Teenage Fanclub @ Musicbox (04.10.2023)
Numa altura em que a oferta no que a concertos diz respeito é muita, é sempre arriscado trazer uma banda como os Teenage Fanclub, no entanto foi isso mesmo que a Crowdmusic fez e, verdade seja dita, valeu realmente a pena, a todos os níveis.
No som ambiente que se faz escutar na sala mais nobre da Rua Nova do Carvalho, as guitarras vão norteando. Perto das 21h há pouca gente na sala, mas ainda há uma primeira parte, antes do prato principal.
O galês Sweet Baboo, toma o seu lugar no palco quando passam poucos minutos das 21h, apenas acompanhado da sua guitarra acústica. Stephen Black de seu nome, trouxe ao Musicbox aquele folk britânico, com uma guitarra acústica quase sempre a pender para o grave e uma voz segura.
Há canções sobre as bibliotecas de Cardiff, sobre “aquela” praia perfeita, a que nos dirigimos na primeira pessoa, sabem? Há também canções sobre levar o cão do vizinho à rua, durante a pandemia ou sobre ir com o filho num foguetão à lua. Escrever sobre o mundano e fazê-lo conseguindo tornar as canções interessantes, não é para todos. Sweet Baboo fá-lo bem e ainda por cima com uma sala em silêncio a escutar, com atenção, o registo quase antagónico ao que se seguirá.
Os Teenage Fanclub têm um som que, à primeira audição, para um ouvido destreinado (ou desconhecedor) os faz parecer iguais a tantos outros, o que não é verdade. Eles são percussores e entregam com muita qualidade, como foi possível constatar. Volvidos estes anos, a banda continua a entregar melodias contagiantes, refrões apelativos e canções com arranjos perfeitos e simples. E foi com canções pop, inteiras, completas com que a banda escocesa tomou o palco do Musicbox.
Da abertura ao som de «Tired of Being Alone», do mais recente “Nothing Lasts Forever”, editado em Setembro deste ano, para logo a seguir revisitar o mui-amado “Grand Prix”, com «About You». Logo aí ficou evidente que o Teenage Fanclub, estão bem e recomendam-se. Mais; sabem envelhecer. Aceitam-no com naturalidade e com graciosidade e ganham com isso, refletindo-se na boa disposição e descontração que reina em palco. Os escoceses tratam as guitarras muito bem. É evidente e não interessa o género ou registo musical, não sendo difícil identificar exemplos, como os Mogway ou os Frightened Rabbit.
Seguem-se «Endless Arcade», que nos leva ao álbum homónimo e «Alcoholliday» de “Bandwagonesque”, e recebido em êxtase. «Back to the Light», «I Left a Light On» e «Falling into the Sun», levam-nos de volta ao álbum mais recente, cujo título não deixa de encerrar alguma ironia, com destaque para os teclados na última destas canções, que conferem à canção uns toques de blues.
«Your Love Is the Place Where I Come From», trás a voz de Raymond McGinley para primeiro plano e é fácil imaginar como estas canções, directa ou indirectamente, influenciaram outras bandas.
A sequência que antecedeu a saída para o encore deixou os muitos fãs da banda felizes. Primeiro com «It’s a Bad World» e «I Don’t Want Control of You», de “Songs From Northern Britain», editado em 1997. Seguido de uma breve passagem por “Here” de 2016, com «I’m in Love» e «My Uptight Life» de “Howdy!”, para fechar em grande, ao som da inconfundível e antémica «The Concept».
O encore levou-nos de volta a “Endless Arcade”, com «Back in the Day», mas o verdadeiro bombom estava para o final, depois de se escutar «See the Light», canção nova, visitou-se o álbum de estreia, “A Catholic Education”, de 1990, para ouvir (e cantar) «Everything Flows», cujos versos de abertura não poderiam ser mais perfeitos; “You get older every year / But you don’t change / Or I don’t notice you’re changing / I think about it every day / But only for a little while”.
There are no comments
Add yoursTem de iniciar a sessão para publicar um comentário.
Artigos Relacionados