The Act-Ups

O novo disco e o vocalista Nick Nicotine à conversa com a RDB.

São portugueses, naturais do Barreiro, mas em Portugal mantêm-se afastados das luzes da ribalta, cenário que pode vir a alterar-se com a inesperada vitalidade que o rock atravessa, de momento, em Portugal. Contudo, em Espanha, continuam a ser uma das bandas mais respeitadas dentro do panorama rock’n’roll.

Depois de um hiato de quase três anos e após troca na bateria (Pete Pistol é o novo baterista em substituição de HellSo) os The Act-Ups acabam de lançar o segundo álbum de originais: toma emprestado o título do conceituado livro de William Blake “The Marriage Of Heaven And Hell” e é o sucessor do debutante “I Bet You Love Us Too”, o qual promoveram de norte a sul do país e pelos festivais rock mais conceituados de Espanha. E depois desse arrasador primeiro disco, as expectativas para este segundo não podem deixar de estar bem lá em cima.

O disco sai novamente com o selo da editora independente Hey Pachuco! Records e terá ainda edição em território espanhol, e logo em suporte vinil, na boa tradição do género. A responsável será a Beatnik Moon R&R Crafts.

O álbum foi apresentado no passado dia 31 de Março, no bar Louie Louie, no Barreiro, num concerto que contou com a Nicotine’s Orchestra na abertura, o projecto a solo do vocalista Nick Nicotine. Antes do diabólico concerto, Nicotine dispensou dois dedos de conversa à Rua de Baixo.

Os Act-Ups acabam de lançar o segundo álbum de originais, de seu título “The Marriage Of Heaven And Hell”. Que influência teve o livro de William Blake no resultado final?

Não teve influência absolutamente alguma no resultado final. Só escolhemos o nome depois do disco estar gravado e achámos que batia certo com o que se ouve no disco e se lê e vê no livro.

Este álbum demorou três anos e sei que passou por vários contratempos. Chegou a estar alguma vez comprometido?

Nunca esteve comprometido mas, desde o barracão onde ensaiávamos ter desabado até faltas constantes de electricidade, ruídos estranhos na sala, amplificadores queimados, falta de disponibilidade, passámos por tudo. Na realidade foram apenas dois anos e pouco, mas foram dois anos muito intensos.

O disco sai com a chancela da independente Hey Pachuco! Records e é editado em Espanha, numa versão em vinil, pela Beatnik Moon R&R Crafts. Estão de costas voltadas para a indústria discográfica portuguesa, ou assim faz mais sentido?

Não conheço a indústria discográfica portuguesa. Nunca fiz discos de outra forma, apenas sei trabalhar assim – compomos, gravamos, editamos e tocamos ao vivo. Dá algum trabalho, mas não o suficiente para precisar de ajuda. As indústrias são algo muito podre – retiram à arte qualquer sentido enquanto arte. Quem vive da “indústria da música” não tem qualquer paixão por música – tem paixão pela indústria e pelo dinheiro que ela gera.

Quão importante é para vocês esta edição do disco em Espanha?

É muito importante pois demonstra que há alguém a quilómetros de distância que ouve e gosta das nossas canções. Depois permite-nos tocar mais ao vivo por lá, que é o que nos interessa – tocar ao vivo. E sai em vinil, um LP – e nós gostamos muito disso.

O panorama rock português tem vindo a dar sinais de uma vitalidade pouco usual nos últimos tempos, com bandas como os Vicious 5 ou os Linda Martini. Poderá ser desta que os Act Ups vão, finalmente, consolidar-se no cenário rock nacional?

Acho que não.

Hellso, o baterista fundador dos Act Ups, deixou a banda há pouco tempo. Em que medida isso vai afectar a vossa música e os vossos concertos?

Não me parece que vá afectar muito – obviamente que saindo uma pessoa, com todas as suas características, algo terá mudado mas, na sua essência, o som continua o mesmo. O novo baterista, Pistol Pete [dos Big River Johnson], é muito bom e adaptou-se muito bem ao nosso som. Tem o nosso sentido de humor e isso é meio caminho andado.

De seguida segue-se a promoção do novo disco, com alguns concertos já marcados. O estrangeiro volta a ser um destino?

Sim, sempre! Estamos a marcar duas semanas de concertos na Europa neste momento. Devemos arrancar em Barcelona e subir até batermos com a cabeça nalgum país nórdico.

Sei também que o Nick Nicotine tem, actualmente, um novo projecto, a Nicotine’s Orchestra, que vai inclusive abrir o concerto de lançamento de “The Marriage Of Heaven And Hell”. Quer falar-nos um pouco dele?

É um projecto a solo… estou lá eu e toco música para as pessoas dançarem. Neste momento toco órgão, harmónica, guitarras, bombo, tarola, pratos de choque e, num tema, bato palmas. Soa a punk rock mal gravado – daquele que só se ouvem as guitarras, a tarola e o bombo – com um toquezinho de blues e soul. Vou tocar no lançamento do disco dos Act-Ups porque me dou relativamente bem com eles.



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