Foto01

Sushi Café Avenida

Um restaurante de sushi out of the box

A expectativa era grande, mesmo antes de entrar no Sushi Café Avenida. Tinha como referência os momentos de absoluta alegria aquando das minhas paragens no Asian Lab, no Mercado da Ribeira, para comer aquelas que são as minhas gyosas preferidas da cidade: o casamento da massa tenra com a base crocante (por serem grelhadas) dão um sabor fenomenal ao ravoli japonês, que é ainda mais interessante graças à textura leve daquela farofa de sesamo que o acompanha e que lhe acrescenta um sabor ainda mais distinto. Há que tirar o chapéu: não é comum saborearmos gyosas como estas. Bem, lá fui eu. Munida de boas razões para acreditar no sucesso deste jantar, já que o Asian Lab faz parte do mesmo grupo do restaurante.

O amuse bouche começa aqui

Entrei um bocadinho nervosa. Esta coisa das expectativas às vezes não é fácil de gerir. Fui recebida de forma simpática – o que, aliás, caracteriza toda a equipa do restaurante – e conduzida até ao lugar. Não melhorou: as expectativas ficaram mais elevadas e comecei a adivinhar uma noite muito classy e descontraída, mesmo a calhar depois de um dia de trabalho. A culpa foi toda da decoração, que não podia ser o melhor cartão de visita deste espaço. Ambiente a meia luz e dois tipos de decoração distintos, mas igualmente elegantes – um mais futurista, com uma parede ondular branca e neon cor-de-rosa e outro com pinturas de cerejeiras, tipicamente japonesas. Um dos restaurantes com decoração mais bonita e sofisticada, que quase valia a pena a visita só pelo interior. Mas não se preocupem, senhoras e senhores… sofisticação, aqui, não é só para inglês ver.

Lá vamos nós tirar o chapéu outra vez

Sofisticação, criatividade, variedade e qualidade. Um marco para quem procura um pouco mais da oferta dos restaurantes de sushi mais comuns em Lisboa: inovações para além da fusão comum com fruta ou atum, salmão e peixe manteiga. Da cozinha – a cargo do Chefe Daniel Rente – saem verdadeiras pérolas que põem este restaurante na lista dos mais cobiçados na cidade.

Entradas simples, mas saborosas, para começar: as gyosas de frango com alho francês e farofa de sesamo, como não podia deixar de ser – e sim, estavam igualmente maravilhosas –; sashimi de atum braseado com nabo picado e cebolinho, acompanhado de molho de soja com citrinos; e espetadas de frango com molho teriyaki. Todos simples, mas como manteiga na boca. E não estou a falar do peixe. Estou mesmo a falar da textura, que de macia nos massaja os sentidos. O molho de soja com citrinos acrescentou alguma acidez ao acompanhamento, que casou muito bem com o atum e o molho teriaky do frango estava no ponto (embora eu achasse que veio em pouca quantidade).

Segunda ronda, o o’live twist, um maki (rolo de arroz de sushi) de carapau, atum, rúcula e espargos verdes, com um topping de azeitona preta picada e cebola roxa confitada. Sabor do carapau bastante evidente, juntamente com o sabor intenso da azeitona e da cebola confitada. Boa conjugação de sabores. E depois o sashimi de pregado (peixe branco comum na costa atlântica da Europa), servido numa cama de gelo – que deu muita frescura ao peixe – e lima, que lhe deu um toque final e prolongado de acidez.

As sugestões mais inovadoras chegaram a seguir (que fazem parte do sushi bar experience), com a apresentação dos niguiris (peixe fatiado sobre arroz de sushi). O niguiri de salmão com côco ralado, original mas que não foi o vencedor (o sabor é subtil demais e não se pode molhar na soja, para não perder totalmente o sabor); o niguiri de atum com maionese kimchi, que deu um agradável toque picante ao atum e me fez mudar de ideias relativamente ao sabor que se pode ter quando se junta maionese e peixe; e o niguiri de barbatana braseada de pregado com sumo de lima, ovas de salmão e coentros, sem dúvida o melhor, não só pela apresentação – imaginem uma pequena barbatana à vossa frente – mas porque junta o salgado das ovas, a acidez da lima e o sabor incrível dos coentros (que ficam soberbos em sushi e não são utilizados tantas vezes assim).

E, agora, o prato que me tiraria do sofá num Domingo chuvoso, mesmo que morasse na outra ponta da cidade: trata-se do bacalhau negro cozinhado a baixa temperatura, sobre uma cama de migas de feijão frade e ervilha de quebrar (nada mais, nada menos do que ervilha em vagem). Três palavras: Di-vi-nal! Sabores espectaculares, com especial relevância para a textura do bacalhau e para o sabor da ervilha salteada.

O final da refeição levou-me directamente para o Japão, acrescentando muitos pontos à experiência: bolo de chocolate com uma bola de gelado de chá verde, que sabia mesmo a chá verde japonês (o chá verde – a bebida – não foi a melhor experiência e tinha-me deixado um bocadinho desiludida) e me deixou de sorriso na cara, com memórias de terras nipónicas.

Terminou a refeição. Eu, como acontece sempre em restaurantes que gosto, fiquei com ganas de comer mais. Repetia as gyosas, mas agora queria ir para além disso: queria conhecer, experimentar, deixar surpreender-me (vê a vasta carta do Sushi Café aqui). Estava satisfeita: as expectativas não foram defraudadas.

Morada: Rua Barata Salgueiro, 28

Telefone: 914 859 526

Horário: Seg. a Qua. | 12h30-15h; 19h30-24h; Qui. | 12h30-15h; 19h30-01h; Sex. E Sáb. | 12h30-15h; 19h30-03h

 

Fotografia de Pedro Rodrigues



There are no comments

Add yours

Pin It on Pinterest

Share This