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O tempo pergunta ao tempo: quanto tempo o tempo tem

O Teatro Rápido apresenta, em Setembro, quatro propostas para se sentir e pensar o tempo. A única condição é fazê-lo rapidamente

 

Já aqui apresentámos o conceito do Teatro Rápido e salientámos o papel que o tempo tem neste conceito: as peças duram cerca de quinze minutos. Podem ser quinze minutos mais ou menos fugazes ou mais ou menos eternos: tudo depende da estória que nos é apresentada e da forma como a sentimos.

Setembro é o mês do tempo e há quatro propostas diferentes para sentir os mesmos quinze minutos de tempo.

Na Sala 1, os actores Guido Rodrigues, Frederico Barata e Diogo Fialho dão corpo ao texto de Hugo Biscaia Barreiros, A Estrada. O trabalho foi pensado propositadamente para o Teatro Rápido e para os seus moldes únicos: quinze minutos (apenas?) para partilhar algo com os espectadores. Em conversa com os três actores, descobrimos que o factor proximidade com o público é uma das características deste tipo de teatro que mais apreciam. A experiência de “ter apenas quinze minutos” para colocar uma peça em cena, seis vezes por dia, tem sido intensa, um verdadeiro desafio.

Nest’A Estrada não passam carros, pelo que os espectadores não devem recear o atropelamento. Este poderá, sim, dar-se ao nível dos pensamentos e provocações que os personagens nos lançam.

“Egas, Becker e as joelheiras de Afonso Souto” é a proposta para a sala 2. Tivemos oportunidade de conversar com os actores Rafael Costa e Inês Morais e com a encenadora Susana Vitorino, que “rapidamente” nos deram conta da forma como pegaram no texto de José Mariano Neves para proporcionar quinze minutos de comédia aos espectadores.

A equipa disponibiliza um teaser no youtube que abre o apetite para uma peça onde o título causa espanto. Falaram-nos, ainda, do “drama” que é fazer comédia,sobretudo quando o tempo é tão curto para a provocação de quem está sentado, a ver a peça, como se esperasse pelo comboio, na estação.

Doce é a proposta da sala 3: Guarda Chuvas de Chocolate. Sim, esses mesmos. Luciano Gomes e Ruy Malheiro receberam-nos num espaço de memórias, para falar sobre este trabalho. A ideia foi pegar num trabalho anterior, uma peça do teatro “convencional” baseada em textos de António Lobo Antunes. Aqui, dá-se vida ao monólogo final desse trabalho. Luciano Gomes está, pela primeira vez, sozinho no “palco” do Teatro Rápido. Joana Patrício “estreia-se” como cenógrafa, criando um espaço onde chovem memórias de ontens.

Conversámos com Ruy Malheiro, que nos confessou o fascínio por este texto que bebeu dos contributos e olhares de Paulo Morgado, de Luciano Gomes, da Joana Patrício e da designer Elisa Gomes. “Guarda Chuvas de Chocolate” resulta de uma teia de encontros que tiveram lugar no espaço deste teatro à beira-Chiado plantado.

Na sala 4 podemos abrir “O Livro”; as actrizes Dina Santos, Sílvia Marques e Catarina Guimarães são as actrizes que vestem as personagens de um trabalho que já foi uma curta metragem, de António Proença Azevedo e que foi adaptado para o conceito de micro teatro.

António Proença Azevedo salienta a forma como a intensidade do conceito do Teatro Rápido conduz a uma adaptação constante por parte da equipa, por exemplo, ao público, tendo levado a equipa, em apenas três dias, a acrescentar algo ao final.

Num banco de jardim apresentam-se várias formas de viver o tempo, cruzam-se vidas diferentes, enquanto se abre e folheia um livro.

O Teatro Rápido é, também ele, um livro, onde em Setembro se disponibilizam quatro capítulos diferentes sobre o Tempo, que poderá ler e voltar a ler. De quinta a segunda feira, a partir das 18h, ali mesmo no centro de Lisboa.



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