SUPER BOCK EM STOCK: as correntes mais entusiasmantes da pop continuam a correr em liberdade nas margens da avenida
Sim, está quase a chegar aquela altura do ano em que andamos pela Avenida à descoberta.
A fórmula é vencedora e, como tal, preserva-se: alinhar alguns dos nomes (ainda) marginais e desviantes da música convencional, dar-lhes palco e eventualmente asas. Pelo meio, junta-se um par de nomes já com alguma embalagem, e assim surge o menu para mais um interessante e desafiante Super Bock Em Stock, dado como completo no dia de ontem.
Para 2019, como nomes mais sonantes, contam-se dois regressos a este evento: Michael Kiwanuka, que aterra na capital portuguesa com um álbum acabadinho de sair do forno (e que a crítica aplaude de pé), e Kevin Morby que, graças a Deus, também criou novo disco recentemente. Além de Kiwanuka, e não olvidando a presença de Jordan Mackampa no Tivoli, a música negra será igualmente representada no Coliseu dos Recreios pela vertente mais musculada de Curtis Harding e pela escola de raiz mais africana de Sinkane, que tentará repetir a brilhante performance assinada no SBSR 2015. No palco maior do Super Bock Em Stock, a representação nacional ficará entregue a Slow J, que não perdoa e traz também obra nova na algibeira. A fechar as noites no Coliseu teremos tons mais electrónicos e sintetizadores em barda, à boleia do DJ set fogoso dos Friendly Fires, e da prestação dos Haute.
Relativamente a águas mais tranquilas e/ou obscuras, o nosso destaque reparte-se pela delicadeza gótica da madura Marissa Nadler, a indie-folk macia e de vários sabores de Helado Negro (com foco colocado no elogiado «This Is How You Smile») e a country disfarçada e soturna de Orville Peck, com o seu popularmente galopante «Pony». A par de Helado Negro, o Cinema São Jorge abraçará outras manifestações pop ainda mais coloridas, como serão os actos da refrescante Nilufer Yanya, e do lume brando que os Balthazar certamente atearão.
Mantendo a tradição, a Estação Ferroviária do Rossio será o veículo dos sons mais ruidosos e mais rock do certame, com especial destaque para os Viagra Boys, seguidos de perto para os nacionais Baleia Baleia Baleia e Gator, The Aligator, além da onda mais morna e relaxada que marca a trajectória dos Ganso.
No que toca à restante armada portuguesa, sublinhamos as participações de Luís Severo e Convidados, de Marinho que acentuará a qualidade do seu disco acabadinho de debutar, da magia das cordas de Angélica Salvi, e da estreia mundial do Club Makumba fundado por Tó Trips e João Doce.
Neste artigo limitámo-nos a providenciar algumas das coordenadas que seguiremos definitivamente (até porque não conhecemos a totalidade dos participantes, logicamente), mas uma boa parte da beleza de eventos como o Super Bock em Stock é abrirmos a mente a novas sonoridades, tentando igualmente visitar o maior número de espaços integrados no festival, cada um com as suas características marcantes. Quando não temos nada assinalado na agenda é avançar galhardamente para uma das portas abertas e apreciar o que se passa por ali. Ganhamos sempre qualquer coisa.
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