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Tales of Berseria | Análise

O regresso da saga "Tales of" com um tema mais sombrio do que é habitual.

Tales of Berseria é um JRPG que, na Europa, chegará brevemente à PlayStation 4 e ao PC mas que já desde Agosto de 2016 havia sido lançado no Japão também na PlayStation 3, plataforma que no velho continente não conhecerá este lançamento. Este JRPG conta a história de Velvet Crowe, uma ainda jovem guerreira que é traída pelo seu mestre, Artorius Collbrande, num sacrifício necessário para parar a DaemonBlight. Esta trata-se de uma praga que durante a Scarlet Night transforma os seres humanos em demónios e que funciona como a faísca necessária para disparar a narrativa numa direcção bastante obscura, algo não muito habitual na série Tales of. Este novo lançamento funciona ainda como prequela e oferece mais contexto ao mundo de Tales of Zestiria, o jogo da saga lançado há ano e meio na PS4 e PC.

A protagonista, Velvet, é provavelmente uma grande tentativa perdida de criar uma personagem feminina forte. Na forçosa tentativa de criar uma anti-heroína, com uma forte propensão para motivos menos louváveis como a vingança, regendo-se sempre por uma noção muito própria de justiça, que não olha a meios para a alcançar, a personagem evolui pouco e vive em contraste com o pouco talento deste género de videojogos lançados no Japão, durante os últimos anos, para criar personagens femininas com profundidade narrativa. Felizmente, Velvet vem muito bem acompanhada nesta história e são as restantes personagens da equipa que trazem os melhores momentos a Tales of Berseria. Estes companheiros de armas conseguem cativar os jogadores e, acima de tudo, são complexos o suficiente para nos fazerem interessar pela narrativa principal. Apesar disso, ao longo de todo o jogo, sentimos sempre que estamos a jogar do lado errado da história, jogando claramente como os vilões desta aventura. A equipa é composta por demónios, piratas e marginalizados e acaba por ser esse o maior atractivo de Tales of Berseria. A narrativa começa com uma introdução algo lenta, mas começa a ganhar pedalada e a tornar-se mais interessante à medida que perdemos mais tempo com ela. Apesar do tom negro que a acompanha transversalmente nem sempre ser bem conseguido, a verdade é que a campanha consegue cativar o jogador a longo prazo.

A nível gráfico, as comparações com Tales of Zestiria são muito fáceis de fazer, até porque vários elementos e modelos 3D parecem ser reutilizados neste novo lançamento. Mais uma vez, com a potencialidade gráfica da PlayStation 4, até pelo que foi comprovado recentemente por Final Fantasy XV, Tales of Berseria parece ficar limitado pela “obrigatoriedade” do mercado japonês em conhecer ainda uma versão para a geração anterior de consolas. Tales of Berseria acaba por ser um título que cumpre visualmente, embora nunca impressionando. Não obstante, o potencial para conseguir algo mais está lá…

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Os combates são os melhores momentos de Tales of Berseria, como aliás é já norma na série Tales of. As transições entre exploração e combate são muito fluídas e os confrontos com os inimigos acontecem nos mesmos cenários em que os encontramos. A liberdade de movimentos das personagens da nossa equipa durante os combates parece ter melhorado em relação a Zestiria, embora o sistema de jogabilidade durante estes momentos tenha bastantes semelhanças com o lançamento anterior. Não obstante, há um conselho que devo deixar a todos os jogadores. Já que na dificuldade normal os confrontos são demasiado simples e os inimigos não apresentam qualquer tipo de obstáculo à vitória do jogador, o melhor remédio é mesmo jogar Tales of Berseria numa dificuldade acima. Aliás, toda a jogabilidade aparenta ter sido simplificada, talvez por uma necessidade que a série já começa a revelar e que é a de atrair novos tipos de jogadores.

Depois de Zestiria, este Tales of Berseria parece estar posicionado um degrau abaixo daquilo que a série Tales of parecia querer almejar com o lançamento anterior. Não obstante, o facto de criar o contexto para o mundo de Zestiria e funcionar como prequela para esse mesmo jogo será mais do que suficiente para atrair os fãs da série. A nova simplicidade das mecânicas de jogo pode também funcionar como atractivo para novos jogadores que a série tão precisa de atrair para se começar a reinventar. O grupo de personagens que acompanha a protagonista e a forma como a história ganha pedalada a partir de certo ponto são também eles atractivos para um jogo que, apesar de não ser uma obra prima, é um lançamento a ter em conta e uma boa compra para os amantes do género.



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