“TAKLUB”
"Há tempo para derrubar e tempo para construir": citando Eclesiastes 3: 1-6 nos créditos finais, Mendoza reflecte sobre os obstáculos espirituais que enfrentam os esforços de reconstrução de desastres materiais e, questionando se a fé, o estoicismo e o trabalho duro ajudam quando a tragédia é tão aleatória e o sofrimento tão agudo.
Após a passagem de um tufão, o maior conhecido até à data que devastou a cidade de Tacloban, nas Filipinas, a vida de Bebeth, Larry e Erwin irá cruzar-se.
Bebeth está à procura de três dos seus filhos, e tenta identificá-los através da análise ao ADN dos corpos enterrados em valas comuns. Larry, que perdeu a esposa, encontra consolo ao aderir a um grupo de católicos devotos que carregam a cruz por toda a cidade. Erwin, com o seu irmão mais velho, procura esconder da sua irmã mais nova a morte dos pais.
Como se a perda da sua família não bastasse, uma série de acontecimentos continuará a por à prova a sua resistência, tal como a das restantes pessoas, que aguardam o momento em que poderão secar as lágrimas que fluem, lentamente.
Taklub atira-nos directamente para um extremo profundo: chamas, gritos, caos.
O filme passa-se em Tacloban, nas Filipinas e mostra o rescaldo do furacão Yolanda. A viver em cabanas improvisadas, os sobreviventes têm que reconstruir as suas casas no meio da devastação. Entre eles estão Bebeth (Nora Aunor), Larry (Julio Diaz) e Erwin (Aaron Rivera) e cada um deles está de luto por aqueles que perderam no desastre e lutam para manter a moral enquanto tentam regressar às suas vidas.
Grande parte da história é filmada para criar o efeito de “câmara à mão” ao estilo documentário, criando assim uma sensação de intimidade com os três protagonistas a serem seguidos nas suas vidas diárias. Combinado com um conjunto de performances de tirar o fôlego, esta técnica faz a ponte entre as personagens e o espectador. Filmado no meio de lama e chuva torrencial, Taklub oferece apenas uma amostra da miséria provocada pela natureza. No entanto, não são as imagens de morte e destruição as mais angustiantes mas sim os momentos entre o caos.”Há tempo para derrubar e tempo para construir”: citando Eclesiastes 3: 1-6 nos créditos finais, Mendoza reflecte sobre os obstáculos espirituais que enfrentam os esforços de reconstrução de desastres materiais e, questionando se a fé, o estoicismo e o trabalho duro ajudam quando a tragédia é tão aleatória e o sofrimento tão agudo.
O multifacetado Brillante Mendoza passou da realização de um filme de terror sobre possessão demoníaca – “Possession” (2013) – no qual criticava a concorrência voraz por audiências entre os vários meios de comunicação nas Filipinas, para um filme cheio de sensibilidade em homenagem às vítimas do tufão Yolanda que em Novembro de 2013 devastou grande parte do Sudeste Asiático. Tacloban, a cidade mais importante de Visayas Oriental e os povos em redor foram devastados deixando um número de mortos superior a 6.000 e um elevado número de desaparecidos.Mendoza mantém em Taklub o estilo de falso documentário que utilizou no seu último filme, evitando a curiosidade mórbida da tragédia e, em vez de reviver os momentos da catástrofe, prefere mostrar a transformação de um lugar que nunca será o mesmo, porque os seus habitantes não serão mais os mesmos. Desde a primeira sequência do filme existe uma crítica clara às autoridades filipinas que com os obstáculos burocráticos e falta de apoio não facilitam a atitude positiva e a motivação dos seus habitantes, atitude que é fortalecida pela fé religiosa.Taklub fala, portanto, sobre a capacidade do ser humano para suportar as maiores dificuldades que por vezes tem de enfrentar.
Título original: Taklub
Realizador: Brillante Ma Mendoza
Elenco: Nora Aunor, Ruby Ruiz, Soliman Cruz, Rome Mallari, Shine Santos, Julio Diaz, Lou Veloso, Aaron Rivera
Género: Drama
Outros dados: Filipinas, 2015, Cores, 97 min
Distribuição: Midas Filmes
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