Supernada @ Santiago Alquimista
Manel, um herói sempre às ordens.
Manuel Cruz veio a Lisboa apresentar o seu herói de BD transmutado em projecto musical: Supernada. Além dos companheiros da nova aventura (guitarrista Rui Lacerda, baixista Miguel Ramos, baterista Francisco Fonseca e teclista Eurico Amorim, resgatados dos Pluto, Insert Coin e Mesa), o vocalista dos Pluto e ex-líder dos Ornatos Violeta, subiu ao palco do Santiago Alquimista coadjuvado por uma muleta qual alter ego de Supernada, o herói destemido que não descura a sua missão qualquer que seja a sua condição. E que valentia e vigor melodioso trazia na bagagem…
Para uma banda supostamente estreante e sem discos editados, apresentar 18 canções ao vivo é no mínimo surpreendente. A surpresa é atenuada se acrescentarmos que o projecto já existe desde 2002 e, segundo as palavras dos seus membros, foi por opção que nunca editaram um registo discográfico. Acrescente-se ainda que os moços já haviam actuado ao vivo anteriormente em palcos nortenhos. Aliás, diga-se em abono da verdade que à medida que o público do alquimista ia demonstrando a sua crescente familiaridade em relação aos temas tocados pelo quinteto, mais nos confundia as ideias.
A confusão foi-se dissipando e, pela orientação dos acontecimentos na sala lisboeta, logo percebemos que a legião de fãs do Manel tem vindo a crescer e parece decidida a não perder pitada do seu rumo. E com o consentimento do ídolo (o próprio fez referência ao facto no palco lisboeta) vão difundindo pela internet as bootlegs destas aparições públicas dos Supernada.
O culto anda aí, resta saber se de tanta faísca sairá fogo. Pelo que assistimos no Sábado passado, estes Supernada arriscam-se a tornar-se superbanda. A abrir “Sonho de Pedra” e “Irreal” davam indícios de um rock pujante, acelerado, directo e com um fraquinho pelas evasivas funk. Sentia-se algo de Pluto no ar, mas a referência mais presente estava uns anos mais atrás. Serão estes os amigos do monstro?
Seguem-se “Eu Vou-te Deixar” e “Novos Planos”, a pender para uns Queens of the Stone Age e Foo Fighters. Depois há o lado melódico que encontra ponto de abrigo em “Sempre Meu”, “Janela”, “Meteorito”, “Nova Estrela” e a “A ver Vamos”, esta última com direito a samplers de acordeão e cítara. Com o encore vem o surrealismo recital com Manuel Cruz e a sua lista de compras em “O Preço das Uvas”. O segundo encore arrancado a ferros, pois “não há mesmo mais músicas” (defendia o homem muleta), resguarda para o fim da noite no alquimista o tema “Pode Ser Bom”, cujo título parece pressagiar o capítulo que se segue.
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