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“The Master – O mentor”

Who is the Master? We need a master?

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Com grandes expectativas para este filme, Joaquin Phoenix fez as honras da casa. Quem é este homem? O incrível? O que quer que seja ficou aqui evidenciado, este é um dos melhores actores da actualidade, sem ponta de dúvida. Um desempenho esplêndido e assombroso realizado por Joaquin.

Ainda dentro dos louros de elite, destaca-se o trabalho excepcional de Mihai Malăimare, Jr, o director de fotografia, dos melhores que por aí andam. A proximidade de campo, o controlo do foco e a profundidade de campo conseguida, são exemplos do que Mihai conseguiu neste filme. Deixa-nos arrepiados na cadeira, com as imagens agarradas à alma e com a noção de que o que estamos a ver é bom; são duas horas de arraso visual.

“The Master – O mentor” é a sexta longa-metragem do realizador Paul Thomas Anderson. Neste filme, Paul, expõe duas realidades típicas norte-americanas dos anos 50, aliás, exageradamente típicas. Uma é o pós-Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos, em que os soldados retornavam para casa sem rumo, traumatizados e sobretudo maníacos, depois de uma guerra dura, suja e nojenta.

O filme começa em grande, numa praia paradisíaca de fazer inveja, povoada por um grupo de soldados da marinha. Estes, privados à luxúria, esculpem mulheres de areia e fornicam-nas. Sente-se a tortura física e psicológica a que estão sujeitos, foi muito tempo sem curvas e calor humano.

É nestas fornicações, eh marine!, que conhecemos Freddy, interpretado por Joaquin Phoenix. Vindo de uma guerra sangrenta, apresenta desde o início uma personalidade bastante afectada, só vê órgãos genitais à frente, pussy, pussy, pussy, é alcoólico perdido e, para além disso, um grande químico, pois é ele que prepara as suas próprias bebidas, elixires para o espírito, de bom gosto. Freddy está literalmente perdido na vida, não se aguenta em nenhum emprego, é o chamado peixe fora de água, um desencaixado na sociedade. Com as misturas que ingere nas bebidas de autor, desenvolve uma personalidade irascível, mas muito fogosa.

A segunda realidade exposta neste filme é mais ou menos a origem de cultos e seitas. Dizem que é a exploração do famoso culto de Hollywood, praticado por Tom Cruise, a Cientologia. Apesar de no filme receber o nome de “A Causa”, o mentor é o actor Philip Seymour Hoffman (The Master), cuja representação merece palmas também. Este acolherá Freddy, que será a sua cobaia, o seu objecto de estudo, para pôr em prática as suas teorias da treta. A relação entre eles é estranha, e para ajudar à molhanga ainda surge a família do Mentor; medo. Tudo é sinistro, digno da envolvente do coração de uma seita. Muito sinceramente, poupem-nos a filosofias baratas se fazem favor.

Tanto Joaquin como Philip brindam o espectador com o íntimo acto de um manus e turbari (esfregar com as mãos), em diferentes tempos. Se a memória não falha, acontece precisamente na ausência de som, de uma banda sonora que ficou a cargo de Jonny Greenwood, o famoso guitarrista dos Radiohead. Fazem também parte desta banda sonora quatro clássicos norte-americanos dos anos 50, tais como, «No Other Love» de Jo Stafford ou «Get Thee Behind me Satan» de Ella Fitzgerald.

Já perto do fim, o Mentor diz a Freddy: “Se encontrares maneira de viver sem um Mestre, qualquer Mestre, então avisa-nos, por que serias o primeiro da história do mundo”, e esta é a frase bombástica de remate que nos deixará a pensar, depois de duas horas de espírito entretido. Who is the Master? We need a master?

Por último, porque este é um dos filmes do ano que poderá ser esquecido à velocidade da luz, recordamos o riso constante e enlouquecido de Joaquin Phoenix, no mínimo soberbo e que ainda vibra na memória. A violência exprimida pelos seus poros é genuína e escaldante, as costas encurvadas são angustiantes, reflexo de um sentimento de culpa corrosivo. Encontramos aqui um Joaquin envelhecido e esquelético, resultado de uma boa caracterização e representação.



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