sbes2019

Super Bock Em Stock | Dia 1 (22.11.2019)

Manda a lei do SBES que a noite seja encerrada no Coliseu dos Recreios, para onde todas as combinações de horários desembocam nas horas mais tardias do festival.

Para cortar a fita do Super Bock Em Stock (SBES), foram escalonados os radialistas da SBSR FM Ricardo Mariano e Tiago Castro, que animaram os primeiros a desembocar na avenida. No terraço do Capitólio ofereceram um aquecimento para o desenrolar da noite nas mais diversas salas.

Logo ao lado situa-se o Maxime, renomeada Sala Ermelinda Freitas para esta ocasião, e foi onde assistimos à actuação dos Loyal. A banda britânica foi apresentando a sua pop electrónica, sob um olhar surpreendentemente atento do público, sempre num som bastante contido. Talvez a opção por esta modalidade de som crie a sensação de que faltam pormenores que chamem a atenção e cativem especialmente o ouvinte. Sendo a sonoridade agradável, não se destaca de muitas outras aventuras pop que proliferam mundo fora.

Aproveitando a deslocação até à Rua das Portas de Santo Antão para reconfortar o estômago, fomos presenteados com uma actuação surpresa dos Meute em plena rua, que rapidamente juntou diversos curiosos, incluindo por certo pessoas que nem estavam no local devido ao SBES. Um jantar com banda-sonora bem ritmada e bem-disposta para ajudar à digestão.

O Coliseu foi, mais uma vez, a sala maior do festival e a estreia do mesmo coube a Sinkane. Depois de um excelente concerto no SBSR 2015, o músico americano-sudanês merecia mais público, ou pelo menos um horário mais tardio. Sempre com os pés assentes em África, a música de Sinkane agrega uma miríade de géneros, mantendo a qualidade como bitola que a atravessa. Com um olhar cada vez mais político, especialmente alimentado pela situação conturbada que o seu Sudão vive, Sinkane faz da sua música colorida uma flama para chamar a atenção de todos para tal problemática.

Marinho era o nome que se seguia na rota que tínhamos planeado, daí que tenhamos regressado prontamente ao Maxime. Filipa Marinho está num óptimo momento de forma, com as canções do seu estreante “ ~ ” na ponta dos acordes, havendo ainda tempo para uma saborosa versão de «I’m On Fire», do patrão Springsteen, e para um dueto com a amiga Cat Falcão. Teria sabido muito bem assistir ao concerto na íntegra, mas o desenrolar dos concertos nem sempre o permite.

Num autêntico movimento à bumerangue, retornámos ao Coliseu para o nome maior do dia inaugural do SBES: Michael Kiwanuka. Se na sua primeira aparição da Avenida da Liberdade, em 2012 ainda sob a designação de Mexefest, Kiwanuka vinha embalado pelo êxito «Home Again», nesta ocasião grande parte do interesse foi certamente criado pelo genérico de “Big Little Lies”. Porém, o timing deste concerto ganhava ainda mais importância dado o lançamento extremamente recente do terceiro álbum denominado precisamente “Kiwanuka”. E a performance do britânico foi dividida de forma quase matemática entre o material novíssimo e as canções dos discos anteriores, que surgiram numa espécie de recta final. O que nos apraz concluir é que o material de Michael Kiwanuka parece ficar mais interessante a cada passo da sua carreira, sem que isto belisque minimamente o que vai ficando para trás. Felizmente vem aí concerto em nome próprio para podermos aquilatar tudo isto mais pormenorizadamente.

Quem também tem um trabalho de estúdio bastante recente são os Ganso, que libertaram “Não Tarda” em meados de Setembro. Tanto assim é que o concerto na Estação do Rossio, ou Sala Rádio SBSR se preferirem, foi a segunda vez que as novas composições foram tocadas em Lisboa. Pese embora a qualidade do som deste palco nunca ser a melhor, o colectivo foi logrando debitar com qualidade a sua onda agradável, sempre com uma óptima disposição em palco, que acaba por conquistar mesmo o público mais amorfo. Estão preparados para a estrada onde catapultarão o referido disco.

Manda a lei do SBES que a noite seja encerrada no Coliseu dos Recreios, para onde todas as combinações de horários desembocam nas horas mais tardias do festival. Por ali o DJ set sob a responsabilidade dos brilhantes Friendly Fires nunca atingiu a qualidade e intensidade dos concertos da banda. Ainda que essa fasquia fosse elevada, esperava-se mais do que um banal registo de clubbing, em especial para o nível de actos com que este festival tem fechado as suas noites nos anos mais recentes.



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