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Teresa Veiga – Gente Melancolicamente Louca

Teresa vai a todas. Sem espinhas.

Depois de 7 anos sem publicar, Teresa Veiga, lançou um novo livro. “Gente Melancolicamente Louca” (Tinta da China) lê-se, não como a compilação de contos que é, mas como se Teresa fosse a personagem que atravessa cada uma das histórias, em diferentes momentos da sua vida, mesmo que pouco se saiba sobre ela e a maioria dos leitores não a conheça. O que é uma pena, num universo literário como o português, em que a generalidade dos autores se limita a seguir fórmulas já há muito cansadas.

As mulheres das suas histórias são fortes, não são feministas que procuram afirmação num mundo de homens, mas antes mercenárias das operações especiais que sabem o preço que têm de pagar para vencer a guerra, e estão dispostas a fazê-lo. Existe um sentimento trágico, que atravessa cada um dos contos, que em comum têm a elegância e a robustez de uma escrita que torna o universo de Teresa mais interessante do que qualquer simples premissa o poderia fazer. Constante presença na sua escrita parece também ser um misto de ambiente fantasmagórico próximo de Edgar Alan Poe com o estilo propositadamente displicente de um qualquer autor de cinema Nouvelle Vague, que confere um ritmo ora frio ora frenético à sua obra. Desde menções bíblicas até Sherlock Holmes, “Gente Melancolicamente Louca” alimenta-se das vastas referências da autora, sendo que tanto ela como o livro não se contentam em ficar ancorados na zona de conforto do leitor, havendo momentos em que é imperceptível se estamos na área da literatura fantástica, do policial ou do neo-realismo, porque Teresa vai a todas. Sem espinhas.

 

 



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