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Super Bock em Stock 2021 | Dia 2 (20.11.2021)

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Super Bock em Stock 2021 | Dia 2 (20.11.2021)

Olhamos para trás, para aquilo que foi o dia anterior, o primeiro do festival, e fica no ar uma sensação estranha; de que estávamos enferrujados desta (maravilhosa) rotina e a vontade de contrariar esse sentimento durante o segundo dia.

São 19h45 e na Sala Rádio SBSR.FM, ali na Estação do Rossio, Bejaflor prepara-se para subir ao palco. A música é daquela que nasce no quarto, com uma inspiração pop e é nos apresentada de peito aberto, com a maior honestidade possível e com um incrível espírito de entreajuda, que se reflecte nas muitas colaborações, aqui personificadas de forma plena pela presença em palco da Sreya.

Na Sala Santa Casa não são muitas as pessoas presentes para ver Monday. Monday é Cat Falcão, metade das Golden Slumbers, dona de uma voz limpa, cristalina e com a dose certa de melancolia. A atenção de quem ali está é total. Em palco temos duas guitarras, uma eléctrica, outra acústica e ambas se complementam, nunca competem. Nas canções novas é notório um piscar de olho a outros terrenos, metendo uns sintetizadores ao barulho, mas o resultado final encaixa muito bem nos nossos ouvidos.

Na Sala Manoel de Oliveira, Charlotte OC prepara-se para começar um concerto que merecia um sítio sem cadeiras. Natural de Blackburn, Charlotte tem uma personalidade contagiante, um sotaque delicioso e uma voz incrível, que terá surpreendido alguns dos que decidiram estar ali para a ver. Com uma matriz vincadamente pop e rock arranca a alta velocidade com «Bad Bitch» e rapidamente nos apercebemos do cariz autobiográfico das suas letras. Conhecemos a sua faceta narcisista em «Centre of the Universe», como a própria faz questão de referir, e escutamos «Inevitable», escrita para o pai que perdeu para o cancro, com um nó na garganta. Houve química ali e um regresso será inevitável.

É discutível se os Iceage terão ficado a ganhar com a troca de sala mas felizmente isso não impediu em nada – absolutamente nada – os dinamarqueses de demonstrarem que frases como “o rock morreu”, são desprovidas de qualquer sentido. Ali há rock a rodos e com um toque pessoal. “Seek Shelter”, um dos bons álbuns de 2021 está no centro das atenções e mostra-nos uns Iceage mais maduros e sem medo de correr riscos. O rock dos Iceage é multifacetado e consegue ter um pé em cada um dos lados do Atlântico. Se «Shelter Song» tem aquela aura de balada suja mas viciante, «Pain Killer» é electrizante e nós, quando saímos do Coliseu, ainda estamos ligados à corrente.

Rhian Teasdale e Hester Chambers são duas jovens da Ilha de Wight. São também as fundadoras dos Wet Leg, que encheram a Sala Rádio SBSR.FM. Se isso aconteceu na sequência da recomendação feita por Rui Pregal da Cunha, na noite anterior no palco do Coliseu, nunca iremos saber ao certo e verdade seja dita… pouco ou nada interessa. Existe um hype em torno destas raparigas que têm apenas duas(!) canções editadas. Uma chama-se «Wet Dream» e a outra «Chaise Longue» e quando foram tocadas foram celebradas como se de hinos se tratassem. O público e as letras já se tratavam na base da segunda pessoa do singular. Pelo meio escutámos uma série de canções que irão com certeza figurar no álbum de estreia da banda e que têm tudo (mas mesmo tudo) para resultar em cheio. É por demais evidente que estão a dar os primeiros passos; na cara Rhian e Hester há sorrisos de quem está realmente feliz e ao mesmo tempo ainda não consegue esconder algum nervoso miudinho. Nada que a experiência não trate de mudar naturalmente.

A noite termina em festa no palco do Coliseu com Moullinex e Anna Prior a oferecerem exactamente aquilo que aqueles milhares ali presentes procuravam: uma desculpa para dançar, com uma boa disposição contagiante que descia do palco para a plateia.

Texto por Miguel Barba e fotografias por José Eduardo Real.



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