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Até já, Teatro Rápido!

Fechou-se a cortina.

Em Maio de 2012 ouvi falar num projecto de teatro, em Lisboa. Julgo que foi na televisão. Chamou-me a atenção o facto de se tratar de microteatro (como assim, peças em 15 minutos?) e mais ainda uma peça que se chamava falava da Alice e do país das maravilhas como um bluff – uma peça do Vicente Alves do Ó.

Teatro Rápido (TR), no Chiado. “Tenho que ir conhecer aquele espaço!” Adiei a visita, até ao último dia. Mas fui. Pedi bilhete para aquela peça. Vi. Encantei-me. Comi uma maçã (oferta da peça). Saí da sala e passei de novo na bilheteira: “desculpe, ainda tenho tempo de ver as outras peças?”, perguntei à Cátia. Ela disse-me que sim. Comprei bilhete e deliciei-me .

No mês seguinte regressei, sozinha. Revi peças na companhia de amigos. E a Cátia, da bilheteira, já me conhecia. Propus à Rua de Baixo que este projecto fosse alvo de reportagem mensal e em Julho agendo entrevista com a Andreia Madeira, para conhecer melhor o projecto. A Cátia recebeu-me, com o sorriso de sempre e sorriu ainda mais quando lhe disse: “hoje não sou cliente, hoje sou press”.

Daí em diante, a minha vida conheceu uma rotina mensal: todos os dias 1 havia estreias e ali estava eu para acompanhar o TR e para conhecer as equipas de cada projecto. Na companhia do Mário Pires registei momentos de entrevista com muitos artistas. Alguns deles são, hoje, meus amigos.

Também conquistei amigos junto da equipa do TR constituída por pessoas com grande coração e capacidade de criação. Sempre disponíveis e incansáveis para colaborar com os projectos: das muitas entrevistas que fiz, o consenso das equipas era evidente quando se falava do acolhimento da equipa TR.

Envolvi-me com este projecto de tal forma que sentia que era um bocadinho meu. Tive o privilégio de o conhecer, de o viver por dentro – e por fora, como espectadora. Consumi muito e bom teatro: e tenho a certeza que o TR abriu o apetite para a cultura a muita gente.

Confrontada com o anúncio do encerramento, através do comunicado de imprensa que chegou à Rua de Baixo, surge o pedido para fazer um artigo sobre esta notícia. Peço desculpas por não fazer um artigo em que me limito a contar os factos: o TR teve as suas portas abertas durante dois anos, passaram por lá [inserir número] espectadores, participaram [inserir número] artistas nos projectos… e por aí fora. Não vou reduzir este momento a números, à lógica da quantidade. O momento é maior do que isso, ainda que seja por questões de números(de falta de receitas) que o TR fecha. As portas das salas vão fechar-se, mas dentro delas – e dentro de cada um de nós que respirou, viveu, sorriu, chorou naquele espaço – ficam momentos de amizade, de (des)encontro, de emoções, de felicidade, de tristeza. De verdade. Verdade para com o teatro e a arte – acima de tudo.

Até já, Teatro Rápido.



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