The Cinematic Orchestra @ Aula Magna
2 de Abril.
Algures entre a improvisação jazz e a música electrónica, as canções dos Cinematic Orchestra foram, em tempos, brilhantes. Agora, são menos boas, mas ainda se recomendam quanto baste. Ao vivo, foi-se alguma magia, mas continua a haver quem os venere. A Aula Magna que o diga…
Sala cheia, com algumas dezenas de espectadores forçados a assistir de pé ao concerto. Ambiente quente, intimista, para o enésimo regresso dos britânicos Cinematic Orchestra a Portugal, o primeiro para apresentar “Ma Fleur”, o mais recente de originais do grupo liderado por Jason Swinscoe, outrora responsável pela editora independente Ninja Tune (vénia!).
O problema dos Cinematic Orchestra reside precisamente na sua maior virtude, paradoxo aparente, realidade por demais evidente. Os músicos são todos bons, muito bons, pairando no apenas reservas quanto à voz da cantora Heide Vogel e à sua pertinência no meio de tudo isto. Os músicos são bons, voltando atrás, competentes, seguros… todavia demasiado presos. Mesmo durante alguns solos e momentos menos evidentes tudo parece previsível em demasiado, o que fez de algumas secções do espectáculo uma viagem meio caminho entre o sonho e o… sono.
Os temas de maior destaque foram, evidentemente, os referentes aos primeiros discos do grupo, «Motion» de 1999, e «Every Day», de 2002. Ora, sendo que boa parte deste repertório foi apresentado na recta final do espectáculo, importa também questionar a gestão de alinhamento do grupo para o espectáculo lisboeta, que demorou demasiado tempo a arrancar, pese embora a vontade latente no público.
Nos melhores momentos, como se viu na última mão cheia de canções do espectáculo da Aula Magna, os Cinematic Orchestra são um grupo que faz sonhar, que cria filmes imaginários (não é por acaso o nome do grupo) com música de elevado gabarito como parceira de crime. Pena não aguentarem uma hora e meia sempre pautada pela mesma bitola – e pena maior é verificar, pelos últimos andamentos em disco, que o futuro não promete muito melhor que isto. Pode ser que estejamos todos enganados (fingers crossed).
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