Teresa Gabriel

A realização de um sonho. Conheçam-no e ganhem CDs.

Passados 13 anos do seu primeiro contacto com a música, Teresa Gabriel editou finalmente o seu álbum de estreia. Todo esse tempo serviu para desenvolver o seu gosto pela música e a sua humildade tendo sempre em vista um objectivo. O culminar de todo este processo chama-se Heart-Quake e foi o motivo que nos conduziu até uma agradável conversa com esta jovem cantora.

Rua de Baixo – O teu gosto pela música surgiu muito cedo. Aos 9 anos já tocavas guitarra, aos 15 já participavas em concursos e depois apareces na compilação Optimus 2001. Como surge este teu gosto pela música e todas estas participações?

Teresa Gabriel –A minha mãe sempre adorou música e estava sempre a cantar. Ao mesmo tempo que comecei a tocar guitarra, o meu irmão começou também a aprender guitarra e bateria, pelo que íamos os dois tocando lá em casa. Mas antes disso, eu já gravava cassetes onde inventava letras e cantava por cima de instrumentais.

RDB – E todas as tuas participações em concursos surgem como?

Teresa Gabriel – Tudo começou com maquetes que eu gravava em casa, com um software muito básico, onde gravava a guitarra e depois a voz por cima e ia enviando para os concursos, sendo o primeiro o do Cadaval. O mais sério de todos foi o Optimus 2001 em que incluíram uma faixa minha na compilação. Com o desenrolar das coisas o Paulo Ventura propôs-me que trabalhássemos juntos.

RDB – Quais são as tuas influências a nível musical?

Teresa Gabriel – Gosto muito de Jeff Buckley, Jewel, fui completamente apanhada por Alanis Morissette, Cranberries, The unbelievable truth, muita World Music… gosto de vários artistas desde que sinta que há lá qualquer mensagem importante e pela sua identidade e expressão, independentemente do género que seja.

RDB – Falas da música como uma coisa introspectiva, algo que funciona como o teu escape e como forma de meditação. Achas que o sucesso e a visibilidade podem apagar um pouco essa essência?

Teresa Gabriel – Não sei… a única coisa que sei é que neste álbum consegui não subverter nada e ter a máxima liberdade criativa para fazer exactamente aquilo que queria. Acho que foi muito bom o álbum só ter saído agora e não há dois ou três anos, como era suposto, porque deu para eu desenvolver a minha humildade e fazer as coisas com o meu coração, independentemente do resultado a nível das minhas ambições. Sendo feito com o coração tudo o resto é indiferente. A maior recompensa é estares a fazer algo que te permite evoluir.

RDB – Mas tu esperas conseguir sobreviver da música. Isso é visível pelo facto de teres já desistido de dois cursos para te dedicares totalmente à música…

Teresa Gabriel – Sim. Se não puder ser cá (em Portugal), será noutro sítio.

RDB – Donde te surge a inspiração para as músicas?

Teresa Gabriel –
Acho que vem muito das minhas experiências, das viagens e das pessoas que conheço. Tocar com pessoas diferentes, em sítios diferentes… é daí que vem todo o meu crescimento musical. É algo muito intuitivo.

RDB – Achas que consegues categorizar o teu género?

Teresa Gabriel – Ainda bem que é difícil de categorizar (risos). Não gosto de me cingir a um género, nem de categorizar nada. Gosto de escrever cada música como um momento único. Compor para mim é como que um processamento de dados que já possuo e transmitir algo que tenha uma expressão genuína.

RDB – Foi por essa razão que inseriste no disco a última faixa (Mechanical Life), que foge por completo ao resto do disco?

Teresa Gabriel –
Exactamente. Para transmitir o que me surge. E mostrar que a música que me surge não tem necessariamente de pertencer ao mesmo género. Acho que tudo é válido porque vem do fluir de momentos e de experiências.

RDB – Achas que a sociedade deve ligar mais ao seu íntimo e pensar mais no que faz, em vez de ser mecânica como afirmas neste último tema do disco?

Teresa Gabriel –
Acho que sim. Que deve haver um equilíbrio que não existe na sociedade actual. Está muito virada para a ambição, para a mecanicidade, para o materialismo, para o mental… e o mental é apenas uma parte do nosso cérebro. O mundo é infinito, com montes de portas por abrir desde que não as fechemos. A nossa sociedade parece quase feudal ainda e a música pode ser uma forma de despertar a consciência das pessoas para estas questões.

RDB – Qual é para ti a verdadeira essência da vida?

Teresa Gabriel – O amor. Sem ele não há nada.

RDB – As músicas no teu álbum parecem quase short-stories introspectivas em que pareces falar directamente para quem te escuta. Tentas ensinar algo nelas?

Teresa Gabriel –
Não tento ensinar nada. Tento apenas expressar o meu ser. A letra da música “Learn from each other”, por exemplo, surgiu-me quando estava a adormecer. Acho que foi uma espécie de jorrar de algo que já se estava a processar dentro de mim. Eu tento transmitir aquilo que acho que é verdade. Se quem me ouve se identifica, melhor, mas se não se identificarem também é válido.

RDB – Como surge este nome para o álbum (Heart-Quake)?

Teresa Gabriel – Não sei. A palavra veio-me à cabeça quando ia a andar na rua.

RDB – E agora que o álbum está editado, adquire novo significado?

Teresa Gabriel –
Sim, claro. Para já, é um trocadilho com earth-quake (risos) e acho que tem muito a ver com um despojar. É como se fosse uma desistência e ao mesmo tempo um nascimento. É deixar para trás o velho e abraçar o novo, querer viver o meu sonho independentemente das consequências. É querer viver no coração, na essência e não no mental.

RDB – Como surgiu a oportunidade trabalhar com o Vald’jiu (Blasted Mechanism)?

Teresa Gabriel –
Surgiu quando eu sonhei que estava com os Blasted Mechanism em palco. Ao acordar, a primeira coisa que fiz foi mandar-lhe um e-mail e mostrar-lhe uma música, que por acaso ele não gostou. Mas gostou doutras, e passados uns meses encontrámo-nos e gravámos tudo em duas semanas.

RDB – Porquê editar com o Blitz?

Teresa Gabriel – O Blitz sempre me apoiou bastante e acho que sempre conseguiram entender o que eu queria transmitir. O Paulo Ventura, como estava a fazer essas edições com quase todos os seus projectos, para criar uma alternativa, tanto a nível de preço como de divulgação, editou também o meu desta forma. Assim o cd chega às pessoas que gostam realmente de música.

RDB – Não achas que estas edições conjuntas com revistas musicais retiram um pouco a essência do disco, acabando por banalizá-lo?

Teresa Gabriel – Depende do ponto de vista. Eu acho que acaba por ser bom para todos. Se for para as lojas e passar completamente ao lado das pessoas porque não tem a actividade promocional que merece é que acaba por perder a sua essência.

RDB – Ultimamente tem-se assistido a uma explosão de cantoras a solo. Achas que a imagem de uma mulher em palco é mais forte que a de um homem?

Teresa Gabriel – Eu acho que não deve haver essa diferença entre homens e mulheres. Realmente, antes não havia muitas mulheres no meio, mas acho que há espaço para todos. Desde que o indivíduo que está em palco esteja a fazer algo que tenha essência e que as pessoas a percebam é indiferente quem está a cantar.

RDB – Planos para o futuro? Onde poderemos ver-te em concerto?

Teresa Gabriel –
Por enquanto ainda não há nada confirmado. A partir de Novembro já haverá mais certezas.



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