T-Jay

“Tonez” marca a estreia do músico.

Se radicalmente tentarmos dividir a música em dois tipos chegaremos, quase de certeza, a um conceito de originalidade e, por conseguinte, a estes dois tipos: música original e música não original. A música original é aquela que traz algo de inovador, que vem acrescentar algo à música feita até então e que, por isso, se torna estimulante. A música não original é aquela que pega em fórmulas e repete-as, o que, na maioria dos casos, não passa de um recalcamento sem senso, mas nem sempre é assim.

“Tonez”, primeiro álbum de T-Jay, inglês radicado em Portugal e que, musicalmente, é apadrinhado por New Max, dos Expensive Soul e Virgul, dos Da Weasel, pertence ao grupo da música não original. No entanto isso não se revela um problema, porque o acto de ouvir música é feito de prazer e ao ouvir este disco é esse o sentimento que obtemos.

T-Jay é cantor e rapper e tem uma voz agradável, bastante doce, na tradição da música soul. No entanto, falta-lhe um fraseado verdadeiramente apelativo, que nos faça ficar viciados na sua voz. Não arrisca grandes voos, ficando no ar a sensação que a sua voz é capaz de mais e melhor. Fica para uma próxima…

Quanto à parte musical, a produção está a cargo de New Max e isso está bem vincado nas sonoridades ouvidas. Embora com as devidas diferenças, está aqui muito do legado dos Expensive Soul: passeiam-se pelo disco o hip-hop, funk, a soul, algumas pintadas de reggae, tudo isto em modo easy listening.

Não há grande risco neste álbum; não se cede um milímetro nas fórmulas há muito exploradas. Não há lugar para um ‘oooh’ de surpresa. Não há espaço para um momento verdadeiramente marcante. E esse nível constante, de “não surpresa” é confortante. Sentimo-nos bem a ouvir o disco, de preferência se o ouvirmos no final de um dia de Verão, depois de uma visita à praia e com uma bebida refrescante pronta a ser saboreada.

Nos agradecimentos, T-Jay convoca a sua banda para continuar a fazer «sweet music, sweet music», e é isso que a sua música é: um pequenino docinho, que não faz bem nem mal, mas que adoça a boca.

“Tonez” é um bom disco quando dele não se exige muito.



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