pela sua participação nos Afghan Whigs. Totalmente vestidos de negro, os Twilight Singers entram em palco ao som de um excerto da banda sonora de “Thin Red Line”, de Hans Zimmer. Apoteótico, sem dúvida, mas bem diferente do rock sem espinhas que iríamos ouvir durante 45 minutos. De um alinhamento constituído maioritariamente por temas do mais recente “Powder Burns”, sobressaiu uma versão (e é bem conhecido o gosto de Dulli por versões) para o mais recente single dos… Massive Attack («Live with Me»). Uma surpresa, sem dúvida, e uma forma de homenagear a banda que iria fechar a noite, num outro palco.
A partir das dez da noite, tal como na véspera, teríamos um dilema para resolver. Num dos extremos do recinto, os Belle and Sebastian; no outro, os Sparks. A ideia era ver os primeiros 30 minutos da actuação dos escoceses e depois ir até à tenda onde actuavam os irmãos Mael. Por esta altura, ainda não sonhávamos que ambas as actuações ficariam aquém do esperado, facilitando (ou dificultando, consoante a perspectiva) a escolha que teríamos de fazer.
Os Belle and Sebastian entraram em palco com os seus fatos aprumados, a pose de betinho rebelde de Stuart Murdoch, e duas mãos cheias de bonitas canções no currículo. Começaram bem, com «The Boy With the Arab Strap», e à terceira já tinham visitado o recente single «Funny Little Frog». Mas depois, se a pose e os fatos se mantiveram ao longo da noite, a escolha das canções deixou algo a desejar. Para quem nunca os tinha visto e esperava um alinhamento estilo best of, as canções (sobretudo do último álbum) soavam todas iguais, e a presença em palco era algo frouxa. Por isso, não foi só o repórter a desistir ao fim de 30 minutos, foram outras dezenas de pessoas (provavelmente algumas delas do sexo feminino e com ganchinhos no cabelo) a tentar a sua sorte na tenda dos Sparks.
Apesar de se tratar de outra banda para intelectuais-indie, a troca começou por não ser muito produtiva. Os Sparks decidiram fazer aquilo que as bandas com 36 anos (e mais de 20 álbuns, como lembrou Russell Mael) fazem – uma retrospectiva do passado – e deixaram para o fim a fase mais recente e globalmente mais interessante (para nós) da sua longa carreira. Com uma formação assente nos dois irmãos Mael – Ron, de pose imperturbável, ao piano, e Russell, o expansivo vocalista –, e em três guitarristas estridentes e uma baterista, os Sparks insistiram numa opera-rock-pop algo datada e maçadora. Já o concerto ia a meio, quando interpretaram «Dick Around», «Perfume» e «Can I invade Your Country» (todas do último álbum), e conseguiram derrubar, finalmente, a barreira da indiferença. Seguiram com «This Town Ain’t Big Enough for the Both of Us», um clássico dos anos 70 recuperado há meses pelos Humanos, na curta digressão que efectuaram.
Espicaçados pelo público, os Sparks tornaram-se mais comunicativos, agradeceram o convite para actuar pela primeira vez em Espanha (a estreia na Península Ibérica fora em Lisboa, no CCB, em 2003) e até o imóvel Ron Mael veio à frente de palco participar no momento alto do concerto, a interpretação exclusivamente vocal (pelos 6 membros do grupo) de «Suburban Homeboy». Foi um final que compensou inteiramente a confusa meia-hora inicial.
Antes da actuação dos Sigur Rós, tempo para verificar a forma actual de Nina Persson e seus The Cardigans. Dez minutos bastaram para confirmar que a forma física de Nina (agora mais morena e com um visual mais negro) continua boa, e a forma vocal também, mas os The Cardigans, simplesmente, já não entusiasmam ninguém.
Os islandeses Sigur Rós fizeram transbordar a tenda em que, de forma algo imprevidente, a organização os colocou. Nesta altura do campeonato, e por muito que certos fãs os prefiram ver em espaços pequenos, os Sigur Rós atraem multidões (excepto se for poucos meses depois de um concerto na mesma cidade, como aconteceria no dia seguinte, em Lisboa). Apostaram numa encenação e alinhamento muito idênticos aos que víramos no ano passado no Coliseu e, segundo os relatos, ao que apresentariam no Pavilhão Atlântico. A tela nos primeiros minutos, as silhuetas, as Amina a entrar em palco, os quatro a tocar xilofones, o crescendo de intensidade de «Olsen Olsen» e de «Popplagid»… Uma beleza inebriante e indescritível, que queremos guardar só para nós, egoísmo manifestamente despropositado, num espaço como este.
A partir da uma da manhã, uma das surpresas do festival, os muito aguardados Daft Punk. Conhecidos por não revelarem as suas caras, e por darem poucos concertos (só se vão estrear em Portugal este ano, no Sudoeste), os Daft Punk andam em digressão a promover a colectânea de singles que lançaram há meses. Na noite de Madrid, muitos eram aqueles que apostavam num grande concerto, e a verdade é que a dupla francesa não desiludiu. Sozinhos em palco, elevados numa nave especial, com os seus capacetes de robot e uma grande parafernália luminosa, os Daft Punk mixaram-se a eles próprios, fundiram músicas, samples, palavras e ritmos, reciclaram fragmentos dispersos, numa combinação quase perfeita, que colocou a multidão em delírio.
Entraram com «Robot Rock», que foi misturado com «Technologic», cuja letra minimalista (feita de palavras-chave da era do computador) era projectada nos ecrãs-gigantes. Também o poder da televisão foi visado, em «Television Rules the Nation», mixado com «Around the World» e esta com «Steam Machine».
«One More Time» foi a cereja no topo do bolo, o ponto alto de uma mega-discoteca feita de puro divertimento, um medley gigantesco e imparável, sem pausas para respirar (porque as máquinas nunca se cansam) e que não deixou ninguém indiferente. Se os alemães Kraftwerk, há 30 anos, inventaram o tecno-pop, os seus sobrinhos franceses Daft Punk expandiram-lhe os limites, acrescentando-lhe mais ritmo, mais força, e mais liberdade (ou, como diz a letra, “Harder, Better, Faster, Stronger”).
A noite já ia longa, mas ainda havia tempo para regressar, mais uma vez, aos Massive Attack. Uma semana depois do fracasso de público que enfrentaram em Lisboa, em Madrid tinham uma multidão preparada para absorver todas as suas boas vibrações.
A entrada é introspectiva, com 3D e Daddy G rappando sobre «Rising Son», mas rapidamente se expande, com a presença de Elisabeth Fraser (a brilhar em «Teardrop»), e a passagem de Daddy G para os pratos. «Karmacoma» está diferente do habitual, mas o resto mantém-se como temos visto nos últimos tempos. Horace Andy, como sempre, entra para cantar «Hymn of the Big Wheel» e «Angel» e há ainda a passagem obrigatória pelo sombrio álbum “100th window”, com «Bullet Proof» e «Butterfly Caught». Tal como os Sigur Rós, os Massive Attack foram inovadores, em tempos, mas correm o risco de estar aprisionados num modelo de actuação ao vivo, em que tudo está previsto e controlado, em que tudo é seguro. Primem os botões certos na nossa memória, mas não arriscam um milímetro.
No final, o balanço desta primeira edição do Summercase é altamente positivo, pois além de assistirmos a uma série de concertos estimulantes que passam por Portugal nos tempos mais próximos, tivemos a oportunidade de ver outros que não têm datas marcadas para o nosso país. Fica a dúvida de saber se no próximo ano haverá capacidade para pôr de pé, novamente, um evento com esta dimensão.
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