SW TMN | Sábado, 4 de Agosto de 2012
Orelha Negra e The Roots destacavam-se dos demais no alinhamento de Sábado
É Sábado. Estamos no princípio de Agosto em plena na Costa Vincentina. O Sol brilha e na Herdade da Casa Branca, ali bem perto da Zambujeira do Mar, o Sudoeste está a decorrer. Porque não dar um saltinho até lá para ver o que se passa? Parece um bom plano.
O cartaz já viu anos de maior riqueza, é certo (não são três ou quatro nomes fortes que tornam um cartaz grande), mas continua a haver nomes suficientemente interessantes para gerar mobilização e Orelha Negra e The Roots destacavam-se dos demais no alinhamento de Sábado.
A entrada no recinto, que parece que vê a sua área aumentada de ano para ano, é feita perto das 20h. Já Mary B actuava no palco Groovebox para uma multidão de… 10 pessoas? Não eram muitas mais, com toda a certeza. Era um cenário desolador e que assustava para o concerto seguinte, dos Orelha Negra. Optou-se por isso por dar uma volta pelo recinto para ver as “novidades”. É que o SW continua a querer ser mais do que um festival e, por muito que não me reveja no formato, a verdade é que ele funciona. No entanto continua a fazer uma tremenda confusão ver pessoas, em longas filas, e durante largos minutos, para ganhar uma mísera t-shirt ou um chapéu, enquanto decorrem concertos… São escolhas…
Antes de se rumar novamente para o Groovebox, que fica mesmo junto da entrada do recinto, faz-se uma rápida passagem pelo palco TMN onde os porto-riquenhos Calle 13 dão a conhecer o seu “hip hop reggaeton caribenho”. Sim, é isso mesmo. Muita energia em palco, de tal forma que chegam mesmo a incendiar as poucas centenas que ali estão a vê-los, mas longe, muito longe, de serem memoráveis.
O ano passado os Orelha Negra tinham dado um concerto do caraças no Alive! e este ano repetiram a faceta no SW. Sam the Kid, Francisco Rebelo, João Gomes, DJ Cruzfader e Fred foram enormes naquele palco pequeno. Um concerto irrepreensível, e que prestou a homenagem perfeita àqueles discos ou àquelas cassetes que ouvimos vezes sem conta na nossa adolescência até riscar ou partir a fita. Escutou-se Mind da Gap, Valete, House of Pain e sei lá que mais, tudo cosido como uma verdadeira manta de retalhos sonoros. Memorável! Foram enormes.
Por esta altura os Ting Tings estavam a entrar na recta final da sua actuação e pelo que deu para ver são inconsequentes… Os senhores que seguiram, os Xutos & Pontapés, terão arrastado a maior multidão da noite, porém pouco ou nada de novo ofereceram. Há anos que é assim e não parece que vá mudar. Continuam parados no tempo. E não há muito mais a acrescentar.
Os Thievery Corporation terão sido uma das surpresas da noite. Não só pelo concerto mais do que competente que deram, mas acima de tudo pela multidão que arrastaram para o palco secundário. A banda de Eric Hilton e Rob Garza tem-se reinventado sucessivamente e com isso tem conseguido renovar a sua base de seguidores. Um exemplo a seguir…
A história dos The Roots tem início em 1987. Desde então muito aconteceu. Muitos álbuns foram editados e muitos elementos entraram e saíram da banda, de tal forma que, da formação original, apenas restam Questlove e Black Thought. Mas houve algo que sempre prevaleceu sobre tudo o resto: o hip hop e a forma única como os The Roots o interpretam. A banda de Filadélfia não teve tarefa fácil. O início exigiu persistência e uma confiança inabalável em si próprios. E assim foi; canção após canção o público foi-se chegando e foi-se rendendo, mas se há coisa com que os The Roots não compactuam é com o comodismo. Assim, quando o hip hop estava interiorizado, jogaram-se ao jazz e ao rock. A forma como conjugaram o rock (Led Zeppelin) com uma sonoridade jazzistica provou, se dúvidas houvesse, que estávamos perante músicos de eleição. É como diziam ali mesmo ao lado “quando se é bom toca-se qualquer coisa”. Eu não diria melhor. A homenagem a Adam Yauch dos Beastie Boys não faltou, ao som de «Paul Revere» – como tem sido hábito nos concertos da banda – e até «Sweet Child O’Mine» dos Guns n’ Roses se ouviu. Os The Roots não tiveram um minuto de pausa e todos ganhámos com isso. A dinâmica que impuseram foi tremenda e o resultado foi um excelente concerto.
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