The Unplayable Sofa Guitar
Uma visão alternativa da música tradicional norte-americana.
Depois de um interregno editorial de 2 anos, entre os quais o projecto participou em diversas compilações, o projecto do mentor da Bor Land, Paulo Miranda, está de regresso com um disco novo e uma sonoridade mais madura e sedutora. “Rocky Grounds, Big Sky” já está disponível para todos aqueles que sonham com uma América poeirenta, montanhosa e cheia de musicalidade e tradição.
Depois de um álbum de estreia bastante coerente e corajoso perante o panorama nacional, este novo registo vem confirmar a vertente country do projecto. Continuando fiel ao formato de canção, a banda coloca na música produzida um enorme conjunto de elementos, dando assim razão a quem os coloca na prateleira da música “alternativa” nacional.
Com uma voz feminina assombrosa, forte e bastante elegante, que acompanha praticamente todas as faixas deste novo álbum, as canções ganham uma outra dimensão com a utilização de sintetizadores, computadores, guitarras eléctricas e acústicas, banjos e alguns pormenores interessantes de slide-guitar. Por tudo isto, podemos considerar que os The Unplayable Sofa Guitar são um projecto de country alternativo, muito especial.
A visão da música americana presente neste disco surge através do imaginário de Paulo Miranda, que nunca pretendeu ser fiel à realidade, mas sim às suas expectativas. Durante as 11 faixas que compõem “Rocky Grounds, Big Sky”, somos transportados para uma América desenhada e elaborada à medida, com claras influências musicais country, mas com uma grande independência a nível lírico e obviamente musical.
Ao começar a ouvir este disco, somos logo colocados no deserto americano para nunca mais de lá sair. As referências às montanhas, cabanas, cidades fantasma e armas são claras nas letras que acompanham as músicas, todas elas interpretadas pela excelente voz de Ana Figueiras que, com o decorrer do tempo, pode se tornar um pouco monótona e cansativa.
O álbum aborda temas como o amor e o ódio (“Unless…”), bem como a saudade e a melancolia (“Halford’s excuses” e “Could be you”). Temas que podiam ser tocados à volta de uma fogueira numa qualquer montanha rochosa, ou no meio da planície norte-americana.
Devido à coerência apresentada em todo o disco, é praticamente impossível encontrar um momento alto que mereça ser destacado. Este é daqueles registos que merece ser ouvido e apreciado do princípio ao fim e, se possível, mais do que uma vez.
De notar a participação agora a full-time de Francisco Silva aka Old Jerusalem na banda que, para além de ser uma mais-valia em estúdio, vai consolidar as prestações ao vivo.
Só de uma assentada, a Bor Land edita dois dos álbuns mais interessantes da música portuguesa do início deste ano (não esquecer o novo de Old Jerusalem, “Twice the Humbling Sun”, em total destaque nesta edição da rua de baixo), um bom indicador para os meses que se seguem.
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